Discurso do Santo Padre Francisco pronunciado na visita ao Hospital São Francisco
Rio de Janeiro, 25 de Julho de 2013
Apresentamos as palavras do Santo Padre Francisco
pronunciadas durante sua visita ao Hospital São Francisco de Assis na
Providência de Deus (Hospital da Venerável Ordem Terceira da
Penitencia\VOT) realizada na noite de quarta- feira, 24 de Julho.
Senhor Arcebispo do Rio de Janeiro,
Amados Irmãos no Episcopado
Distintas Autoridades,
Queridos membros da Venerável Ordem Terceira de São Francisco da Penitência,
Prezados médicos, enfermeiros e demais profissionais de saúde,
Amados jovens e familiares, boa noite!
Amados Irmãos no Episcopado
Distintas Autoridades,
Queridos membros da Venerável Ordem Terceira de São Francisco da Penitência,
Prezados médicos, enfermeiros e demais profissionais de saúde,
Amados jovens e familiares, boa noite!
Quis Deus que meus passos, depois do Santuário de Nossa Senhora
Aparecida, se dirigissem para um particular santuário do sofrimento
humano, que é o Hospital São Francisco de Assis. É bem conhecida a
conversão do Santo Patrono de vocês: o jovem Francisco abandona riquezas
e comodidades para fazer-se pobre no meio dos pobres, entende que não
são as coisas, o ter, os ídolos do mundo a verdadeira riqueza e que
estes não dão a verdadeira alegria, mas sim seguir a Cristo e servir aos
demais; mas talvez seja menos conhecido o momento em que tudo isto se
tornou concreto na sua vida: foi quando abraçou um leproso. Aquele irmão
sofredor foi «mediador de luz (…) para São Francisco de Assis» (Carta
Enc. Lumen fidei, 57), porque, em cada irmão e irmã em dificuldade, nós
abraçamos a carne sofredora de Cristo. Hoje, neste lugar de luta contra a
dependência química, quero abraçar a cada um e cada uma de vocês -
vocês que são a carne de Cristo – e pedir a Deus que encha de sentido e
de esperança segura o caminho de vocês e também o meu.
Abraçar, abraçar. Precisamos todos de aprender a abraçar quem passa
necessidade, como fez São Francisco. Há tantas situações no Brasil e no
mundo que reclamam atenção, cuidado, amor, como a luta contra a
dependência química. Frequentemente, porém, nas nossas sociedades, o que
prevalece é o egoísmo. São tantos os “mercadores de morte” que seguem a
lógica do poder e do dinheiro a todo o custo! A chaga do tráfico de
drogas, que favorece a violência e que semeia a dor e a morte, exige da
inteira sociedade um ato de coragem. Não é deixando livre o uso das
drogas, como se discute em várias partes da América Latina, que se
conseguirá reduzir a difusão e a influência da dependência química. É
necessário enfrentar os problemas que estão na raiz do uso das drogas,
promovendo uma maior justiça, educando os jovens para os valores que
constroem a vida comum, acompanhando quem está em dificuldade e dando
esperança no futuro. Precisamos todos de olhar o outro com os olhos de
amor de Cristo, aprender a abraçar quem passa necessidade, para
expressar solidariedade, afecto e amor.
Mas abraçar não é suficiente. Estendamos a mão a quem vive em
dificuldade, a quem caiu na escuridão da dependência, talvez sem saber
como, e digamos-lhe: Você pode se levantar, pode subir; é exigente, mas é
possível se você o quiser. Queridos amigos, queria dizer a cada um de
vocês, mas sobretudo a tantas outras pessoas que ainda não tiveram a
coragem de empreender o mesmo caminho de vocês: Você é o protagonista da
subida; esta é a condição imprescindível! Você encontrará a mão
estendida de quem quer lhe ajudar, mas ninguém pode fazer a subida no
seu lugar. Mas vocês nunca estão sozinhos! A Igreja e muitas pessoas
estão solidárias com vocês. Olhem para frente com confiança; a travessia
é longa e cansativa, mas olhem para frente, existe «um futuro certo,
que se coloca numa perspectiva diferente relativamente às propostas
ilusórias dos ídolos do mundo, mas que dá novo impulso e nova força à
vida de todos os dias» (Carta Encícl. Lumen fidei, 57). A vocês todos
quero repetir: Não deixem que lhes roubem a esperança! Não deixem que
lhes roubem a esperança! Mas digo também: Não roubemos a esperança, pelo
contrário, tornemo-nos todos portadores de esperança!
No Evangelho, lemos a parábola do Bom Samaritano, que fala de um
homem atacado por assaltantes e deixado quase morto ao lado da estrada.
As pessoas passam, olham, mas não param; indiferentes seguem o seu
caminho: não é problema delas! Quantas vezes nós dizemos: não é um meu
problema! Quantas vezes olhamos para o outro lado e fingimos que não
vemos. Somente um samaritano, um desconhecido, olha, para, levanta-o,
estende-lhe a mão e cuida dele (cf. Lc 10, 29-35). Queridos amigos,
penso que aqui, neste Hospital, se concretiza a parábola do Bom
Samaritano. Aqui não há indiferença, mas solicitude. Não há
desinteresse, mas amor. A Associação São Francisco e a Rede de
Tratamento da Dependência Química ensinam a se debruçar sobre quem passa
por dificuldades porque vêem nestas pessoas a face de Cristo, porque
nelas está a carne de Cristo que sofre. Obrigado a todo pessoal do
serviço médico e auxiliar aqui empenhado! O serviço de vocês é precioso!
Realizem-no sempre com amor; é um serviço feito a Cristo presente nos
irmãos: «Todas as vezes que fizestes isso a um destes mais pequenos, que
são meus irmãos, foi a mim que o fizestes» (Mt 25, 40), diz-nos Jesus.
E quero repetir a todos vocês que lutam contra a dependência química,
a vocês familiares que têm uma tarefa que nem sempre é fácil: a Igreja
não está longe dos esforços que vocês fazem, Ela lhes acompanha com
carinho. O Senhor está ao lado de vocês e lhes conduz pela mão. Olhem
para Ele nos momentos mais duros e Ele lhes dará consolação e esperança.
E confiem também no amor materno de Maria, sua Mãe. Esta manhã, no
Santuário da Aparecida, confiei cada um de vocês ao seu coração. Onde
tivermos uma cruz para carregar, ao nosso lado sempre está Ela, nossa
Mãe. Deixo-lhes em suas mãos, enquanto, afectuosamente, a todos abençoo.
Obrigado!
in
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