Cidade do Vaticano, 23 Jan 2015 (Ecclesia) - O Papa defende na sua mensagem para o Dia Mundial das Comunicações Sociais (DMCS) 2015, divulgada hoje, uma educação para o pluralismo, no interior de cada família.
“Uma criança que aprende, em família, a ouvir os outros, a falar de modo respeitoso, expressando o seu ponto de vista sem negar o dos outros, será um construtor de diálogo e reconciliação na sociedade”, escreve Francisco.
A segunda mensagem do Papa para o DMCS é dedicada ao tema ‘Comunicar a família: ambiente privilegiado do encontro na gratuidade do amor’.
O texto realça que a informação é importante, “mas não é suficiente”, porque muitas vezes “simplifica, contrapõe as diferenças e as visões diversas”, em vez oferecer uma visão de conjunto.
“O desafio que hoje se nos apresenta é o de aprender de novo a narrar, não nos limitando a produzir e consumir informação”, observa.
Nesse sentido, o Papa explica que narrar significa compreender que todas as vidas "estão entrelaçadas numa trama unitária, que as vozes são múltiplas e cada uma é insubstituível".
O texto assinala que as comunidades católicas têm a responsabilidade de ajudar os pais a ensinar os filhos “a viver, no ambiente da comunicação, segundo os critérios da dignidade da pessoa humana e do bem comum”.
“Descobrindo diariamente o centro vital que é o encontro, este ‘início vivo’, saberemos orientar o nosso relacionamento com as tecnologias, em vez de nos deixarmos arrastar por elas”, realça.
Francisco sustenta que, apesar de as novas tecnologias de comunicação poderem “dificultar” a comunicação em família, também é verdade que a podem favorecer, quando “ajudam a narrar e partilhar, a permanecer em contacto com os de longe, a agradecer e pedir perdão, a tornar possível sem cessar o encontro”.
O Papa justifica a escolha do tema da família com o actual processo sinodal que está em curso, para promover “uma profunda reflexão eclesial”.
“A família é o primeiro lugar onde aprendemos a comunicar”, sublinha a mensagem.
Francisco recorda que é em cada família que mais se sentem as “limitações, próprias e alheias, os pequenos e grandes problemas da coexistência”.
“Não existe a família perfeita, mas não é preciso ter medo da imperfeição, da fragilidade, nem mesmo dos conflitos; o que é preciso é aprender a enfrentá-los de forma construtiva”, observa, antes de propor o que denomina como “escola de perdão”.
Francisco contraria o discurso que apresenta a família como um “problema” e convida a Igreja a “comunicar a beleza e a riqueza do relacionamento entre o homem e a mulher”.
O Papa lamenta que os meios de comunicação social tendam a apresentar a família como um modelo abstracto" que é preciso "aceitar ou rejeitar, defender ou atacar", ou como se fosse "uma ideologia de alguém contra outro".
“Não lutemos para defender o passado, mas trabalhemos com paciência e confiança, em todos os ambientes onde diariamente nos encontramos, para construir o futuro”, conclui.
O Dia Mundial das Comunicações Sociais, única celebração do género estabelecida pelo Concílio Vaticano II (decreto ‘Inter Mirifica’, 1963), é celebrado no domingo que antecede o Pentecostes (17 de Maio, em 2015).
A mensagem do Papa foi publicada na véspera da festa litúrgica de São Francisco de Sales, padroeiro dos jornalistas (24 de Janeiro).
OC
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