Agradecimento da Associação Portuguesa dos Médicos Católicos e da Federação Internacional das Associações de Médicos Católicos
Roma, 18 de Fevereiro de 2013
Apresentamos
um artigo de Walter Osswald, ex-Presidente da Associação Portuguesa dos
Médicos Católicos e da Federação Internacional das Associações de
Médicos Católicos (FIAMC).
Papa Bento XVI renunciou!
A notícia monopolizou os meios de comunicação social, pela sua
novidade e ineditismo. Sem que desta decisão houvesse conhecimento
prévio, o Santo Padre anunciou a sua já muito próxima resignação e
subsequente convocação de um conclave, para eleição do seu sucessor na
cátedra petrina.
O gesto, anunciado no tom sereno e humilde que caracteriza os seus
depoimentos, foi largamente comentado como traduzindo o cansaço e
incapacidade física e uma provável decadência das qualidades
intelectuais. Sem negar que tais manifestações de senectude, inevitáveis
consequências do envelhecimento, tenham pesado na decisão do nosso
Papa, creio que devemos antes sublinhar os seguintes aspectos:
1. A renúncia cria um precedente, lembrando que o exercício de
funções, mesmo as da mais alta espiritualidade e inspiradas pelo
Absoluto, tem limitações naturais, que devem ser respeitadas.
2. Se outrora o padecimento e decadência psicofísica de um Papa se
refugiavam na sombra protectora do palácio pontifício, hoje já não há
lugar para essa privacidade e os media tornaram-se uma companhia
permanente e testemunha implacável; ou seja, o processo de doença e
morte do Papa torna-se num espectáculo, se não lhe for devolvida a
dignidade e privacidade através de atempada renúncia.
3. Tal como João Paulo II deu o exemplo do sofrimento partilhado com
todos os homens, Bento XVI presta o testemunho de quem, lúcido e
responsável, se afasta, para que um sucessor mais robusto possa arrostar
com as pesadas tarefas que enfrentam o Vigário de Cristo. São duas
atitudes complementares, não opostas, pois é a virtude da humildade que
as inspira.
Demos graças a Deus por este extraordinário Papa, teólogo em diálogo
com os filósofos, escolar que aprendeu a viver os banhos de multidão,
corajoso proclamador da Verdade, anunciador incansável da união entre fé
e razão. A sua vida, os seus escritos e, agora, a sua renúncia
inscrevem-se luminosamente na história da Igreja.
in
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