O Papa Francisco encontrou-se, no Vaticano, com o secretário-geral da ONU, António Guterres, tendo ambos gravado uma mensagem conjunta, em vídeo, contra a indiferença, a intolerância religiosa e a destruição do planeta.
“Não podemos, não devemos virar a cara para o outro lado, quando os fiéis de várias religiões são perseguidos em várias partes do mundo”, alerta o Papa, que recusa também o uso da religião “para incitar ao ódio, à violência, à opressão, ao extremismo e ao fanatismo cego”.
Na mensagem, gravada no final do encontro, que decorreu sexta, 20 de Dezembro, ambos evocam vários dos dramas do mundo: guerras, violência, miséria, injustiças, desigualdades, fome, pobreza, crianças abusadas ou que morrem por falta de água, migrações forçadas e desrespeito pela vida.
“Não podemos, não devemos olhar para o outro lado perante as injustiças, as desigualdades, o escândalo da fome no mundo, da pobreza, das crianças que morrem porque não têm água, comida e cuidados necessários. Não podemos olhar para o lado diante de qualquer tipo de abusos contra os mais pequenos. Devemos, todos juntos, combater esta praga”, afirmou o Papa.
O Papa, que se dirigiu a Guterres em castelhano, reitera ainda a crítica à corrida armamentista e, em particular, o armamento nuclear: “É imoral não somente o uso, mas também a posse de armas nucleares”, diz.
António Guterres, que falou em inglês, diz-se triste por ver comunidades cristãs, algumas entre as mais antigas do mundo, que não podem celebrar o Natal em segurança. E acrescenta: “Tragicamente, vemos judeus a serem assassinados em sinagogas, as suas lápides vandalizadas com suásticas; muçulmanos mortos a tiro nas mesquitas, os seus locais de culto profanados; cristãos mortos em oração, as suas igrejas incendiadas. Temos de fazer mais para promover a compreensão mútua e combater o ódio crescente”, referiu o secretário-geral da ONU.
Na sua conta na rede social Twitter, o secretário-geral das Nações Unidas saudou o papel do Papa como “mensageiro de esperança e dignidade”, na “protecção do planeta”, dos direitos humanos, dos refugiados e migrantes, “construindo pontes entre comunidades”. “Precisamos da sua voz moral, mais do que nunca”, sublinhou.
Já antes, em entrevista ao portal de notícias do Vaticano, Guterres tinha elogiado o papel do Papa na defesa da paz e das causas ambientais, referindo que Francisco é “uma voz forte sobre a crise climática, sobre a pobreza e sobre a desigualdade, sobre o multilateralismo, sobre a protecção dos refugiados e migrantes, o desarmamento e sobre muitas outras questões importantes”, como resume a Ecclesia.
O registo vídeo das duas mensagens pode ser visto a seguir:
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