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quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

María Luisa Erhardt, de Betânia, mulheres separadas católicas: «No rancor Deus não pode actuar»

«Trabalhamos o perdão»

«Quando Deus cura uma mulher cura uma mãe, com ela a uns filhos, com eles a uma família e com ela a uma sociedade», disse a Gonzalo Altozano.

Actualizado 25 Fevereiro 2013

Carmelo López-Arias / ReL


"Separei-me jovem, tinha 30 anos e levava três olhando-me a mim mesma. Não podia culpar o outro porque não tinha poder sobre o outro": com extraordinária serenidade, María Luisa Erhardt explicou este sábado a Gonzalo Altozano em Não é bom que Deus esteja só (Intereconomia TV) as circunstâncias do seu próprio caso pessoal como origem remoto do que desde 2006 é Betânia.

Trata-se de uma organização católica, com estatutos na diocese de Madrid para não circunscrever-se a movimento concreto algum, que acolhe mulheres separadas, divorciadas ou com o seu matrimónio anulado, com a ideia de "curar" o mal que esses processos causam: "Em Betânia primeiro escuta-se, depois se ama, e logo tudo isso o pomos no Senhor e na Virgem e rezamos com corações abertos. Cada história é sagrada, aqui não culpabilizamos a ninguém, não nos permitimos juízos, prejuízos, rumores nem críticas".

Os tempos delicados da Virgem
É, um pouco, como o "santuário-lar" que María Luisa criou depois da sua separação com os seus três filhos, porque são as "vítimas inocentes". Um deles, passados os anos, se ordenaria sacerdote.

"O que me foi guiando e educando foi Deus, porque me ensinou a conhecer-me a mim mesma. Pedi-lhe que entrasse na minha vida e me ajudasse a conhecer-me para assim auto-educar-me e poder educar os meus filhos", recorda. E acrescenta o papel na sua vida (e na obra que é Betânia) da Virgem Maria. Rezando-lhe com insistência no santuário de Schönstatt apareceram duas palavras, "atenta e disponível", que caracterizam o grupo, porque "os tempos da Virgem são muito delicados" e é assim como o grupo quer receber e ajudar às pessoas que acodem procurando compreensão.

Trata-se de cerrar feridas porque "no rancor Deus não pode actuar". As mulheres que acodem ao grupo o fazem com uma única condição: "Abrir o coração, não tapar, porque é a forma de saber onde estão as nossas limitações e como trabalhá-las. Em ocasiões são pessoas que não puderam chorar de tanto sofrimento, e chorar é então uma desintoxicação da alma".

Além disso essa "desintoxicação" obtém um prémio e presta um serviço: "Quando Deus cura uma mulher cura uma mãe, com ela uns filhos, com eles uma família e com ela uma sociedade", explicou María Luisa.

Um lugar de descanso
E porquê Betânia? "É o lugar onde Jesus Cristo ia descansar com os seus amigos: Lázaro, Marta e Maria. Ali comiam, bebiam, riam-se. Queremos descansar no coração de Jesus e Ele quer descansar em nós. Em Betânia curamos desde Deus. Eu estou curada em Deus", confessa.

E acrescenta: "Em Betânia trabalhamos o perdão, perdoando-nos a nós mesmas". Com duas interessantes considerações. Uma, que "tentar ser perfeitos é um problema de orgulho e de soberba, porque somos imperfeitos e Deus criou-nos imperfeitos". Outra, e só aparentemente paradoxa, "que só pode ser humilde quem tem uma auto-estima alta. Se não conheces as tuas capacidades, não podes saber o que Deus quer de ti".


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