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quinta-feira, 18 de julho de 2013

Filipe e Paulo são gémeos e sacerdotes: quase os abortaram quando o aborto era legal no Chile

Foram ordenados há um ano


Actualizado 25 de Junho de 2013

ReL
Na Igreja dão-se casos de irmãs gémeos que se ordenaram sacerdotes juntos, e também casos de meninos que iam ser abortados mas nasceram e chegaram a ser sacerdotes ou bispos que ajudaram a muitas pessoas.

Os jovens Felipe e Paulo Lizama, hoje de 28 anos de idade, cumprem ambas as coisas: sacerdotes gémeos que sobreviveram à cultura do aborto.

Quando no Chile havia abortos

No Chile, seu país, o aborto foi legal debaixo o suposto "terapêutico" durante 58 anos, até que em 1989 se proibiu todo o aborto. Isso não piorou a saúde das mulheres: pelo contrário, a saúde materna do Chile é a melhor do continente americano, só por atrás da do Canadá. Chile, com uma saúde moderna e documentada, é a prova também de que não há mulheres que morram por abortos clandestinos, nem danificadas debaixo da camuflagem de septicemia ou outras complicações. E, posto que nos países vizinhos, apenas há tampouco aborto legal, as cifras não escondem chilenas que viagem ao estrangeiro para abortar.

Á minha mamã disseram-lhe que abortasse porque a guagua [o bebé] vinha mal, com três pernas, quatro braços... Mas ela não quis, optou pela vida ainda que nesse tempo se podia, já que ela estava supostamente em risco”, disse Paulo.

Como em tantos outros casos de diagnósticos equivocados, cabe perguntar-se quantos bebés foram abortados por erros de diagnóstico.

O caso é que a mamã foi recompensada pela sua aposta pró-vida, não com um menino são, mas sim com dois, idênticos, que nasceram com 17 minutos de diferença.

Crise familiar, proximidade de Deus
Isso não significa que tudo fosse maravilhoso na vida, que sempre é uma luta. Quando tinham 14 anos, a família rompeu-se. Mas isso aproximou os rapazes a Deus e a uma vida de serviço na Igreja. “Os meus papás separaram-se e isso marcou-nos muito aos dois. Como o nosso povoado era pequeno, a única coisa que havia era a igreja, assim que chegámos lá por coisas da vida”, relata.

Aos 18 anos decidiram entrar no Seminário, ainda que fosse algo que tinham decidido cada um por sua conta, sem consultá-lo entre eles. “Foi muito raro, porque eu não quis falar-lhe para não influenciar o meu irmão. Mas quando chegou o momento de ter que decidir o que íamos fazer com as nossas vidas, ambos decidimos entrar”, explicam.

No seminário punham-lhes apelidos divertidos: "os fotocópia", "os tangananica-tangananá". Foram oito anos de carreira nos quais cursaram dois de filosofia, um de experiência pastoral, um de prática e quatro de teologia no Seminário Maior São Rafael.



Sacerdotes católicos
“Foi tudo muito bonito. Na missa ungiram-nos as mãos com um óleo especial que nos converte em sacerdotes da Igreja Católica. A cerimónia foi espectacular. A igreja estava cheia de gente que nos acompanhou em distintas etapas deste processo, desde que ingressámos no seminário”, explica Paulo.

“De agora em diante cada um sente-se em plenitude. Cada um pode-se projectar como sacerdote, por muito tempo, na paróquia para que fomos designados”, afirma Felipe.

Depois de oito anos de estudo e dois de formação no Seminário São Rafael, foram ordenados sacerdotes em Abril de 2012, na catedral de Valparaíso, pelo bispo Gonzalo Duarte. Os gémeos foram destinados a diferentes paróquias: o padre Paulo em Achupallas e Felipe em Puchuncaví.

Brincadeiras de gémeos
Como costumam fazer os gémeos, continuam divertindo-se com as suas brincadeiras. “As pessoas confundem-nos e eu muitas vezes faço-me passar pelo meu irmão. O mais engraçado é ver a reacção das pessoas. É a maldade do gémeo, um mais que não podemos deixar de explorar”, reconhece o padre Paulo.

Recorda que “quando rapazes dizíamos que éramos psíquicos, eu dizia uma palavra ao ouvido a uma pessoa e meu irmão tinha que adivinhá-la. O truque é que eu mencionava algo que tinha na mão. As pessoas ficavam loucas pensando que tínhamos essa capacidade e nunca foi”.

Mas quem preste muita atenção poderá distingui-los: “Felipe é o mais velho, mas na paróquia dizem que eu tenho a voz mais forte”, afirma o padre Paulo. Além disso, um deles é canhoto e o outro destro.


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