Justo Takayama Ukon permaneceu fiel à religião católica e seus domínios serviram de refúgio para muitos cristãos perseguidos
Roma, 12 de Novembro de 2014 (Zenit.org) Ivan de Vargas
O prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, Cardeal
Angelo Amato, confirmou há poucos dias à uma delegação presidida pelo
bispo de Kyoto e presidente da conferência episcopal Japonesa, monsenhor
Yoshinao Otsuka, que o servo de Deus Justo Takayama Ukon, o senhor
feudal que renunciou as riquezas e honras para não renegar a Cristo,
poderia ser beatificado no próximo ano.
Os bispos japoneses já haviam apresentado ao dicastério presidido
pelo cardeal Amato um registo de 400 páginas, que recolhe a vida e as
virtudes heróicas deste daimio (senhor feudal). A igreja local gostaria
de vê-lo beatificado em 2015, quando cumpre 400 anos de sua morte nas
Filipinas. A resposta oficial poderia vir antes do final de 2014.
A notícia da provável beatificação fortaleceria também a ideia de uma
viagem do Papa Francisco ao Japão. O governo de Tóquio e a Conferência
Episcopal, que celebra o 150º aniversário do renascimento da "kakure
krishitan" (os chamados "cristãos escondidos") em 2015, convidaram
formalmente o pontífice argentino há alguns meses.
"Não ficou no Japão nenhum sacerdote: Todos foram expulsos. A
comunidade ficou na clandestinidade, mantendo a fé e a oração, enquanto
permaneciam escondidos”. Com estas palavras, o Santo Padre elogiou em
uma catequese sobre o Baptismo o valor dos cristãos japoneses que
sofreram perseguição no país asiático desde o século XVII até o século
XIX.
Actualmente, existem 42 santos e 393 beatos japoneses, todos mártires.
O caso de Takayama é diferente porque sua morte foi devido a doença. No
entanto, como muitos japoneses leais sofreu na carne a perseguição e
exílio.
Para o postulador geral da Companhia de Jesus para a Causas dos
Santos, Padre Anton Witwer, a vida deste nobre japonês é um exemplo de
"fidelidade à vocação cristã." "Takayama morreu no exílio devido à
fraqueza causada pelos maus-tratos em sua pátria", disse em declarações à
imprensa.
Este membro da classe governante da época nasceu em 1552, três anos
após a chegada do introdutor do cristianismo no Japão, o missionário
jesuíta Francisco Xavier (1506-1552). Quando tinha 12 anos, ao
converter-se o seu pai ao catolicismo, foi baptizado com o nome de Justo
pelo padre Gaspare di Lella.
Quando cresceu, se tornou um importante daimio e construiu a primeira
igreja de Kioto, que foi destruída anos mais tarde. Começou um
relacionamento com as personalidades mais poderosas do país, mas sempre
se manteve independente. Também se destacou como samurai ao dirigir
exércitos, sempre tentando limitar a perda de vidas, e conseguiu grandes
vitórias para o regente imperial Hideyosi Toyotomi.
Este governante começou a proibição do catolicismo e a expulsão dos
jesuítas do arquipélago em 1587. No entanto, Takayama e sua família
permaneceram fiéis à religião católica e seus domínios serviram de
refúgio para muitos cristãos perseguidos. No entanto, o novo shogun
(general no comando do país em nome do imperador) Ieyasu Tokugawa
proibiu totalmente a religião em 1614 e procedeu à expulsão de todos os
católicos.
Conhecido como o "Samurai de Cristo," Justo Takayama honrou seu
apelido e manteve-se fiel à sua fé. Deixou todos os seus feudos,
riquezas e títulos e, junto com a sua família, exilou-se nas Filipinas.
Com 62 anos, liderou o êxodo de 300 cristãos que abandonaram seu país,
para nunca mais voltar. Morreu poucos meses depois de sua chegada em
Manila por causa dos maus tratos que sofreu em sua terra natal.
Em uma praça na capital das Filipinas há uma escultura que lembra o
senhor feudal, com a cruz em suas mãos. E os lugares onde viveu, lutou e
rezou no Japão são verdadeiros destinos de peregrinação para os
católicos da Ásia.
(12 de Novembro de 2014) © Innovative Media Inc.
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