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quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

O papa não exerceu um poder, mas cumpriu uma missão

Pe. Federico Lombardi: um depoimento à Rádio Vaticano


Cidade do Vaticano, 18 de Fevereiro de 2013


A declaração da renúncia de Bento XVI ao pontificado, na segunda-feira passada, abalou o mundo, tão inesperada que era para a maioria, dentro e fora da Igreja e do Vaticano. Todos ficamos profundamente tocados e ainda tentamos entender o seu alcance e o seu significado.

Mas, para sermos honestos, é uma decisão que surpreendeu mais aqueles que não o conheciam do que aqueles que o acompanhavam com atenção. Ele tinha falado claramente desta possibilidade no livro-entrevista "Luz do Mundo"; tinha um jeito sempre discreto e prudente de falar sobre os compromissos futuros do seu pontificado; era absolutamente claro que ele estava cumprindo uma missão recebida, mais do que exercendo um poder adquirido.

Realmente não foi por falsa humildade que, no início do papado, ele se apresentou como "um humilde trabalhador na vinha do Senhor", sempre cuidadoso para usar com sabedoria as forças físicas, que não eram mais exuberantes, a fim de realizar do melhor modo possível o trabalho imenso que lhe foi confiado, e que para ele era inesperado, pois já estava com uma idade avançada.

Sabedoria humana e cristã admirável de quem vive diante de Deus, na fé, em liberdade de espírito; de quem conhece as suas responsabilidades e forças; e que indica, na renúncia, uma perspectiva de esperança e de compromisso renovado. Um grande ato de governo da Igreja, não, como alguns pensam, porque o papa não sentisse mais a força para guiar a cúria romana, e sim porque os grandes problemas da Igreja e do mundo, dos quais ele é mais do que consciente, requerem hoje uma grande força e um horizonte de tempo de governo proporcional a grandes empreitadas, que não pode ser de curta duração.

Bento XVI não nos abandona no momento de dificuldade. Com segurança, ele convida a Igreja a se confiar ao Espírito e a um novo sucessor de Pedro. Ele disse que sente quase fisicamente a intensidade da oração e do amor que o acompanha. E nós sentiremos, por nossa vez, a intensidade única da sua oração e do seu afecto pelo sucessor e por nós.

Provavelmente, esta relação espiritual será ainda mais profunda e mais forte do que antes. Intensa comunhão na liberdade absoluta.



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