Carta pastoral do cardeal Lluís Martínez Sistach
Roma, 06 de Agosto de 2013
As férias, a consciência ecológica e a natureza são os temas
abordados pelo cardeal Lluís Martínez Sistach, arcebispo de Barcelona,
em sua última carta pastoral. "O verão e as férias [que acontecem nesta época no hemisfério Norte, ndr]
nos permitem um contacto maior com a natureza. Por isso, a grande actualidade da temática ecológica. O respeito pelo ambiente natural que
nos rodeia, pelo cosmo, pela criação, é um assunto de transcendência
inegável", afirma o purpurado.
Reitera-se com frequência, diz o cardeal, "que a situação é séria e
preocupante, porque a depredação do nosso património natural continua
avançando em toda parte. A crise ecológica é um problema moral,
relacionado com o desenvolvimento técnico e científico actual, que tem
uma dimensão que compromete seriamente, no longo prazo, a própria
existência humana".
O cardeal relembra que o beato João Paulo II, numa das suas
encíclicas sociais, fez a seguinte observação: é conveniente
“desenvolver maior consciência de que não podemos utilizar impunemente
as diversas categorias de seres, sejam vivos ou inanimados, animais,
plantas, elementos naturais, da maneira que cada um desejar, de acordo
com as próprias exigências económicas. Uma correta consciência ecológica
deve levar em consideração a dimensão ética que deve sempre
caracterizar o desenvolvimento dos povos”.
Ele também menciona que, na encíclica Evangelium Vitae, o
papa polaco escreveu que “o homem, chamado a cultivar e preservar o
jardim do mundo, tem uma responsabilidade específica pelo ambiente da
vida, ou seja, pela criação que Deus colocou a serviço da sua dignidade
pessoal, da sua vida; e isto não só no presente, mas também no tocante
às gerações futuras".
O cardeal utiliza dois verbos muito expressivos: "cultivar e
preservar". Ele explica que "cultivar é cuidar de uma coisa com respeito
e amor. Preservar acrescenta o sentido de uma especial protecção, do
exercício de uma responsabilidade".
A este propósito, ele cita as palavras do papa Francisco na homilia
da missa de início do seu pontificado: “Eu gostaria de pedir, por favor,
a todos aqueles que ocupam lugares de responsabilidade no âmbito económico, político e social, a todos os homens e mulheres de boa
vontade: sejam guardiões da criação, do desígnio de Deus inscrito na
natureza, guardiões do próximo, do meio ambiente. Não permitamos que os
sinais de destruição e de morte acompanhem o caminho deste nosso mundo”.
Para finalizar a carta pastoral, o cardeal de Barcelona convida:
"Seja na residência habitual ou fora dela, é preciso fazer das férias um
tempo de reflexão, de oração, de cultivo da espiritualidade, um tempo
para a leitura, para a convivência com a família e com os amigos, e,
acima de tudo, um tempo de louvor a Deus por ter dado aos homens o
jardim do mundo, um jardim que temos de cultivar e não danificar de
qualquer maneira".
in
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