Um Papa que não viaja, divide por dois a sua presença pública
31% das notícias que tratavam de Bento XVI nos EUA referiam-se à sua viagem ao país; e outros 17% às suas viagens a Cuba, Médio Oriente, África ou Inglaterra.
Actualizado 18 Fevereiro 2013
P. J. Ginés /ReL
Está muito bem que um Papa fale a milhares de pessoas cada domingo e quarta-feira no Ângelus, na Praça de São Pedro ou na Ala Paulo VI, mas isso apenas chega aos grandes meios de comunicação. A melhor forma que tem um Papa de sair em periódicos e televisões, e quase sempre com um tratamento mais positivo que negativo, é viajar.
Assim se comprova no estudo da PewResearch sobre "histórias de religião centradas num personagem", que analisa 2.700 notícias de 2007 a 2012, na imprensa generalista dos EUA: impressa, digital, televisão e cabo.
Bento XVI foi a figura que recebeu mais atenção da imprensa (quanto a informações religiosas): "foi o principal newsmaker [fazedor de notícias, protagonista] em 32% de todas as histórias religiosas" de 2007 a 2012.
Seja presidente ou queime um Corão: dá fama
O número 2, nos Estados Unidos, foi Barack Obama, com 12% de histórias (debatendo se era ou não muçulmano, a que igreja ia ou como persegue os cristãos e católicos que não aceitam financiar práticas imorais como o aborto ou a anticoncepção).
O número 3, com 5% é o pastor Terry Jones, líder de uma igrejazita de 50 membros. A sua forma de conseguir uma quota que é quase uma sexta parte da do Papa foi ameaçar queimar um Corão.
Um líder com milhões de livros vendidos e muito popular nos EUA como Rick Warren apenas ocupa 1,5% das notícias de religião, e o Papa sai 32 vezes mais que o cardeal Dolan, de Nova Iorque, que protagoniza só 1% de notícias religiosas.
A televisão por cabo, relutante
A televisão genérica prestou muita mais atenção ao Papa que as cadeias por cabo. A televisão genérica dedicou-lhe 38% de todas as suas notícias sobre religião; as cadeias por cabo, só 14%.
O Papa também protagonizou 1 de cada 5 capas de tema religioso, 23% de notícias de áudio desta temática e 27% de noticias-web importantes.
Obviamente, estamos falando dos Estados Unidos, onde o Papa é uma figura bastante longínqua ("lá na Europa"), os católicos são só um colectivo mais, e o catolicismo tem que "competir" com muitas outras ofertas. Ainda assim, se saímos do âmbito das notícias de religião, na lista de personagens que recebem mais cobertura de qualquer tema (desportos, política, economia, etc...) Bento XVI ocupa o posto 27.
As viagens dão visibilidade
Mas esta alta visibilidade foi possível graças às suas viagens. A sua visita aos Estados Unidos em 2008 trouxe quase um terço (31%) de todas as notícias que falaram de Bento XVI nos EUA nesses cinco anos. (A outra grande história de religião que se publicou estes anos são os casos de pedofilia de clérigos católicos, com uns desproporcionados 18%).
As outras viagens do Papa ancião (sobretudo as do Reino Unido, Médio Oriente, Cuba e África) trouxeram outros 17% das notícias que falam dele.
Curiosamente, o único outro tema que atrai os meios ao Papa de forma massiva são as cerimónias que preside no Natal (8% de cobertura) enquanto as da Páscoa só são 1% da cobertura que se lhe dedica.
As declarações do Papa contra o aborto ou em defesa do matrimónio real apenas interessam à imprensa: só 1% das notícias sobre o Papa tratam este tema.
A conclusão é clara: se o novo Papa não viajasse e ficasse só por Itália (por exemplo, pela sua grande velhice ou incapacidade física), nos muito plurais e comunicados Estados Unidos teria metade de relevância que Bento XVI (menos, se não preside às cerimónias natalícias) e a religião do presidente dos EUA (ou o que o presidente faz à religião) teria mais visibilidade que a actividade papal.
Pelo contrário, cada vez que o Papa viaja, consegue um microfone mundial para chegar a milhões de lares, pelo geral com imagens simbólicas e impactantes que percorrem o mundo e fazem visível a Igreja.
31% das notícias que tratavam de Bento XVI nos EUA referiam-se à sua viagem ao país; e outros 17% às suas viagens a Cuba, Médio Oriente, África ou Inglaterra.
Actualizado 18 Fevereiro 2013
P. J. Ginés /ReL
Está muito bem que um Papa fale a milhares de pessoas cada domingo e quarta-feira no Ângelus, na Praça de São Pedro ou na Ala Paulo VI, mas isso apenas chega aos grandes meios de comunicação. A melhor forma que tem um Papa de sair em periódicos e televisões, e quase sempre com um tratamento mais positivo que negativo, é viajar.
Assim se comprova no estudo da PewResearch sobre "histórias de religião centradas num personagem", que analisa 2.700 notícias de 2007 a 2012, na imprensa generalista dos EUA: impressa, digital, televisão e cabo.
Bento XVI foi a figura que recebeu mais atenção da imprensa (quanto a informações religiosas): "foi o principal newsmaker [fazedor de notícias, protagonista] em 32% de todas as histórias religiosas" de 2007 a 2012.
Seja presidente ou queime um Corão: dá fama
O número 2, nos Estados Unidos, foi Barack Obama, com 12% de histórias (debatendo se era ou não muçulmano, a que igreja ia ou como persegue os cristãos e católicos que não aceitam financiar práticas imorais como o aborto ou a anticoncepção).
O número 3, com 5% é o pastor Terry Jones, líder de uma igrejazita de 50 membros. A sua forma de conseguir uma quota que é quase uma sexta parte da do Papa foi ameaçar queimar um Corão.
Um líder com milhões de livros vendidos e muito popular nos EUA como Rick Warren apenas ocupa 1,5% das notícias de religião, e o Papa sai 32 vezes mais que o cardeal Dolan, de Nova Iorque, que protagoniza só 1% de notícias religiosas.
A televisão por cabo, relutante
A televisão genérica prestou muita mais atenção ao Papa que as cadeias por cabo. A televisão genérica dedicou-lhe 38% de todas as suas notícias sobre religião; as cadeias por cabo, só 14%.
O Papa também protagonizou 1 de cada 5 capas de tema religioso, 23% de notícias de áudio desta temática e 27% de noticias-web importantes.
Obviamente, estamos falando dos Estados Unidos, onde o Papa é uma figura bastante longínqua ("lá na Europa"), os católicos são só um colectivo mais, e o catolicismo tem que "competir" com muitas outras ofertas. Ainda assim, se saímos do âmbito das notícias de religião, na lista de personagens que recebem mais cobertura de qualquer tema (desportos, política, economia, etc...) Bento XVI ocupa o posto 27.
As viagens dão visibilidade
Mas esta alta visibilidade foi possível graças às suas viagens. A sua visita aos Estados Unidos em 2008 trouxe quase um terço (31%) de todas as notícias que falaram de Bento XVI nos EUA nesses cinco anos. (A outra grande história de religião que se publicou estes anos são os casos de pedofilia de clérigos católicos, com uns desproporcionados 18%).
As outras viagens do Papa ancião (sobretudo as do Reino Unido, Médio Oriente, Cuba e África) trouxeram outros 17% das notícias que falam dele.
Curiosamente, o único outro tema que atrai os meios ao Papa de forma massiva são as cerimónias que preside no Natal (8% de cobertura) enquanto as da Páscoa só são 1% da cobertura que se lhe dedica.
As declarações do Papa contra o aborto ou em defesa do matrimónio real apenas interessam à imprensa: só 1% das notícias sobre o Papa tratam este tema.
A conclusão é clara: se o novo Papa não viajasse e ficasse só por Itália (por exemplo, pela sua grande velhice ou incapacidade física), nos muito plurais e comunicados Estados Unidos teria metade de relevância que Bento XVI (menos, se não preside às cerimónias natalícias) e a religião do presidente dos EUA (ou o que o presidente faz à religião) teria mais visibilidade que a actividade papal.
Pelo contrário, cada vez que o Papa viaja, consegue um microfone mundial para chegar a milhões de lares, pelo geral com imagens simbólicas e impactantes que percorrem o mundo e fazem visível a Igreja.
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