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sábado, 1 de novembro de 2014

Halloween, entre consumismo e paganismo

São Odilo instituiu a comemoração dos Fieis Defuntos, um dia após a festa de Todos os Santos


Roma, 31 de Outubro de 2014 (Zenit.org) Ivan de Vargas


Halloween deriva da expressão "All hallow’s eve”, que em Inglês antigo significa ‘véspera de Todos os Santos’, e refere-se a esta noite, véspera da Festa de Todos os Santos. No entanto, o antigo costume anglo-saxão perdeu seu sentido estritamente religioso para manter no lugar a noite do terror, das bruxas e fantasmas. Halloween marca um triste retorno ao paganismo antigo, tendência que nos últimos anos também tem se espalhou entre os povos latino-americanos.

Hoje em dia o Dia das Bruxas é especialmente um grande negócio. Máscaras, fantasias, doces, maquilhagem e outros itens são um motor mais do que suficiente para que alguns empresários fomentem o consumo mórbido do terror. Uma cultura consumista que propicia e aproveita as oportunidades para fazer negócio, sem se importar como.

Hollywood tem contribuído para a propagação desta festa tornando-a macabra com uma série de filmes nos quais a violência gráfica e os assassinatos criam no espectador um estado de angústia e ansiedade. Estes filmes são vistos por adultos e crianças, criando medo nos pequenos e uma ideia errónea da realidade.

A actual celebração do Halloween se distancia dos valores da Igreja, colocando-se longe da comemoração dos Fieis Defuntos, com conotações nocivas e contrárias aos princípios elementares da nossa fé.

No entanto, muitos cristãos tentam converter esta festa com espírito pagão, em uma ocasião propícia para recordar com a oração os seres queridos e meditar sobre a realidade da morte, que a civilização actual procura retirar com frequência da consciência das pessoas, imersas nas preocupações da vida diária.

A prática de orar pelos mortos é extremamente antiga. Já no Antigo Testamento, no segundo livro dos Macabeus, Judas envia uma colecta à Jerusalém para oferecê-la como expiação pelos mortos em batalha. Pois, diz o escritor sagrado, é um pensamento piedoso e santo rezar pelos mortos para que sejam libertos do pecado pecado.

Desde os primeiros tempos, a Igreja honrou a memória dos defuntos e ofereceu sufrágios em seu favor, em especial o sacrifício eucarístico, e recomenda as esmolas, as indulgências e as obras de penitência em seu favor.

No século VI os beneditinos tinham o hábito de rezar pelos mortos no dia seguinte ao de Pentecostes. São Odilo, quinto abade do Mosteiro de Cluny, no sul da França, foi o primeiro que instituiu nos mosteiros da sua Ordem a comemoração dos Fieis Defuntos, no dia seguinte à festa de Todos os Santos, cujo rito aprovou e abraçou depois a Igreja Universal.

O abade de Cluny instaurou em 998 a celebração do 2 de Novembro como uma prática obrigatória em sua comunidade, que deveria oferecer esmolas, orações e sacrifícios por todas as almas do purgatório. Da mesma forma difundiu esta prática de caridade entre os fieis que o rodeavam. De lá se espalhou para outras congregações beneditinas e entre os cartuxos; a diocese de Liège adoptou-a pouco depois, e em Milão se aprovou no século XII. Começando pela Abadia de Cluny, gradualmente o hábito de intercessão solene pelos mortos, com uma celebração que São Odilon chamou de a festa dos mortos, uma prática que hoje já está em vigor em toda a Igreja.

A tradição de visitar o cemitério para rezar pelas almas dos que já partiram deste mundo, é acompanhada por um profundo sentimento de devoção, onde se tem a convicção de que a pessoa amada precisa de sufrágio eucarístico e das orações. Ao orar pelos defuntos, a Igreja contempla antes de tudo o mistério da ressurreição de Cristo que, com a sua cruz, nos obtém a salvação e a vida eterna. 

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