História de Antonia Lynn, primeira mulher a ser ordenada diácono na Igreja Anglicana e agora se converteu ao catolicismo. "Fico triste com essa inovação da mulher bispo, afirma
Roma, 02 de Janeiro de 2015 (Zenit.org) Federico Cenci
O Cristianismo no exterior vive uma fase crucial.
Consagrando, no dia 26 de Janeiro, a primeira mulher bispo, a Igreja
Anglicana está se preparando para dar mais um passo de distanciamento da
tradição apostólica e da sua história milenária. Enquanto isso,
continua a hemorragia para Roma de fieis e religiosos da Igreja nascidos
do cisma de Henrique VIII.
Primeira mulher Anglicana a ser ordenada diácono na década de 80,
Antonia Lynn é agora um dos casos mais marcantes de conversão ao
catolicismo. A sua história nos últimos meses ultrapassou as fronteiras
do Reino Unido encontrando ressonância ampla como resultado do "avanço
progressista" da Igreja Anglicana.
Antonia abriu sua alma ao site ReligionEnLibertad, contando sua
jornada de fé, dos primeiros passos no cristianismo professado à sua
entrada como leiga no Ordinariato anglo-católico de Nossa Senhora de
Walsingham. Dentro dessa trajectória, é particularmente importante o
segmento que vai de 1984 a 1987.
Em 1984 foi ordenada diaconisa (ordem não inserida na hierarquia da
igreja) e, em 1987, quando a lei mudou, foi ordenada diaconisa
permanente. "Estive entre as últimas diaconisas e a primeira a ser
ordenada diaconisa permanente", diz. Entre as duas funções, apesar da
semelhança dos termos que as descrevem, há diferenças substanciais.
A própria Antonia enfatizou as características próprias de uma
diaconisa permanente: “Trabalhava em estreita colaboração com o clero:
podia pregar, ajudar (os sacerdotes, n.d.e.) durante as missas,
funerais, dar a comunhão aos doentes e dar catequese na paróquias ".
Eram três as paróquias em que estava servindo, e também foi capelã da
escola anglicana.
No ano jubilar de 2000, no entanto, o seu percurso sofreu uma
reviravolta. Depois de um período de trabalho interior, decidiu
converter-se à Igreja católica aproximando-se do Ordinariato ao qual
pertence hoje. “Tive uma longa sensação de que através do ministério
Anglicano eu estava compartilhando a Palavra de Deus com os outros",
diz. Mas em algum momento percebeu que poderia canalizar esse desejo de
outra forma, sem necessidade de vestir um hábito.
"Hoje eu faço (aquelas mesmas coisas, n.d.e) por meio do ensino,
ajudando as pessoas no meu programa da catequese paroquial." Antonia se
sente ainda uma “serva” (que em grego antigo se diz precisamente
διάκονος), embora de uma maneira diferente do que antes. "Peço ao Senhor
para me ajudar a entender como servir, como católica, e sem um papel
pastoral, e que me dê a humildade necessária para compreender que agora
sou também uma ovelha”, reflete. É da opinião de que o ‘génio feminino’
pode dar muito à Igreja, "mas isso não passa pela ordenação sacerdotal".
A partir dessa reflexão nasceu seu "novo relacionamento com Jesus, mais
profundo".
Nova relação que implicou uma escolha corajosa. Antonia ainda tem na
memória as palavras dos seus amigos, que não não compreendiam como
poderia abandonar as “seguranças” de um “trabalho seguro” na Igreja
anglicana. Alguns deles pertencem ao passado de Antonia e decidiram
romper relações após a sua passagem para o catolicismo. Segundo ela,
"ainda há um forte sentimento anti-católico difundido na Inglaterra,
como resultado da história do país, eu acho".
Antonia destaca que aqueles que querem deixar o anglicanismo para
entrar em comunhão com Roma, devem esperar perder alguns amigos. Não só
decepções, no entanto, aquela experiência de descoberta rendeu surpresas
felizes também. "Fiquei comovida com a saudação de muitos amigos
verdadeiros – disse - , que embora não compartilhem as minhas razões ou
não as compreendam, foram capazes de compartilhar a minha alegria”.
As preocupações de Antonia sobre diferenças doutrinárias entre os
cristãos têm raízes profundas. Desde a faculdade, quando começou a
aprofundar a sua relação com a fé, as divisões sempre a afectaram
negativamente. “Falava-se que a Igreja anglicana é como um clube de
debates –disse -. Pode parecer pouco gentil, mas um pouco é verdade”.
Nesse sentido é significativo que entre os anglicanos “as questões
doutrinais são decididas ou trocadas por votação, sem preocupação pelos
obstáculos que podem causar à unidade dos cristãos”.
A sua proximidade da Igreja Católica aconteceu graças à leitura dos
testemunhos de pessoas convertidas ao catolicismo e ao acompanhamento de
um guia espiritual, “que me ajudou a discernir sem impor-me a sua
visão”, comenta. Mas o papel principal foi da oração. Este o conselho
que dá aos anglicanos: “Eu acho que a coisa mais importante é orar
pedindo a Deus para ajudar-nos a ter um profundo desejo de fazer parte
da Igreja universal, em comunhão com Pedro, e de ajudar-nos a avaliar se
este desejo é mais forte do que as resistências à mudança”.
Oração que neste momento Antonia dirige a um motivo particular. “Me
entristece a dor e a divisão que acontecerá depois da recente inovação
das mulheres bispo – explica – e rezo pelos meus amigos anglicanos,
tanto pelos que se alegram quanto pelos que lamentam”.
(02 de Janeiro de 2015) © Innovative Media Inc.
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