Conferência dos Bispos da Polónia promove reunião de bispos europeus em Varsóvia
Roma, 08 de Fevereiro de 2013
“As
instituições eclesiásticas trabalham muitas vezes como se vivêssemos
numa sociedade 100% cristã, coisa que faz tempo que não somos mais”,
afirmou o arcebispo Józef Michalik, presidente da Conferência dos Bispos
da Polónia, no último dia da reunião do Comité Conjunto da Conferência
das Igrejas Europeias e do Conselho das Conferências Episcopais
Europeias (CCEE).
A reunião, realizada em Varsóvia, teve o tema “Fé e religiosidade
numa Europa em mutação. Novos movimentos cristãos na Europa: desafios ou
oportunidades?”.
“Embora o conteúdo da fé seja o mesmo, se não houver entusiasmo na
transmissão do poder salvador o evangelho perde o apelo”, disse
Michalik.
De acordo com o vice-presidente da CCEE, "precisamos de mais reflexão
sobre a fé no contexto das mudanças em que vivemos. (...) A autêntica
experiência da fé leva à conexão com a vida. A fé sem obras é morta. A
fé se expressa através do amor”, disse o arcebispo, completando: “Hoje,
a Europa está em crise económica e financeira, o que, em pontos
importantes, também leva a uma crise de ética, que ameaça o continente”.
Michalik considera que a solidariedade, o compromisso com os outros e
a responsabilidade pelos pobres não são valores negociáveis, mas,
muitas vezes, não têm força de motivação suficiente para levar as
pessoas e a sociedade a se sacrificarem na prática pelo próximo. “A
solução é a apresentação positiva do realismo cristão, do optimismo, do
compromisso com a transformação das realidades terrenas e do senso de
comunidade de fé, vivido por todos os cristãos”.
A mensagem do evangelho precisa mostrar abertura para a integração de
todas as pessoas, em oposição aos grupos de interesse e ao egoísmo que
caracteriza os dias de hoje. A preocupação com a ética social, com a
família, com a dignidade da pessoa ainda está no coração do evangelho,
ressalta o presidente da Conferência Episcopal Polaca.
Em seus discursos durante o encontro, o cardeal Angelo Bagnasco,
arcebispo de Génova, e o metropolita Joseph, do Patriarcado Ortodoxo da
Roménia, enfatizaram a experiência das igrejas tradicionais com os
chamados "novos movimentos". O arcebispo de Southwark, dom Kevin
McDonald, e a pastora Claire Sixt-Gateuille, da Igreja Reformada da
França, falaram dos desafios pastorais emergentes.
Os participantes da conferência também foram informados da situação
religiosa e ecuménica na Polônia pelo bispo Krzysztof Nitkiewicz,
responsável pelas relações ecuménicas da conferência episcopal do país, e
pelo metropolita Jeremiasz, presidente do Conselho das Igrejas da
Polónia.
O encontro reuniu ainda o metropolita Emmanuel, da França, e o
cardeal Peter Erdo, arcebispo de Esztergom-Budapeste e presidente da
CCEE.
O Comité Conjunto da Conferência das Igrejas Europeias (KEK) é a mais
alta instância de diálogo com o Conselho das Conferências Episcopais
Europeias. Fundado em 1959, reúne 120 igrejas protestantes, anglicanas,
ortodoxas e católicas de todo o continente, além de outras 40
organizações cristãs.
Já o Conselho das Conferências Episcopais da Europa foi estabelecido
em 1971 e inclui 33 episcopados nacionais, representadas pelos
respectivos presidentes, juntamente com os arcebispos de Luxemburgo,
Mónaco e Chipre dos Maronitas, além do bispo ortodoxo grego de Chisinau.
O encontro foi organizada em Varsóvia a convite de Michalik, que é
arcebispo de Przemysl, presidente da Conferência dos Bispos Polacos e
vice-presidente da CCEE.
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