Ao afirmar que o homem é um corpo inteligente ou uma inteligência corporizada, teremos de referir que o nosso corpo é a primeira manifestação da Pessoa.
Como dizia o filósofo espanhol Julián Marías: “A pessoa humana é alguém corporal, é impensável sem o seu corpo, isto é, não se trata de um corpo nem de alguém incorpóreo. Os dois extremos são abstrações, reduções da nossa realidade”.
O corpo humano embora seja orgânico e material, não é um objeto fisico ou uma coisa, mas uma dimensão da Pessoa e por isso possui uma componente subjetiva e espiritual.
Nós somos Pessoas, não somos um ser qualquer. Nós não somos um “ que “ mas somos um “quem”, por exemplo quando nos batem à porta nós perguntamos:” quem é?” e não “o que é?”.
A inteligência corporal é a nossa capacidade de raciocinar, de chegar à essência das coisas, de pensar e de nos exprimirmos através da linguagem.
Há uma unidade entre a inteligência e o corpo, nunca aconteceu processos meramente corporais ou meramente espirituais. Ambos precisam uns dos outros e influenciam-se mutuamente de modos muito diversos. A inteligência é o que nos distingue dos animais. É através do pensamento que sabemos o que é bom e o que é mau e nos libertamos do instinto, tal não acontece com os animais.
Temos também a liberdade para optarmos pelo bem que nos leva à vida eterna, pois o corpo humano participa da dignidade da “ imagem de Deus” que, animado pela alma espiritual, se torna templo do Espirito Santo. No corpo do homem o espirito e a matéria, não são duas naturezas unidas, mas a sua união forma uma única natureza.
Neste ponto convém relembrar algumas das inúmeras facetas, tal como o significado do rosto, da beleza, do vestuário, do contacto corporal, da dança, pois cada parte do nosso corpo tem um significado próprio, através do qual estabelecemos uma relação de comunicação com os outros. Através dele transmitimos inúmeras mensagens não-verbais; a inquietação, a indiferença, o sorriso etc. e às vezes fazemo-lo com mais verdade do que através das palavras. “ O corpo humano está configurado para cumprir funções não orgânicas”, isto é, para permitir que a pessoa exprima e desenvolva as suas possibilidades psíquicas e espirituais através da corporalidade.
Ao comunicarmos com os outros, temos sempre a responsabilidade e a liberdade de escolher a maneira como tratamos os que nos rodeiam. Deus deu-nos estas capacidades mas compete a nós desenvolvê - las para o bem ou para o mal e é nesta possibilidade que consiste a nossa liberdade.
Tudo o que acontece de bom está previsto por Deus e ordenado para Salvação do homem, se é mau Deus não o quis mas permite-o porque respeita a liberdade do homem e a ordem natural.
O conhecimento do nosso corpo e o dos outros implica uma reflexão profunda sobre o Homem, o sentido da vida, as realidades humanas e espirituais.
Luísa Loureiro |
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