A resposta de um pároco às perguntas de alguns jovens fiéis "insistentes demais"
Roma, 26 de Janeiro de 2015 (Zenit.org) Pe. Antonio Grappone
Primeiro, o soco. O grupinho “pacifista e evangélico” está
escandalizado: “Nós sempre damos a outra face”, declaram. Talvez seja
verdade.
Depois, a história dos coelhos. Os jovens que são pura tradição
(mas será que sabem do que falam?), com a medalha de católicos
perfeitos, estão feridos. Mas...
Estas reacções demonstram apenas ignorância, meus caros jovens. Será
que nós lemos o que o papa disse? Tentamos entender? Ou só vimos as
manchetes na internet, que, em muitos casos, são fuxicos miseráveis e
nem um pouco inocentes de “ilustres” jornalistas ou “autodenominados”
teólogos?
O papa Francisco ama a comunicação directa e não se preocupa em ser
subtil, especialmente nas conversas informais. Mas ele sempre diz a
verdade. Ele não se preocupa em equilibrar cada coisa que diz: ele é o
papa, fala dentro de um contexto mais amplo, que é o Magistério da
Igreja, e dentro do magistério pessoal, que, não custa lembrar, é o
magistério petrino.
A jogada dos senhores da informação, dos vendedores de fumaça, é
precisamente a de desacreditar o magistério, seja diante de quem se opõe
a ele, seja diante de quem o apoia, embora vários apoiem o que lhes
convém, deformando todo o sentido. Querem dividir a Igreja. “Divide et
impera”, como de fato acontece. E não poucos (e bons) católicos se
prestam a esse jogo. Não podemos continuar caindo na armadilha!
O papa Francisco conhece muito bem esses problemas e por isso
escreveu a Evangelii gaudium, a exortação apostólica que contém as
directrizes do seu modo de agir e de todas as suas afirmações. É preciso
estudá-la melhor! O papa quer evangelizar, chegar a todos, não pode usar
sempre uma linguagem especializada e pomposa. Ele quer chamar a todos à
conversão, começando por si mesmo.
Até os pais de muitos filhos, que o Santo Padre estima e encoraja,
precisam ser chamados à conversão. Ter filhos, em si, não é garantia de
nada: em muitas partes do mundo existe uma frequente irresponsabilidade
com os filhos, gerados e abandonados a si mesmos e às ruas. O papa vem
desses lugares, dessas situações.
E depois, meia dúzia de ocidentais que clamam o direito de insultar
impunemente as religiões (ah, vejam que curioso, em particular a
nossa!)... E, no mesmo país, se alguém afirma que o casamento é entre um
homem e uma mulher, corre o risco de ir para a cadeia!
Mas a questão é outra. O papa é amado “independentemente”. É o sinal
visível da unidade da Igreja. Ele é, na terra, a Cabeça do Corpo de
Cristo entre os homens do nosso tempo. Nele a Igreja encontra unidade e é
universal. Muitas confissões cristãs não têm o presente do papa e,
sejamos claros, isso é algo que se faz notar. A comunidade desmorona, a
Tradição se perde ou se mumifica, a Igreja se deteriora.
Santa Catarina, que é Doutora da Igreja, chamava os papas de “doce
Cristo na terra”. E os papas do tempo dela foram Gregório XI e Urbano
VI, ambos discutíveis e discutidos. Basta pensar que com o papa Urbano
aconteceu um grave cisma. Catarina, porém, amou os dois, apoiou os dois.
Se ela os chamou a honrar o seu dever, foi porque Cristo directamente
lhe deu esta ordem, que ela cumpriu de forma estritamente privada,
pessoalmente ou por meio de cartas, que se tornaram públicas só depois
da morte da santa e dos papas. Não eram artigos de jornal!
Diante de Pedro, mesmo que ele diga ou faça coisas que não nos
agradam, só tem sentido o respeito e a gratidão. A menos que sejamos
perfeitos alienados. Não é questão de ver quem tem razão, mas de
considerar os papéis que Deus deu à Igreja.
Eu também, às vezes, demoro a entender o papa. Nesses casos, quando
se trata de algo importante, escuto com mais atenção e leio melhor as
declarações sobre o tema, porque não acho sensata a ideia de que eu
tenha toda a verdade católica no bolso e o papa não.
No final das contas, estou sempre de acordo com o Santo Padre.
Aprendi a compreender as preocupações dele, mesmo que inicialmente não
fossem as minhas, e, assim, elas se tornaram minhas também. Além do
mais, o papa é o papa. Demos graças a Deus por ele e rezemos por ele!
(26 de Janeiro de 2015) © Innovative Media Inc.
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