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segunda-feira, 22 de julho de 2013

Galli della Loggia, historiador ex-comunista, denúncia a «revolução anti-cristã» na Europa hoje

Editorialista no «Corriere della Sera»

Actualizado 4 de Julho de 2013

S. M.


Ernesto Galli della Loggia
“Uma grande revolução aproxima-se em silêncio do seu fim na Europa. Uma revolução da mentalidade e dos costumes colectivos que marca uma grande ruptura com o passado: a revolução anti-religiosa. Uma revolução que golpeia indiscriminadamente o facto religioso em si de qualquer confissão, mas que por razões históricas, e em concreto falando da Europa, se apresenta como uma revolução essencialmente anti-cristã”.

Assim começa um artigo escrito na primeira página do Il Corriere della Sera por Ernesto Galli della Loggia, intelectual laico italiano não conhecido precisamente pelas suas posições conservadoras.

Pelo seu interesse e actualidade, ReL recolhe nesta reportagem as principais partes deste artigo de opinião.

Galli della Loggia é um dos muitos intelectuais laicos italianos que se desvincularam do coro de acusações contra a Igreja “obscurantista” que assola hoje em dia o continente.

“As igrejas cristãs não só foram expulsas progressivamente em quase todas as partes de qualquer esfera pública minimamente relevante, [...] mas sim que, diferentemente das demais religiões, na actualidade é legítimo dirigir as ofensas mais graves e os insultos mais sangrentos contra o cristianismo”, lamenta-se.

O historiador e jornalista faz um variado elenco das diferentes ofensas que a religião cristã está recebendo na Europa:

Na Irlanda, as igrejas estão obrigadas a alugar as suas próprias salas de celebrações, inclusive para casamentos entre homossexuais;

Em Roma, durante o concerto do 1 de Maio, o cantor imitou o gesto da consagração durante a Eucaristia mas com um preservativo entre as suas mãos em lugar da hóstia sagrada;

Na Dinamarca, o Parlamento aprovou uma lei que exige à Igreja Evangélica Luterana celebrar matrimónios entre pessoas do mesmo sexo apesar de que uma terça parte dos seus ministros se tenham manifestado contra;

Na Escócia duas obstétricas católicas foram obrigadas por um tribunal a participar em abortos realizados pelos seus companheiros; o colégio oficial de médicos britânicos determinou que devem estar preparados para deixar de lado as suas crenças pessoais com respeito a alguns aspectos controversos;

Num vídeo recente de David Bowie, aparece uma cena na qual um sacerdote, depois de golpear um mendigo, entra num bordel e seduz uma monja com estigmas nas suas mãos; em Inglaterra, proibiu-se uma enfermeira de levar uma cruz no pescoço durante as horas de trabalho,

Uma pequena gráfica teve que enfrentar acções legais por negar-se a imprimir material sexualmente explícito encomendado por uma revista gay; em França, de acordo com a legislação vigente, é praticamente impossível para os cristãos manifestar publicamente que as relações sexuais entre pessoas do mesmo sexo constituem um pecado segundo a sua religião”.

E assim sucessivamente numa avalanche de casos impressionantes que se podem consultar na página web intoleranceagainstchristians.eu.

Galli della Loggia é lido sempre com atenção no Vaticano, dizem. A sua esposa é Lucetta Scaraffia, historiadora, e escreve com frequência no L´Osservatore Romano. Mantém uma estreita amizade com o seu director, Giovanni Maria Vian.

Precisamente deste periódico, entre outros, extraí os numerosos exemplos de discriminação comentados anteriormente. “É mais que suficiente para despertar o interesse de qualquer consciência liberal”, afirma Galli della Loggia.

“Neste caso não se trata tanto da Cristandade, a Igreja ou a religião, mas sim de algo muito mais importante: trata-se da liberdade. E da história. Da consciência de que liberdade religiosa na Europa representou historicamente a origem (e condição) de todas as liberdades civis e políticas”, adverte o historiador.

“Ser absolutamente livre de adorar o próprio Deus, de propagar a fé, de guardar os mandamentos, de aderir à visão do mundo e ao sentido da existência que estes definem, de praticar publicamente o culto; mas também, por suposto, de ter a liberdade de não ter Deus nem religião: assim se começou o caminho da liberdade na Europa.

Há que recordar que foi o Deus cristão?”.

Por último, o jornalista e historiador conclui: “A liberdade religiosa por um lado e a liberdade de opinião e de expressão por outro – que são os dois pilares da liberdade política - vão ao uníssono. Desde este ponto de vista, é ainda mais preocupante o facto de que hoje em dia, na Europa, em muitos lugares e de muitas maneiras, a liberdade dos cristãos pareça objectivamente em perigo de extinção”.

Pode consultar o artigo completo no Il Corriere della Sera aqui.


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