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quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

«Perdoei o meu pai que me obrigou a abortar, ainda que não se arrependa de ter-me coagido»

As orações de Theresa afinal deram fruto 

O perdão e a misericórdia de Deus comparou-se muitas vezes
com a imensidade e luminosidade do mar
Actualizado 31 de Dezembro de 2014

Theresa Bonopartis / Aleteia

Publicamos este testemunho de Theresa Bonopartis, uma mulher que se arrependeu de ter abortado, pressionada pelo seu pai. Implicou-se no ministério provida das Sisters of Life (uma ordem religiosa dos EUA especializada na defesa da vida e o acompanhamento a grávidas e mulheres magoadas pelo aborto). E rezou pelo seu pai durante anos. Esta é a sua história, que tomamos do portal Aleteia.

***

“Theresa, necessitas aceitar a possibilidade de que o teu pai nunca se arrependa de obrigar-te a abortar”. Nunca esquecerei estas palavras que me disse o meu director espiritual.

Estive rezando uma novena a Nossa Senhora de Czestochowa durante anos. De facto, ela é a patrona do ministério pós-aborto Entering Canaan que eu comecei com as Sisters of Life.

Forçada a abortar pelo meu pai quando era adolescente, pedi-lhe a ela diariamente que mudasse o coração do meu pai e a levasse à misericórdia do seu Filho.

O pensamento de que o meu pai nunca se abriu à graça de ser perdoado era algo que eu não queria aceitar. Recitei essa oração diariamente durante vinte anos.

Perdoar o meu pai não foi fácil. Quis poder dizer que acreditava que estava fazendo o melhor para mim quando me obrigou a abortar, mas o meu pai estava preocupado pelas aparências, e depois soube que estava implicado em outros abortos.

A morte do meu menino não nascido alterou toda a minha vida, e a luta com o abandono e o perdão não a superei facilmente.

Só através da minha própria cura e a graça de Deus fui capaz de começar a mostrar ao meu pai a misericórdia e o perdão que Deus me mostrou a mim.

É difícil abraçar um coração que não se arrepende. Isto pode-nos encher de zanga, ressentimento e inclusive ódio se o permitimos. A escolha de perdoar deve ser feita uma e outra vez, porque esta é a escolha que Deus quer que façamos.

Isto, por suposto, não significa que tenhamos que abrir-nos a ser feridos de novo, mas sim que necessitamos libertar-nos do peso que esses sentimentos podem ter nas nossas vidas.

O meu aborto impactou toda a minha família. A devastação que trouxe nunca se foi do nosso lado ainda que não se falasse disso ou se negasse. Incontáveis famílias experimentam este afastamento, especialmente quando há coacção. E contudo, muitos rejeitam dar-se conta do pecado da sua implicação no aborto.

Muitas mulheres procuram engravidar de novo para “substituir” a criança que perderam ou, simplesmente, procurando amor e afirmação, e voltam a encontrar-se grávidas, sem casar-se, e de novo com as pressões de abortar.

Os pais e companheiros das grávidas continuam sem apoiá-las na sua decisão pela vida. Assim que o acto se repita, apesar do dano que produz.

Os seus medos são maiores que a sua confiança em Deus.

É muito difícil continuar mostrando amor incondicional por pessoas assim. Podemos estar cegos perante qualquer coisa menos perante a destruição do bebé não nascido e a dor que causou a sua coacção, mas ainda assim temos que oferecer a misericórdia de Deus tanto se a quer como se não. Não é uma tarefa fácil, é impossível sem a graça de Deus.

Devemos recordar sempre que esta gente está perdida. Devemos tentar iluminar-lhes o caminho até Cristo.

No final da sua vida, graças ao Céu, o meu pai arrependeu-se. Confessou-se e disse-me que o sentia.

As últimas palavras até ele foram pedir-lhe que abraçasse o meu menino não nascido quando o visse no céu.

Cristo veio para chamar os pecadores.

Necessitamos aprender a lição do Advento e ter paciência e esperar, porque nunca sabemos como Deus actua nos corações das pessoas. Há os que continuam rejeitando a misericórdia de Deus, mas a nossa tarefa é continuar oferecendo-a, sem saber se no último minuto se arrependerão.

Que as nossas vozes se unam aos coros dos anjos, rezando pela reconciliação dos que não se arrependem, conforme nos aproximamos do Nascimento do que é a Misericórdia em pessoa.


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