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sábado, 31 de janeiro de 2015

10 bons propósitos para recordar e por em prática nas nossas famílias no novo ano

Comunicação, criatividade, sensatez... Família forte!  

Cada ano, e de facto cada dia, dá-se-nos como uma oportunidade
mais de melhorar junto aos nossos seres queridos
Actualizado 3 de Janeiro de 2015

Marco Antonio Guizar Ponce

Estes dez princípios podem-se aplicar sempre na família, mas o início de ano é uma boa desculpa para analisá-los e fazer propósito de melhorar neles.

1- Disponibilidade
Consiste em dedicar tempo (que é o que menos temos!) a atender os nossos filhos e esposo/a. Com os adolescentes, por exemplo, não vale o de "este tema já o falaremos no sábado com tranquilidade, querido". Para o sábado, a tua filha de 13 anos já se embebedou com uma amiga e vão fazer o que se lhes ocorra, porque o pai estava deslocalizado, como as empresas. Há que estar disponível, porque há problemas que só se gerem no momento em que o outro se anima a colocá-lo e pede para ser escutado. Recordemos que os nossos pais, ao morrer, só nos deixam realmente o tempo que passaram connosco. Demos tempo ao outro.

2- Comunicação entre pais e filhos
Que os pais falem menos e escutem mais. Em muitas famílias, quando um pai ou mãe disse "filho, temos que falar", o rapaz pensa "ui, mau, mau". Porquê? Porque sabe que os pais quando dizem "temos que falar" querem dizer "vou-te dar um discurso por algo teu que não gostei". Isto mudaria se os pais fizessem-se um propósito: dedicar 75% a escutar e só 25% a falar.

Escutar os filhos (ou o cônjuge, a qualquer) é um esforço activo. Há que soltar o diário, tirar o volume da TV, girar a cabeça até quem te fala, olhar os olhos, expressar atenção. Isso é escuta activa, que é a que serve para melhorar a auto-estima da tua família. 

3- Coerência nos pais, auto-exigência nos filhos
É-se coerente quando o que se pensa, sente, diz e faz é uma só e mesma coisa. Não tem sentido dizer às crianças desde o sofá: "eh tu, ajuda a mamã a tirar a mesa". Há que dar exemplo primeiro.

Tu, pai, tens de tirar a mesa durante 5 dias, que te vejam. O quinto dia dizes ao teu filho: "vem, agora entre os dois". E dois dias depois: "estou orgulhoso de ti, agora já aprendeste e já podes tirar a mesa sozinho". E ele se sentirá orgulhoso de tirar a mesa. Assim aprendem a autoexigir-se, que é muito melhor que tê-los vigiados 24 horas ao dia. Isto é um progenitor potenciador, motivador, animador e protector ao mesmo tempo.

Também pedimos às crianças que estudem mas vêem-nos a nós estudar, ler revistas do nosso ofício, pôr-nos em dia na nossa especialidade? Temos de poder dizer: "olha, filho, nós também estudamos".

4- Ter iniciativa, inquietudes e bom humor, especialmente com o cônjuge
Estes três factores são úteis para a auto-estima familiar. Em Espanha o bom humor não costuma escassear. Mas a rotina é um inimigo nas relações conjugais e com os filhos. O ponto-chave é que haja criatividade e iniciativa na vida de casal e isso se contagiará a toda a família. As melhores horas devem ser para partilhar com o esposo ou esposa.

Ser papá ou mamã não deve fazer-nos esquecer que somos "tu e eu, querido, nós". Criatividade é iniciativa protegem o casal da rotina. Quando há rotina, é fácil que um dos dois procure a "magia" ansiada fora, em outras relações. Pelo contrário, se o casal vai bem, os filhos aprendem a sua "educação sentimental" simplesmente vendo como se tratam papá e mamã, vendo que se admiram, se acariciam, se louvam, são cúmplices. "Quando for mais velho tratarei a minha mulher como papá a mamã", pensam os meninos entusiasmados. Isso dá-lhes auto-estima.

5- Aceitar as nossas limitações e as dos nossos
Há que conhecer e aceitar as tuas limitações, as do teu cônjuge, as dos teus filhos. Mas é importantíssimo não criticar o outro perante a família, não criticar a tua cônjuge perante as crianças, ou a uma criança perante os irmãos, comparando um irmão "bom" com um "mau". Isso faz sofrer o filho e tira-lhe auto-estima. É melhor levá-lo à parte e falar.

6- Reconhecer e reafirmar o que vale a outra pessoa
Sejamos sinceros: não tem sentido que andemos chamando "campeão" ao nosso filho que nunca ganhou nada. Se perdeu um jogo de futebol, não o chames campeão. Há-de aprender a tolerar a frustração, acompanhado, isso sim. Também temos de saber (grandes e pequenos) que somos bons numas coisas e não em outras. "Filho, pareces bom em A e em B, mas creio que C não é o teu". Reafirmemos o outro no que vale, e se verá a si mesmo como o que é, uma pessoa valiosa. 

7- Estimular a auto-estima pessoal
Cada um se faz bom à medida que vai fazendo coisas boas. É importante que o entendam os filhos. O que se faz é importante: fazer coisas boas faz-nos bons a nós. Esta ideia ajuda a ter autonomia pessoal, fazer as coisas por nós mesmos, para melhorar-nos.

8- Desenhar um projecto pessoal
Não irás muito longe se não sabes onde queres ir. Ficares quieto não é factível, cada um tende a voltar a ficar-se atrás. Tens de ter um projecto pessoal para crescer, e atender e ajudar a discernir e potenciar os projectos dos teus.

9- Ter um nível de aspirações alto mas realista
Temos de jogar entre o possível e o desejável. Se aspiramos alto, valorizar-nos-emos bem, teremos auto-estima. Mas, é factível? Devemos conjugar um alto nível de aspirações com a realidade das nossas capacidades e recursos.

10- Escolhamos bons amigos e amigas
O individualismo é o cancro do século XXI. Nós e os nossos filhos estamos atados a máquinas gratificantes: o DVD, a TV, a vídeo-consola, Internet... O trabalho solitário vai minando a amizade verdadeira. Os amigos comprometem muito e o individualista não gosta dos compromissos!

Sem dúvida, necessitamos mais que nunca amigos humanos, pessoas, grandes e bons amigos, com os quais partilhar muitas horas, conversas sinceras e próximas, amizades de verdade, que te apoiem e te conheçam autenticamente, que te aceitem com as tuas falhas e potenciem o melhor em ti. Seleccionar amigos assim para ti e para os teus é o melhor investimento.

Uma família que trata de seguir estes princípios contribui para melhorar a estima nos seus filhos e a auto-estima neles mesmos. Há finalmente 3 ideias mais a considerar:

1) Segundo Chesterton, o natural tende ao sobrenatural enquanto o que não se sobrenaturaliza se desnaturaliza. É certo. Temos de entender que a auto-estima, o amar e o amar-se, é sobrenatural. Pensaste em como te ama Deus, no grande, o sobrenatural do Seu amor por ti? Pensa-o. És muito especial para Ele. Quando vivas este amor, comunica-o aos teus filhos.

2) Boa parte do sofrimento inútil no mundo produz-se porque em algumas ocasiões nas quais deveríamos dedicar-nos a pensar, pomo-nos a sentir; e em ocasiões que são para sentir, pomo-nos a pensar. Evitemos este sofrimento inútil: há momentos para pensar e momentos para sentir.

3) Se lutas, podes perder, mas se não lutas já estás perdido. Se lutas pela tua vida familiar, não estás perdido.
Recorda isto: O Amor não é um sentimento... É uma atitude.


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