Um jovem que se prepara para uma Igreja perseguida
Actualizado 14 de Julho de 2013
Efe / ReL
O jovem chinês Tomás Zhang sonha com voltar à República Popular, uma vez que seja ordenado sacerdote em Espanha, e ser "um pastor" da igreja clandestina, pese o risco de perseguição e a ameaça de terminar na cadeia.
Zhang, que participou em Burgos na Semana de Missiologia dedicada à "Igreja perseguida", é um jovem afável de sorriso quase permanente, ainda que relutante às entrevistas e muito precavido nas suas declarações, nas quais apenas faz referência à situação política do seu país.
Católicos clandestinos
O futuro sacerdote concedeu uma entrevista à Efe na qual assinala que a clandestinidade é a realidade quotidiana de parte da comunidade cristã na China, cujo governo permite a prática religiosa só com pessoal reconhecido e em lugares registados junto do Gabinete de Assuntos Religiosos e debaixo o controlo da Associação Patriótica de Católicos Chineses.
Daí a diferença entre uma Igreja "oficial" e os fiéis que tratam de sair do controlo governamental para pôr-se em obediência directa do papa Francisco, formando a igreja "clandestina".
Seis anos em Pamplona
Tomás Zhang é, neste momento, diácono dessa igreja clandestina. Como mostra a foto abaixo destas linhas, foi ordenado diácono por Francisco Pérez, o arcebispo de Pamplona.
Em sete de Setembro ordenar-se-á sacerdote na capital navarra, onde leva seis anos formando-se.
Seminaristas na China, num seminário que apoia Obras Missionais |
Efe / ReL
O jovem chinês Tomás Zhang sonha com voltar à República Popular, uma vez que seja ordenado sacerdote em Espanha, e ser "um pastor" da igreja clandestina, pese o risco de perseguição e a ameaça de terminar na cadeia.
Zhang, que participou em Burgos na Semana de Missiologia dedicada à "Igreja perseguida", é um jovem afável de sorriso quase permanente, ainda que relutante às entrevistas e muito precavido nas suas declarações, nas quais apenas faz referência à situação política do seu país.
Católicos clandestinos
O futuro sacerdote concedeu uma entrevista à Efe na qual assinala que a clandestinidade é a realidade quotidiana de parte da comunidade cristã na China, cujo governo permite a prática religiosa só com pessoal reconhecido e em lugares registados junto do Gabinete de Assuntos Religiosos e debaixo o controlo da Associação Patriótica de Católicos Chineses.
Daí a diferença entre uma Igreja "oficial" e os fiéis que tratam de sair do controlo governamental para pôr-se em obediência directa do papa Francisco, formando a igreja "clandestina".
Seis anos em Pamplona
Tomás Zhang é, neste momento, diácono dessa igreja clandestina. Como mostra a foto abaixo destas linhas, foi ordenado diácono por Francisco Pérez, o arcebispo de Pamplona.
Em sete de Setembro ordenar-se-á sacerdote na capital navarra, onde leva seis anos formando-se.
Assegura que a vida de um sacerdote na China é parecida à que levaria em qualquer outro país, mas tem que trabalhar de forma secreta e muitos costumam dormir de dia e trabalhar pela noite, "quando dormem os polícias, para evitar ir para a cadeia".
Durante todo o tempo que leva em Espanha só pode voltar à China uma vez para ver um país que "está em pleno desenvolvimento e mudou muito", com uns novos dirigentes que "começaram a pensar em melhorar o nível de vida e o bem-estar dos cidadãos"
O seu sonho é regressar ao seu país nuns dois anos, quando acabe de estudar Direito Canónico, e trabalhar como todos os sacerdotes ali.
Repreender seminaristas, encerrar curas
Tomás Zhang insiste em que ser cristão na China "não traz muitos problemas". Inclusive aos seminaristas, quando são detidos, só costumam repreendê-los e convidá-los a que voltem para a sua casa e se casem.
Sem dúvida, também admite que os polícias distinguem perfeitamente os sacerdotes e se os apanham levam-nos para a prisão, não porque sejam uma ameaça mas sim porque o comunismo é ateu por princípio e o cristianismo tem a sua base no Senhor e isso "é como misturar água e fogo, não podem existir à vez".
Num país como a China, com mais superfície que a Europa, cerca de sessenta etnias diferentes e 1.400 milhões de habitantes, os cristãos não chegam aos dois por cento e neste momento há uns 180 bispos e uns 6.000 sacerdotes "ainda que é difícil saber o número com precisão, porque muitos não figuram no registo".
O diácono detalha que muitos desses religiosos são chineses, porque em Taiwan ou Hong Kong há mais missionários, mas no continente há poucos "e os que estão ali vivem escondidos"
Missas clandestinas em casas
Considera que a igreja clandestina vive de uma maneira "irregular, sem visibilidade", e precisa que também se a chame "a igreja familiar" porque celebram as missas e os sacramentos em algumas famílias que tem algum salão ou habitação grande, que se utiliza como capela.
Zhang explica na entrevista que pertence a uma família da etnia maioritária e reconhece que foram os seus pais os que lhe inculcaram as suas convicções religiosas, porque "eram duas pessoas piedosas e simples que acreditavam que um dos seus filhos seria sacerdote".
Recorda, com uma sorriso ainda mais aberta, como quando tinha seis anos a sua mãe levantava-o às quatro da manhã para assistir ao rosário e o sono que passava "no princípio, porque logo nos acostumamos".
Uma mestra especial
Aos doze anos teve uma mestra "muito religiosa", até ao ponto de que vários dos seus então companheiros de classe hoje converteram-se também em sacerdotes.
E até aos 18 essa mestra foi a sua directora espiritual, de tal modo que lhe ensinava como rezar e respondia "às dúvidas que tinham os jovens", até que chegou o momento em que o pároco do seu povoado mandou-o para um seminário clandestino.
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