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sábado, 12 de dezembro de 2020

Homilia na Eucaristia de Encerramento do Ano Jubilar


Sé de Beja, 12 de dez. de 2020

 

Senhor Vigário Geral, senhores cónegos, Senhor Reitor do Seminário de Évora reverendo padre Rosmaninho da Diocese de Setúbal, reverendos padres e diáconos, caros seminaristas, estimados religiosos e religiosas, e vós todos os fiéis leigos aqui presentes:

1 - Com esta Celebração Eucarística, a diocese de Beja encerra o Ano Jubilar comemorativo dos 250 anos da sua restauração. Ouvíamos há momentos o profeta, cheio da alegria do Espírito Santo, promulgar o ano da graça do Senhor, e nós concluímos este ano jubilar que foi certamente um ano cheio das graças de Deus para nós, mas cujo programa, na sua maior parte não se cumpriu, devido à pandemia. Também aqui se verifica o ditado: o homem põe, e Deus dispõe. Bendito seja Ele por todos os seus dons, agora e sempre!

Esse ano da graça do Senhor tinha um programa: curar os corações atribulados, redimir os cativos, libertar os prisioneiros e anunciar a boa nova aos pobres. Cumprimos este programa? Libertar as pessoas de tudo aquilo que as impede de serem elas próprias é libertá-las do culto dos ídolos, é levá-las, pela profissão de Fé, a voltarem costas ao demónio e a adorarem o único Deus.

Por muito que tenhamos trabalhado, muito caminho se apresenta hoje diante dos nossos pés. Este programa que Jesus tomou para Si quando, depois de o ler na Sinagoga de Nazaré lhe acrescentou estas palavras cumpriu-se hoje mesmo este passo da Escritura que acabais de ouvir, sempre se cumpre e é preciso que se cumpra até ao fim dos tempos, pois é o programa da missão da Igreja, Corpo de Cristo.

O salmo responsorial desta celebração foi, como ouvimos, o Magnificat da Virgem Santíssima, hino que a Igreja nossa mãe nos manda cantar todos os dias, na hora de Vésperas. Com Maria aprendemos a louvar e a dar graças ao Senhor pelas maravilhas que já realizou e continua a realizar em nosso favor, no dia a dia das nossas vidas. Nós O bendizemos e Lhe damos graças por este ano que termina, pedindo-Lhe perdão pelas nossas faltas de gratidão e de amor.

2 - Quero agradecer aqui, publicamente, ao senhor Cónego Domingos e à equipa a que presidiu o muito trabalho que desenvolveram para tornar possíveis estas celebrações. Agradeço ainda ao senhor cónego Aparício pela sua escrita sábia e paciente acerca da história da diocese, ao padre Luís Taborda Fernandes e ao padre José Maria pelos trabalhos que realizaram preparando para o povo os textos do precioso livrinho A diocese de Beja no Agrum Universalis Ecclesiae, e a tantos e tantas de vós que trabalhastes por amor, tendo em vista a Glória de Deus e o bem da Igreja. E também quero incluir as autarquias, empresas e pessoas individuais que se dispuseram a responder e a participar com generosidade no peditório que se fez para custear as despesas. Sabendo, embora, que a verdadeira recompensa é o Senhor quem vo-la concederá, agradeço a todos vós. O próprio S. Paulo nos manda ser agradecidos.

Mas estas palavras acerca do ano da graça do Senhor continuam hoje a ser muito oportunas para esta diocese de Beja: o Santo Padre, o Papa Francisco, acaba de anunciar um ano dedicado a S. José. Foi no passado dia 8 de dezembro, com a publicação da Carta Pastoral Patris Corde, para celebrar os 150 anos da proclamação de S. José como protetor da Igreja Universal, pelo papa Beato Pio IX. Assim, este ano da graça do Senhor, tão bem preparado mas tão imperfeitamente realizado que hoje concluímos, vai prolongar-se com este novo ano dedicado ao Patriarca S. José, nosso padroeiro principal. Oportunamente daremos instruções para o vivermos com a intensidade possível.

3 – Vivei sempre alegres, orai sem cessar, dai graças em todas as circunstâncias. Estas palavras de S. Paulo que escutámos no início da segunda leitura são-nos apresentadas como o resumo da vontade de Deus a nosso respeito, em Cristo Jesus. E continua pedindo-nos que não apaguemos o Espírito e não desprezemos os dons proféticos, que avaliemos tudo e conservemos o que é bom. Tomemos do Apóstolo para as nossas vidas, irmãos e irmãs, estas normas tão acertadas, como resumo do que devem ser os nossos comportamentos, antes de mais, para com o Senhor Nosso Deus. A alegria profunda e verdadeira vem-nos d’Ele, vem-nos da experiência de sermos amados por Ele, vem-nos do Espírito Santo que dá testemunho ao nosso espírito de que somos filhos adotivos de Deus. E esta intimidade com o Senhor, este orar sem cessar, faz crescer em nós a qualidade da vida do espírito. Ser cristão adulto na fé tem a ver necessariamente com a alegria, com a oração e com a Eucaristia celebrada e vivida.  

4 - Mas como é possível vivermos a vida de Jesus, filho de Deus, nós que nos reconhecemos pecadores? É fiel Aquele que vos chama, e cumprirá as suas promessas, conclui o Apóstolo Paulo.

Escutai, meus irmãos: É fiel Aquele que vos chama, e cumprirá as suas promessas. Mário e Nuno, que hoje, caminhando para o Diaconado e para o Presbiterado, sereis instituídos leitor e acólito. Quem vai garantir a vossa fidelidade no exercício destes ministérios? Vós? Os vossos formadores? Mais do que o nosso trabalho, mais do que podeis e deveis prometer hoje ao Senhor com humilde confiança, guardai amorosamente esta promessa de S. Paulo que a Igreja nos concede hoje como palavra de Deus: É fiel Aquele que vos chama, e cumprirá as suas promessas. Sim, a nossa fidelidade é possível quando está dependente da fidelidade do Senhor. É como a corrente de um curso de água. Esta não lhe faltará se permanecer ligada à nascente fecunda que a alimenta. Por isso, não tenhais medo! Confiai no Senhor, apoiai-vos na sua fidelidade e sereis fiéis!

5 - O Evangelho que ouvimos apresenta-nos S. João Batista como o Mensageiro enviado por Deus à frente do Seu Filho para Lhe preparar o caminho. Resumindo, essa é também a vossa missão. Ele, João, não era a luz, mas veio para dar testemunho da luz. Àqueles que lhe perguntaram: Quem és tu? Ele evitou a expressão Eu sou, que neste Evangelho aparece pronunciada apenas por Jesus, por ser, em hebraico, o nome de Deus. E antes de se apresentar com as palavras do livro de Isaías que indicam tão somente a sua missão, como nos impressionam as três respostas que deu às perguntas que lhe foram feitas! Quem és tu? Eu não sou o Messias. Eu não sou Elias. Não sou o profeta. Que dizes de ti mesmo? Eu? A voz do que clama no deserto: endireitai o caminho do Senhor!

Caros irmãos e irmãs: assim se apresentou S. João Batista. Assim se deve apresentar também hoje, todo aquele que o Senhor chama a exercer, na Igreja, o ministério pastoral e profético. Reduzindo-se a uma voz que brada no deserto torna-se invisível mas chama a atenção de quem o escuta para Aquele que o enviou e que há-de vir, para Aquele que está no meio de vós e que não conheceis, para o Senhor Jesus Cristo a Quem eu não sou digno de desatar as correias das sandálias e que tem o poder de vos batizar no Espírito Santo.

6 -  Para sermos verdadeiras testemunhas de Deus no meio desta geração materialista precisamos, irmãos, de ser homens de Deus, precisamos de O frequentar diariamente na oração, não apenas para podermos saber falar acerca d’Ele mas para O amarmos, e, vivendo n’Ele, podermos dar ao mundo aquele testemunho onde resplandecem a Verdade, a Beleza e a  Caridade. Para que isso aconteça nas comunidades desta diocese, oremos irmãos , oremos, oremos sem cessar, como hoje nos manda o Apóstolo S. Paulo. 


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