Padre Eduardo Robles-Gil, LC, nos conta como guiará os Legionários de Cristo e o Regnum Christi nesta nova fase da sua história
Roma, 13 de Fevereiro de 2014 (Zenit.org) Luca Marcolivio, Antonio Gaspari, Sergio Mora
Temos um papa latino-americano que, como membro da
Companhia de Jesus, conhece bem a dinâmica da vida consagrada e
religiosa. Ele propôs o desafio de ir "para as periferias existenciais".
Como vocês vão responder a este desafio e que tipo de evangelização vão
fazer?
Pe. Eduardo Robles-Gil: Temos que distinguir e acolher prontamente
as indicações do papa. Na exortação apostólica Evangelii Gaudium, ele
fala para a Igreja em geral e faz um convite a continuar anunciando
Cristo para todas as pessoas com alegria e entusiasmo. O nosso serviço é
feito especialmente na educação das pessoas, muitas delas baptizadas,
mas não praticantes. Elas estão nas "periferias existenciais", ou seja,
onde Jesus Cristo não chegou ou, de certa forma, foi esquecido. Temos
muitos colégios e universidades que são lugares para fazer o anúncio do
amor e da misericórdia de Deus. No México, na Venezuela, no Chile, no
Brasil e em outros países nós temos a rede de colégios Mão Amiga, em que
os alunos pagam mensalidades muito baixas, pois acreditamos que a
educação é a melhor maneira de livrar as pessoas da miséria e de abrir
oportunidades para o futuro. Lá também existem periferias sociológicas
e, muitas vezes, pobreza espiritual. Este é um campo de evangelização
que está no coração do papa Francisco.
Nós levamos muito a sério o que o papa diz, porque é a razão da nossa
existência. Porque nós tivemos um encontro pessoal com Cristo e
gostaríamos que os outros também tivessem. O papa fala de uma Igreja que
"sai", uma Igreja que sente a força da sua missão, que não tem medo. E
nós queremos, inclusive através da nossa experiência recente, proclamar a
misericórdia de Deus.
No dia 6 de Fevereiro, os legionários divulgaram um comunicado
que fala do fundador e, muito corajosamente, assumem uma postura sem
meias palavras a respeito dele. Esta tomada de posição foi difícil de
assumir ou já tinha amadurecido entre vocês? É o sinal de uma mudança?
Pe. Eduardo Robles-Gil: Eu não sei se consideramos isso como um
amadurecimento, porque é algo que já tinha acontecido. Se vocês
analisarem a carta do governo geral e dos directores territoriais de
2010, o conteúdo sobre o fundador é muito semelhante. Mas, levando em
conta o caminho que percorremos ao longo desses anos sob a direcção do
cardeal De Paolis, sentimos a necessidade de retomar o assunto no
Capítulo Geral e falar com clareza. Não podemos esquecer que o Capítulo
representa toda a congregação, não apenas os superiores. A novidade do
comunicado, além do que foi dito sobre o fundador e dos pedidos de
perdão, é a resposta para o que surgiu da visita apostólica e o caminho
trilhado sob a direcção do delegado pontifício, que nos levou a ver
algumas coisas que não tínhamos feito de todo bem ou que poderiam ser
melhoradas. Em certo sentido, é um caminho de conversão que nunca vai
acabar, porque sempre podemos nos abrir para a graça que nos torna mais
semelhantes a Cristo.
Hoje, os legionários são quase mil sacerdotes, um movimento que cresceu muito. Quais são as perspectivas para o futuro?
Pe. Eduardo Robles-Gil: Nós trabalhamos a terra, mas é Deus quem
chama. A verdade é que nós gostaríamos de continuar crescendo em número
de sacerdotes, em número de seminaristas, em número de leigos
comprometidos, mas no ritmo que Deus quiser. De qualquer forma, é
necessário também um pouco de prudência no crescimento, não tanto das
vocações, que nunca serão suficientes, mas das obras. No passado, talvez
nós tenhamos começado muitas iniciativas ao mesmo tempo e, nos últimos
anos, fomos obrigados a fechar algumas obras e até mesmo a sair de
alguma diocese ou cidade. Continuamos aprendendo.
A Legião trabalha em conjunto com uma realidade leiga muito
importante, o Regnum Christi. Como o senhor espera que os leigos
acompanhem a congregação nesta fase de mudança?
Pe. Eduardo Robles-Gil: Esta pergunta não tem uma resposta única.
Nós, legionários, nos definimos como parte do movimento Regnum Christi;
somos uma realidade complexa, rica em diferentes vocações: sacerdotes,
leigos consagrados e consagradas, leigos comprometidos. Todos fazem
parte da nossa realidade, que está envolvida na missão em resposta ao
chamado de Deus. Os outros membros do Regnum Christi são chamados no seu
estado de vida e na sua condição de vida, então a vocação deles
acontece em outras circunstâncias. Os leigos devem fazer com que Jesus
Cristo reine nas suas famílias, no seu trabalho, na sua profissão. E
tentar garantir que Cristo reine cada vez mais no coração dos homens e
na sociedade. Nós ajudamos uns aos outros de acordo com a
espiritualidade da comunhão. Como sacerdotes, uma das nossas tarefas,
como é definido pela nossa constituição, é assistir espiritualmente os
membros do Regnum Christi. Nós, sacerdotes, consagrados e leigos
participamos do mesmo carisma, mas isto se articula de acordo com a
vocação particular de cada um. A diversidade na unidade é uma riqueza
para todos.
De que o senhor vai sentir falta do México?
Pe. Eduardo Robles-Gil: Eu trabalhei como sacerdote em muitos
lugares, mas a maior parte dos meus trinta anos de sacerdócio foi no
México, na cidade onde eu nasci, onde estudei e onde a minha família
vive. Por isso, a amizade das pessoas e da minha família é o que vai me
dar saudade, o resto não. Não vou sentir falta dos tacos, apesar de que
eu gosto deles também, mas dos meus amigos e das pessoas que eu amo.
Há alguma coisa que nós não perguntamos e que o senhor gostaria de comunicar aos leitores e colaboradores da ZENIT?
Pe. Eduardo Robles-Gil: Os meios de comunicação social são muito
importantes hoje. Há muito tempo que eu acompanho as notícias sobre a
Igreja através da ZENIT. Eu acredito muito no serviço que vocês oferecem
e acho que, no meio das tantas notícias, a Igreja representa uma
notícia positiva em muitos ambientes. Gostaria de agradecer a todos
aqueles que, no passado, tornaram este serviço possível para a Igreja e
também àqueles que o tornam possível hoje.
Os acontecimentos que estamos vivendo com o Capítulo Geral e com a
Legião são um tempo de esperança que vem de Deus, nosso Senhor. Existe
esperança quando a terra é fértil, e aqui vem o trabalho de todos os
leigos do movimento e dos legionários: temos que procurar ser um terreno
fértil para dar muito fruto para a glória de Deus.
Gostaria também de agradecer a todos aqueles que vêm nos acompanhando
nesses anos com as suas orações e com o seu apoio. Nós somos gratos
pela sua caridade e queremos corresponder também com as nossas orações.
in
Sem comentários:
Enviar um comentário