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terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Salvos de Auschwitz, logo atrás do Pantheon

No momento da maior perseguição nazista, muitos refugiados, incluindo 50 judeus, foram escondidos no seminário francês em Roma pelo clero católico


Roma, 26 de Janeiro de 2015 (Zenit.org) Paweł Rytel-Andrianik


Na rua Santa Chiara em Roma, atrás do Pantheon está localizado o Pontifício Seminário Francês. Com mais de 160 anos de história no coração da Capital, o seminário tem um grande passado, que agora ganha outra peça valiosa. Recentemente descobriu-se que, apesar das ameaças e riscos de uma Roma ocupada pelos nazistas, o seminário francês escondeu refugiados e perseguidos, incluindo 50 pessoas de religião judaica.

No arquivo do Seminário é mantido a lista de judeus que foram salvos pelo clero católico no momento em que os nazistas estavam caçando-os para levá-los para os campos de extermínio. Na lista encontra-se nomes de famílias como Antonini, Berger, Montbillard, Ortolani, Properti, Rosenzweig, Sacerdoti, Schimel, Toscano, Schwarz e outros.

Olhando cuidadosamente a lista descobrimos que famílias inteiras foram salvas. Entre elas estava a família de Gilda Sabatello, que em uma carta de 2007, agradeceu a gentileza e hospitalidade dada ao seu marido e ao seu primo, escondidos no seminário durante o período do Holocausto.

O seminário francês é a descoberta mais recente entre igrejas, paróquias, escolas, faculdades, instituições religiosas que a Igreja usou para esconder e salvar os judeus. Na cidade de Roma, a comunidade judaica certificou que a Igreja Católica salvou 4.447 judeus da perseguição nazista.

Uma lista detalhada de onde e de quantos judeus foram escondidos em instituições da Igreja foi concluída em 1945 pelo Padre Beato Ambord, então encarregado pela radiodifusão em alemão da Rádio Vaticano.

A senhora Iris Rub-Rothenberger, que também actuava na emissora, disse que o número de refugiados judeus em casas religiosas foi controlado através de uma pesquisa realizada nos conventos.

De acordo com a lista, cerca de 100 conventos, 45 casas religiosas e 10 paróquias ofereceram asilo aos judeus. Entre estas destacam-se os Franciscanos de São Bartolomeu na Ilha que, perto do Ghetto, escondeu 400; as casas das freiras deram asilo a 2.775 pessoas; os religiosos e paróquias salvaram 992 refugiados.

Supõe-se que esta lista é ainda maior, ao passo que não foram tendo em conta os judeus salvos no Vaticano, em Castel Gandolfo, no Seminário de Latrão ou em outras instituições ligadas à Santa Sé.

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