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quarta-feira, 12 de novembro de 2014

A confissão entre segredo e privacidade

O cardeal Mauro Piacenza fala dos milagres do confessionário, durante seu discurso no Congresso O Sigilo do confessionário e a privacidade pastoral, organizado pela Penitenciaria Apostólica


Roma, 12 de Novembro de 2014 (Zenit.org) Antonio Gaspari


"Quantos verdadeiros e reais milagres da graça de Deus acontecem no segredo de um confessionário, no colóquio confidencial que caracteriza a relação de acompanhamento espiritual, no íntimo do coração que embora ferido pelo mal, abre-se à verdade do amor de Deus!”.

Assim abriu hoje o Cardeal Mauro Piacenza o congresso “Os sigilo do confessionário e a privacidade pastoral”, organizado pela Penitenciaria Apostólica, no Palácio da Chancelaria em Roma.

Depois de ter lembrado que a Penitenciaria Apostólica, por costume antigo, se comprometeu a sensibilizar tanto os sacerdotes quanto os fieis leigos a redescobrir sempre de novo a importância do Sacramento da Confissão, o prelado explicou a importância da confissão, especialmente nos tempos modernos.

"A celebração deste sacramento - explicou - requer uma adequada e actualizada preparação teológica, pastoral e canónica para que todos aqueles que se aproximam do confessionário possam experimentar os efeitos pacificantes e salutares do perdão incondicional de Deus”. 

Então, “por que um Congresso logo sobre o segredo da confissão e a privacidade pastoral?" perguntou o Penitenciário maior. Para abordar claramente a questão, de acordo com o Cardeal Piacenza, é preciso dissipar rapidamente toda suspeita sobre o facto de que o sistema de sigilo que o ordenamento eclesial – como todo ordenamento jurídico tem – seja para cobrir tramas, complôs ou mistérios, como algumas vezes, ingenuamente, a opinião pública é levada ou, mais facilmente, é sugerida a acreditar.

"É claro que todo mundo tem segredos pessoais, que confia somente a pessoas confiáveis e discretas”; ao mesmo tempo – destacou o prelado – “deseja e espera que estes não sejam violados ou traídos por ingerências de terceiros ou por superficialidade ou falta de preparação".

É neste contexto que para Piacenza se encontram as razões do por que “grandes e salutares são os efeitos que com o segredo e a reserva desejam proteger e custodiar para preservar a fama e a reputação de alguém ou respeitar direitos de indivíduos e de grupos”.

"A tarefa do pároco, e de cada sacerdote - acrescentou - é a de proteger e defender a privacidade de cada pessoa, entendida como espaço vital onde se protege a própria personalidade como também os afectos mais preciosos e mais pessoais. Objectivo do segredo, tanto sacramental, como extra sacramental, é proteger a intimidade da pessoa, ou seja, custodiar a presença de Deus no íntimo de cada homem”.

Por esta razão, disse o cardeal, "quem viola esta esfera personalíssima e ‘sagrada’, realiza não somente um ato de injustiça, um delito canónico, mas um verdadeiro e real ato de impiedade”.

Antes de concluir, com a esperança de despertar os valores relacionados com o sacramento da confissão, o cardeal recordou que a Penitenciaria Apostólica é, há oito séculos, o Tribunal Apostólico nomeados para lidar com as questões relativas ao foro interno e conhece muito bem “o inestimável valor moral e espiritual do segredo sacramental, da reserva, da inviolabilidade da consciência e os seus impactos positivos na vida de cada fiel”.

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