Páginas

domingo, 24 de fevereiro de 2013

A sua mãe foi violada com 13 anos, não abortou, e o seu filho, sacerdote, perdoou e confessou o seu pai

Narra-o o P. Luis Alfredo León Armijos

"Dei-me conta que eu recebi o Senhor, e o meu pai tinha sido o meio pelo qual Deus me ofereceu a vida".

Actualizado 20 Fevereiro 2013

Aci


“Eu poderia estar num cesto do lixo, mas a mim se me deu a vida”, afirma o sacerdote Luis Alfredo León Armijos, de Loja (Equador) que aos seus 41 anos partilha a sua história ao ter nascido depois de uma violação quando a sua mãe tinha só 13 anos.

O presbítero também conta como conheceu e perdoou o seu pai a quem chegou a confessar e que agora leva uma vida de fé.

O sacerdote diocesano e pároco da Paróquia São José em Loja, relatou que a sua mãe, Maria Eugenia Armijos Romero, com a sua pouca idade cuidava e limpava uma casa em Loja para ajudar os seus pais e os seus sete irmãos: “o dono da casa aproveitando que estava só, abusou dela deixando-a grávida”.

Apesar da rejeição da sua família que “não queria que nascesse o bebé pelo que a golpeavam na barriga e lhe deram bebidas para que abortasse”, María sempre defendeu a vida do seu filho e ao ver-se só e sem apoio “orou e sentiu no seu coração que o Senhor lhe dizia: defende esse menino que está em ti”, contou o P. León.

María fugiu de Loja até à cidade de Cuenca onde sobreviveu pelos seus próprios meios. No domingo 10 de Outubro de 196, num parto cheio de complicações pela sua pouca idade e a sua pequena estrutura, nasceu Luis Alfredo com alguns problemas respiratórios que o amor de mãe também ajudaram a curar.

Depois de um tempo e com a ajuda paterna, María voltou a Loja para começar “uma vida como mãe solteira. Tocou-lhe ficar a cargo do seu violador – o meu pai – que aceita reconhecer-me e tomar conta de mim, mas isso não quer dizer que as coisas estavam bem entre eles”, relatou o P. León.

O presbítero recorda que o seu “pai visitava sempre a casa e cumpria connosco. Eles (os seus pais) tiveram mais 3 filhos, e a minha relação com ele era distante mas boa. Tinha-lhe muito respeito, infundia autoridade, comigo foi muito forte, levava-me a trabalhar”.

Quando o P. León tinha 16 anos convidaram-no à Renovação Carismática onde “tive o meu primeiro encontro com Cristo, aprendi do seu amor maravilhoso”, e começou a pregar e dar catequese “em todo o lugar que Deus me punha” como os autocarros e a cadeira de menores.

Aos 18 anos sentiu o chamado à vocação sacerdotal e ingressou no Seminário de Loja sobrepondo-se à oposição do seu pai. “Ele dizia-me: tu não podes ser sacerdote porque tu deves saber bem quem és”.

Com uma autorização especial do Bispo pela sua pouca idade, foi ordenado aos 23 anos: “foi toda uma bênção para a minha vida”, recorda.

Dois anos depois ingressou no Caminho Neocatecumenal e a sua mãe contou-lhe, depois de terminar a relação com o seu pai, como foi que veio ao mundo. Isso marcou o ponto de início para um caminho de reconciliação de ambos. O sacerdote ajudou a sua mãe a entender que não podia odiar o seu pai e que Deus a convidava a amar a sua própria história.

O sacerdote relatou a ACI Prensa que com esta experiência ele compreendeu que sempre havia pregado aos demais o amor de Cristo nas suas vidas e agora entendia que “Deus me permitia ser sacerdote não para julgar mas sim para perdoar, para ser instrumento da sua misericórdia, e eu tinha julgado muito ao meu pai por todo”.

Anos mais tarde recebe uma chamada do seu pai “ia ser operado e dava-lhe medo, e me disse: quero que me confesses”. Depois de uns 30 anos que não comungava, “o meu pai regressa à comunhão, à Eucaristia”.

“Eu dizia-lhe: papá, você merece o céu, uma vida eterna, assim como a Igreja a mim também me está fazendo ver o céu, e nesse momento o meu pai se encheu de lágrimas”.

Quando o P. León prega a mães grávidas que passam por dificuldades recorda-lhes que assim como Jeremías, Deus forma no ventre a vida de um filho, e que não o vejam como “um filho que traz sofrimento, que traz dor, eu digo-lhes que um filho traz a salvação, traz bênçãos”.

“Como Jesus Cristo que foi insultado, perseguido, já desde criança foi causa e cruz da dor, nos seus filhos recebam a bênção de Jesus” acrescentou.

O presbítero aconselha aos filhos que conheçam bem “a história de um. Aprendam a ver as coisas desde o amor de Deus. Um pode inteirar-se da sua história e odiar a própria vida, julgar a Deus como me havia acontecido a mim, mas descobri que o amor de Deus tinha estado aí cuidando-me a vida”.

“Jovem, se o pai da terra se equivocou e te falhou, o pai Deus nunca nos falhou. Se és filho de mãe solteira deves ver na tua vida como o pai Deus te cuidou”, exorta.

“Eu podia estar num caixote do lixo, mas a mim se me deu a vida, eu digo é uma gratidão, tudo o que tenho, a vida em si mesma é um dom esquisito que Deus dá”, concluiu.

in


Sem comentários:

Enviar um comentário