SECAM: bem comum, respeito pelos direitos humanos e bom governo: elementos essenciais do evangelho
Cidade do Vaticano, 21 de Fevereiro de 2013
"Governança,
bem comum e transição democrática na África" é o título da carta
pastoral preparada pelo Simpósio das Conferências Episcopais da África e
de Madagascar (SECAM), organismo que reúne todos os bispos católicos do
continente. A carta foi apresentada em Acra, Gana, pelo cardeal
Polycarp Pengo, arcebispo de Dar es Salaam, Tanzânia, e presidente do
SECAM.
A carta pastoral, que segue a linha da exortação apostólica
pós-sinodal Africae munus, do papa Bento XVI, destaca que "a Igreja não
pode permanecer indiferente e isolada em face dos actuais desafios
sócio-políticos e económicos africanos" e recorda que "o bem comum, o
respeito pelos direitos humanos e a promoção do bom governo são
elementos essenciais da mensagem do evangelho".
Recordando a missão profética da Igreja, o texto afirma que "a
justiça que os profetas exigem não é uma justiça abstrata; ela consiste
em acções muito concretas e reais, que garantem a protecção do mais frágil
contra o abuso, que satisfazem as necessidades dos pobres e que cuidam
das pessoas socialmente desfavorecidas. Trata-se de dar a cada um o que
Deus previu, sem distinções".
O documento aponta ainda a falta de postos de trabalho em muitos
países africanos e observa que "o drama da migração, com um número
crescente de jovens que arriscam a vida para deixar a África, reflecte a
profundidade do mal-estar de um continente que não oferece condições
propícias para o desenvolvimento dos seus filhos e filhas".
Também "a situação das mulheres é outra fonte de preocupação. O SECAM
afirma que homens e mulheres são iguais em dignidade na sua humanidade
perante Deus, uma vez que ambos são criados à imagem e semelhança de
Deus. É por isso que devemos garantir que todos tenham a oportunidade de
realizar o seu papel específico na Igreja e na sociedade em geral".
Quanto ao bom governo na África, os bispos do SECAM lançam um apelo
aos líderes políticos e aos governantes africanos para "fazerem da
erradicação da pobreza uma prioridade, colocando os benefícios da
exploração dos recursos do subsolo do continente, da terra e das
florestas, a serviço do desenvolvimento do próprio país, para proveito
de toda a nação e dos seus habitantes. Pedimos que não se interrompa a
luta contra a corrupção. A corrupção é um câncer que destrói as nossas
nações".
“A Igreja”, prossegue a carta pastoral, “está no centro de todos os
esforços em prol de uma governança mais eficaz. Em muitos países, no
período delicado de transição democrática dos anos1990, a Igreja teve um
papel de apoio claro e visível. Cinco das oito conferências nacionais
transitórias organizadas na época foram presididas por bispos católicos.
A intervenção da Igreja contribuiu, em alguns casos, para garantir
processos pacíficos de transições democráticas, com grandes sucessos,
através de consultas e de diálogos participativos. Numerosos cristãos,
em algumas situações de instabilidade, têm contribuído para a
implementação da paz e da reconciliação. A Igreja tem que assumir as
suas responsabilidades no contexto sócio-político e envolver-se
plenamente na profunda transformação da nossa sociedade".
A nota foi divulgada na quarta-feira (20) pelo Serviço de Informação do Vaticano (VIS).
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