Não há provas nem testemunhas contra o jovem paquistanês Sajjad Masih Gill
Roma, 16 de Julho de 2013
A famigerada “lei da blasfémia” continua condenando no
Paquistão. O jovem cristão Sajjad Masih Gill, de 28 anos, residente em
Pakpatan, foi condenado à prisão perpétua e a uma multa de 200.000 rupias (cerca de 4.500 reais) por um Tribunal de Primeira Instância de
Gojra, no Estado do Punjab. O veredito foi emitido em 13 de Julho e a
acusação é de “blasfémia”.
Sajjad é adventista do sétimo dia e foi acusado por líderes
religiosos islâmicos e por outras personalidades influentes de insultar o
profeta Maomé e o Islão, mediante o envio de uma mensagem de texto via
telefone celular (SMS) com “conteúdo blasfemo”. De acordo com a agência
Fides, é o primeiro caso de “blasfémia via SMS” registado pela polícia
do Paquistão.
Em declarações à Fides, o advogado católico Nadeem Anthony, que
acompanhou o caso, afirma que "um veredicto como este foi totalmente
inesperado, porque não há provas contra Sajjad Masih Gill".
O editor-chefe do Minorities Concern of Pakistan, Aftab
Alexander Mughal, enviou uma reconstituição do caso à Fides para
explicar que, em 18 de Dezembro de 2011, o comerciante de tecidos Malik
Muhammad Tariq Saleem, muçulmano residente em Gojra, teria recebido
“algumas mensagens de texto blasfemas” enviadas por um telefone celular
desconhecido. No dia seguinte, ele apresentou denúncia à polícia de
Gojra, acusando e provocando a prisão de Sajjad por blasfémia. Os
membros da comunidade cristã de Gojra afirmam que as acusações são
infundadas e que Sajjad é inocente. De facto, a acusação não conseguiu
mostrar nenhuma prova contra ele, cujo telefone celular, que foi
entregue à polícia, não conserva nenhum SMS blasfemo, nem há testemunhas
de que alguma vez ele tenha enviado algum. Sajjad Masih Gill se declara
inocente.
O advogado Mustaq Gill, da organização LEAD (“Legal Evangelical
Association Development”), explica que a mensagem poderia ter sido
enviada pelo telefone da namorada de Sajjad, Roma Ilyas, também
paquistanesa e cristã. A jovem, no entanto, estava sendo obrigada pelos
pais a se casar com Donald Bhatti, outro cristão residente no Reino
Unido. Este último, por ciúmes, poderia ter registado um cartão SIM com
o nome de Roma e depois enviado os SMS blasfemos com esse cartão para
“dar o troco” a ela e a Sajjad. Roma também foi acusada, mas, como
reside no Reino Unido, foi impossível processá-la. A acusação recaiu
apenas em Sajjad, que, depois de preso, foi pressionado com violência
pela polícia para fazer uma falsa declaração. Ele se recusou a
assiná-la.
O advogado de Sajjad, Javed Chaudhry Sahotra, sustenta que os agentes
da polícia que registaram a denúncia e trataram do caso não eram
competentes para investigar um caso de blasfémia, o que tornaria todo o
procedimento nulo. Mesmo assim, o juiz condenou Sajjad à prisão
perpétua. Os advogados de defesa pediram recurso.
A comunidade cristã dos Adventistas do Sétimo Dia está reunida em
oração por Sajjad, pela sua família e por todas as vítimas inocentes da
lei da blasfémia.
in
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