Suzi Quattro, estrela pop nos anos 70, chora o menino que abortou: «Não passa um ano sem que pense nele»

«Não creio que nunca o supere», confessa

Suzi Quatro, nos seus tempos de número 1.

Actualizado 18 de Julho de 2013

C.L. / ReL

Os êxitos de Suzi Quatro chegaram na década dos 70, mas inclusive aqueles que tenham esquecido ou desconheçam esta cantora norte-americana, estabelecida desde muito jovem no Reino Unido, soar-lhe-á o que foi o seu grande êxito: Stumblin´ In, cantado em conjunto com Chris Norman, um "fixo" absoluto em qualquer colecção do pop.
Fazemos um pouco de nostalgia?

Esta quarta-feira, a cantora de Detroit, nascida em 1950, quarta de cinco irmãos, filha de italiano e húngara, concedeu uma ampla entrevista ao Daily Mail por causa da próxima estreia de um espectáculo seu em Londres. Mas na realidade serviu para fazer um rever da sua vida, marcada por um sentimento de culpa a respeito de muitas decisões da sua vida, que a entrevistadora atribui à educação católica que recebeu na sua infância.

Uma infância, por certo, que terminou insolitamente rápido. Enquanto lhe despontou o interesse pela música, quis deixar a escola e o seu pai a apoiou na decisão. Assim ela começou uma vida adulta prematura aos 14 anos em que começou a dar concertos com a sua banda longe de casa, para terminar emancipando-se aos 16 e lançando-se a percorrer o mundo em direcção do êxito. E ainda que ela não lamente essa decisão, reconhece o seu custo emocional.

Um aborto que não esquece
Os olhos enchem-se-lhe de lágrimas, relata a jornalista, quando recorda a sua relação, sendo ainda muito jovem, com um homem casado, executivo numa discográfica. Deitaram-se no dia em que ela cumpria 18 anos, ficou grávida e abortou, algo que – confessa - todavia lhe dói.

"Ter-me-ia encantado ter esse menino", afirma "com uma tristeza quase insuportável": "Não passa um ano sem que pense nele: como teria sido, que idade teria... Se – espero - chego às portas do céu, será um pecado que terei que pagar. Sinto-o muito, mas às vezes não tens opção e eu fiquei absolutamente petrificada. Anos depois todavia dói-me e não creio que nunca o supere".

Aos seus 63 anos, Suzi Quatro confessa
não ter esquecido nunca a vida
que truncou quando tinha 18.

Pensa que pesaram muito as carências da sua infância: "Não o digo como desculpa, mas perdi coisas, e talvez isso me fez tomar decisões que de outra forma não teria tomado".

Suzi recorda que, no leito de morte, afectada por um cancro de estômago e "com o coração partido", em 1991 a sua mãe se censurava a si mesma de não a ter educado de outra forma: "Disse-me que ela, secretamente, sempre tinha sabido do aborto. E que a sua maior dor tinha sido deixar-me ir a uma idade tão nova. ´Só eras uma menina... E sempre na estrada, ante tantas tentações...´, disse-me".

Outra "patada no estômago"
Suzi casou-se com o guitarrista do seu grupo, com quem teve dois filhos, uma menina (que já lhe deu um neto) e um menino. Divorciou-se ao cabo de dezasseis anos de tormentosa relação, e também se sente "culpável" por isso e recorda "como uma patada no estômago" as circunstâncias da ruptura: "Nunca esquecerei o dia em que o dissemos às crianças, que tinham nove e sete anos, que nos íamos divorciar. Subimos ao seu quarto e demos-lhes a notícia. Choraram. Recordá-lo todavia põe-me a pele de galinha".

Porque ainda que Suzi voltou a casar-se, algumas ideias as tem claras: "Tanto me dá o que digam e quem diga: todas as crianças preferem que os seus pais estejam juntos".

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