Ceia nos jardins, organizada pelo Círculo de São Pedro, tem banda de música e é servida por príncipes e por um cardeal
Roma, 03 de Julho de 2013
Não foi um sonho, mas um jantar dos sonhos. Na noite desta
segunda-feira, cerca de duzentas pessoas, entre mendigos e “novos
pobres” da actual crise financeira, foram convidadas a jantar nos jardins
do Vaticano, aos pés da gruta de Nossa Senhora de Lourdes.
O cardeal Giuseppe Bertello, presidente do governo da Cidade do
Vaticano, deu as boas-vindas aos convidados em nome do papa Francisco e
abençoou o jantar. “Como vocês sabem”, disse o cardeal Bertello, “esta é
a casa de vocês e nós os recebemos com alegria. Nossa Senhora, diante
de nós, nos olha com serenidade. É o mesmo olhar que eu desejo a todos
vocês e àqueles que cuidam de vocês com tanto amor”.
Entre os convidados, havia mendigos e vítimas da chamada “nova
pobreza”: pessoas que até pouco tempo atrás tinham certa estabilidade,
mas se tornaram pobres devido a algum acontecimento inesperado: um
acidente, um divórcio, a perda do emprego...
O jantar foi organizado pelo Círculo de São Pedro e aconteceu pela
primeira vez no Vaticano. Dois anos atrás, os leigos do círculo tinham
preparado outra ceia em São João de Latrão, com a presença do cardeal
Angelo Sodano.
O Círculo de São Pedro nasceu em Roma em 1869, por iniciativa de um
grupo de jovens da alta burguesia e de famílias nobres romanas que
queriam mostrar ao mundo a sua fidelidade ao pontífice, então Pio IX.
Era um momento muito difícil da história do papado e da Igreja.
Fidelidade incondicional à Igreja e ao Romano Pontífice é o traço
distintivo do grupo, cujo lema é Oração, Acção e Sacrifício.
O bonito ambiente do jantar contou com mesas e toldos brancos na
esplanada aos pés da gruta de Lourdes, muito perto do local em que o
papa emérito Bento XVI vive retirado. A ceia foi servida ao entardecer
do verão romano, ainda com luz natural, conforme relatou a ZENIT um dos
participantes.
O príncipe Leopoldo Torlonia e o assistente eclesiástico do Círculo
de São Pedro, mons. Franco Camaldo, serviram as diversas mesas, junto
com uma centena de membros do círculo. Durante o evento, parte da banda
da Gendarmaria do Vaticano tocou ao vivo.
“Houve um primeiro prato; um segundo prato, com carne que podia ser
comida também por pessoas de outras religiões; uma sobremesa, um
espumante para o brinde. Havia também algumas bolsas com frutas para que
os convidados levassem depois, e outro presente, que continha vários
doces”, contou nosso entrevistado.
Para o Círculo de São Pedro, doar alimentos aos necessitados é
habitual. “Todos os dias, em nossos três refeitórios económicos, nós
alimentamos quem nos procura. Não perguntamos qual é a sua
nacionalidade, nem a religião, nem nada. Eles apenas chegam com um cupão
que nós distribuímos nas paróquias”, explicou a ZENIT um dos
organizadores.
“Essas pessoas foram convidadas dentre os frequentadores dos nossos
refeitórios económicos e de um centro nosso de atendimento
multifuncional. Nós fomos buscá-los com quatro autocarros em quatro pontos
da cidade. Por volta das 10 da noite, todos os convidados foram levados
de volta até esses mesmos pontos”.
Poucos dias antes, na missa da festividade de São Pedro e São Paulo, o
cardeal Versaldi tinha recordado ao Círculo de São Pedro o dever de dar
testemunho do amor de Cristo nas periferias da Igreja. “Com a sua
associação, vocês estão presentes como leigos na Igreja: as periferias
do mundo estão ao seu alcance, são lugares que vocês frequentam. O dever
do testemunho lhes pertence, para ser credíveis no mundo e para
manifestar o amor misericordioso de Cristo”.
in
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