Apresentadora de TV especializada em política
Daniela Drtinova é uma popular apresentadora televisiva checa |
Actualizado 2 de Julho de 2013
P. J. Ginés/ReL
Potência sem controlo. Uma alma mística, sem formação alguma.
Assim era de menina, e de adolescente, a pequena Daniela Drtinova, que hoje é uma das jornalistas televisivas mais populares da República Checa, talvez o país mais ateu da Europa.
Vida interior mas, e Deus?
O seu pai era pintor e tinha uma intensa vida espiritual interior, mas Daniela nunca averiguou se Deus formava parte dela.
A sua mãe vinha de uma família de 9 crianças, criada na natureza, nas colinas checas de Novohradske, com uma fé "pessoal e não institucionalizada", da qual nunca falou até que a sua filha se fez cristã.
O caso é que os seus pais não só não a baptizaram, mas sim que nunca lhe falaram de temas de fé.
Em casa não havia hostilidade à religião, nem um agnosticismo militante. Mas tampouco era um ambiente no qual a pequena Daniela pudesse falar com detalhe do seu mundo interior.
Espiritualidade desde os 7 anos
Desde os 7 anos, era-lhe fácil entrar em devaneios intensos, longos pedaços voltada para os seus contos e fantasias imaginadas. Lia e sonhava acerca de anjos e ninfas do bosque, dos contos da escritora Eliska Krasnohorska.
Leu um livro do norte-americano John Irwin, "Uma oração por Owen Meany", que a influenciou toda a sua vida. O conto tratava do mundo interior de um menino, Owen Meany, "que desde a sua infância sabe que o seu destino o leva a sacrificar-se para salvar outros".
Ela, como Owen, sentia que tinha um chamado, algo especial que realizar na vida, e que está enraizado na vida interior, não no social e exterior.
"Foi como um relâmpago"
Aos 11 anos, em 1981, viveu uma experiência espiritual que descreve como "muito forte e, sem dúvida alguma, de um estado elevado, foi como um relâmpago".
Daniela não concretiza muito, mas insiste em que desde essa experiência "a minha vida interior começou a ser mais importante para mim que a exterior. Mas nessa época não entendi que isso tinha que ver com a fé".
Viveu parte da adolescência em Itália e parte numa Checoslováquia comunista, anticlerical, que se aproximava até à queda do Muro de Berlim. Para Daniela, as pessoas que iam à Igreja eram "peculiares". Como podiam partilhar as coisas espirituais, reunir-se em público, num edifício, para o sagrado? Para ela, o sagrado era íntimo: nunca o havia comentado com ninguém, não entendia que pudesse ter uma dimensão pública. Se o comentava não lhe diriam que estava louca?
Jung: pondo ordem
Foi na adolescência que leu o livro "Memórias, sonhos e reflexões", uma espécie de autobiografia espiritual de Carl Gustav Jung, um dos grandes estudiosos do subconsciente por uma via alternativa a Freud, uma via que investiga os sonhos e a sua relação com os mitos e os arquétipos. Era também uma porta de entrada para disciplinar com exercícios a sua aloucada vida interior.
Aos 18 anos, com o Muro de Berlim cambaleando, ela entendeu que toda essa "sacralidade interior" tinha que ver com Deus. Que depois dessa "chispa", essa "luz", havia uma Personalidade, uma consciência e liderança, uma Pessoa...
Entre a política... E uma santa espanhola
Estudou Direito, mas em 1993, com 23 anos, já estava trabalhando de cronista política na televisão. E depois de 8 anos explicando o que faziam os políticos da recém-nascida República Checa, já passou a apresentar um programa de entrevistas políticas.
P. J. Ginés/ReL
Potência sem controlo. Uma alma mística, sem formação alguma.
Assim era de menina, e de adolescente, a pequena Daniela Drtinova, que hoje é uma das jornalistas televisivas mais populares da República Checa, talvez o país mais ateu da Europa.
Vida interior mas, e Deus?
O seu pai era pintor e tinha uma intensa vida espiritual interior, mas Daniela nunca averiguou se Deus formava parte dela.
A sua mãe vinha de uma família de 9 crianças, criada na natureza, nas colinas checas de Novohradske, com uma fé "pessoal e não institucionalizada", da qual nunca falou até que a sua filha se fez cristã.
O caso é que os seus pais não só não a baptizaram, mas sim que nunca lhe falaram de temas de fé.
Em casa não havia hostilidade à religião, nem um agnosticismo militante. Mas tampouco era um ambiente no qual a pequena Daniela pudesse falar com detalhe do seu mundo interior.
Espiritualidade desde os 7 anos
Desde os 7 anos, era-lhe fácil entrar em devaneios intensos, longos pedaços voltada para os seus contos e fantasias imaginadas. Lia e sonhava acerca de anjos e ninfas do bosque, dos contos da escritora Eliska Krasnohorska.
Leu um livro do norte-americano John Irwin, "Uma oração por Owen Meany", que a influenciou toda a sua vida. O conto tratava do mundo interior de um menino, Owen Meany, "que desde a sua infância sabe que o seu destino o leva a sacrificar-se para salvar outros".
Ela, como Owen, sentia que tinha um chamado, algo especial que realizar na vida, e que está enraizado na vida interior, não no social e exterior.
"Foi como um relâmpago"
Aos 11 anos, em 1981, viveu uma experiência espiritual que descreve como "muito forte e, sem dúvida alguma, de um estado elevado, foi como um relâmpago".
Daniela não concretiza muito, mas insiste em que desde essa experiência "a minha vida interior começou a ser mais importante para mim que a exterior. Mas nessa época não entendi que isso tinha que ver com a fé".
Viveu parte da adolescência em Itália e parte numa Checoslováquia comunista, anticlerical, que se aproximava até à queda do Muro de Berlim. Para Daniela, as pessoas que iam à Igreja eram "peculiares". Como podiam partilhar as coisas espirituais, reunir-se em público, num edifício, para o sagrado? Para ela, o sagrado era íntimo: nunca o havia comentado com ninguém, não entendia que pudesse ter uma dimensão pública. Se o comentava não lhe diriam que estava louca?
Jung: pondo ordem
Foi na adolescência que leu o livro "Memórias, sonhos e reflexões", uma espécie de autobiografia espiritual de Carl Gustav Jung, um dos grandes estudiosos do subconsciente por uma via alternativa a Freud, uma via que investiga os sonhos e a sua relação com os mitos e os arquétipos. Era também uma porta de entrada para disciplinar com exercícios a sua aloucada vida interior.
Aos 18 anos, com o Muro de Berlim cambaleando, ela entendeu que toda essa "sacralidade interior" tinha que ver com Deus. Que depois dessa "chispa", essa "luz", havia uma Personalidade, uma consciência e liderança, uma Pessoa...
Entre a política... E uma santa espanhola
Estudou Direito, mas em 1993, com 23 anos, já estava trabalhando de cronista política na televisão. E depois de 8 anos explicando o que faziam os políticos da recém-nascida República Checa, já passou a apresentar um programa de entrevistas políticas.
Nesta etapa da sua vida adulta descobriu uma mestra que pudesse guiar os seus impulsos místicos e espirituais. Era espanhola e levava séculos morta. Era Santa Teresa de Ávila.
"Ela foi a minha guardiã e mestra do meu mundo interior. Baptizei-me com o seu nome. Li ´As Moradas ou o Castelo Interior´, e ´Caminho de Perfeição´ e a sua vida, e tudo o que tinha escrito, o que tinha vivido, era-me tão próximo! Através dela toquei muitas vezes uma fé viva. Acompanhou-me no meu caminho como se estivesse realmente presente".
Também São João da Cruz e a sua "Noite escura" iluminariam mais à frente o seu caminho e a alimentariam espiritualmente.
Assim, a espiritualidade e a Igreja Católica uniram-se para ela, e em 2003, com 33 anos, baptizou-se na paróquia de Santa Inês, em Praga.
Não é fácil ser mãe convertida
Não é fácil ser mãe católica sem ter recebido a fé na própria infância. Como transmiti-lo à sua filha Natalka, que nasceu em 2002? De facto, o seu pai - estão separados -, é protestante, e a menina também.
Mas ela a acompanha à missa às vezes. Daniela comenta como na missa todos se dão a paz e dizem "a paz contigo", mas logo em casa, quando há uma discussão, a menina recorda-lhe: "na igreja me dás a paz e aqui não me deixas tranquila!"
Também lhe diz: "mamã, estás obcecada com Jesus"... Que não é coisa má quando se é jornalista especializada em política. Daniela, que foi uma autodidacta espiritual, tenta não forçar em nada a sua filha que, diz, é de espírito teimoso.
Acção e contemplação
Hoje Daniela Drtinova entende que na Igreja se equilibram a acção e a contemplação, o activo e o passivo, Marta e Maria.
"Busco o essencial no silêncio, a concentração; ali está o Altíssimo; é o presente maior que poderia ter", escreve.
"Ela foi a minha guardiã e mestra do meu mundo interior. Baptizei-me com o seu nome. Li ´As Moradas ou o Castelo Interior´, e ´Caminho de Perfeição´ e a sua vida, e tudo o que tinha escrito, o que tinha vivido, era-me tão próximo! Através dela toquei muitas vezes uma fé viva. Acompanhou-me no meu caminho como se estivesse realmente presente".
Também São João da Cruz e a sua "Noite escura" iluminariam mais à frente o seu caminho e a alimentariam espiritualmente.
Assim, a espiritualidade e a Igreja Católica uniram-se para ela, e em 2003, com 33 anos, baptizou-se na paróquia de Santa Inês, em Praga.
Não é fácil ser mãe convertida
Não é fácil ser mãe católica sem ter recebido a fé na própria infância. Como transmiti-lo à sua filha Natalka, que nasceu em 2002? De facto, o seu pai - estão separados -, é protestante, e a menina também.
Mas ela a acompanha à missa às vezes. Daniela comenta como na missa todos se dão a paz e dizem "a paz contigo", mas logo em casa, quando há uma discussão, a menina recorda-lhe: "na igreja me dás a paz e aqui não me deixas tranquila!"
Também lhe diz: "mamã, estás obcecada com Jesus"... Que não é coisa má quando se é jornalista especializada em política. Daniela, que foi uma autodidacta espiritual, tenta não forçar em nada a sua filha que, diz, é de espírito teimoso.
Acção e contemplação
Hoje Daniela Drtinova entende que na Igreja se equilibram a acção e a contemplação, o activo e o passivo, Marta e Maria.
"Busco o essencial no silêncio, a concentração; ali está o Altíssimo; é o presente maior que poderia ter", escreve.
in
Sem comentários:
Enviar um comentário