Reitora da Antonianum explica a presença das mulheres na Igreja Católica
Roma, 22 de Janeiro de 2015 (Zenit.org) Deborah Castellano Lubov
A nomeação de Irmã Mary Melone, S.F.A. como reitora da
Pontifícia Universidade Antonianum é um marco histórico. É a primeira
vez na história da Igreja que uma mulher assume o cargo de reitora em
uma Universidade Pontifícia. Nascida em La Spezia, dia 16 de Agosto de
1964, a professora pertence ao Instituto Religioso das Irmãs
Franciscanas Angeline.
Formada em pedagogia na Universidade Livre de Maria Assunta, tem
doutorado em Teologia Dogmática pela Pontifícia Universidade Antonianum;
presidiu o Instituto Superior de Ciências Religiosas "Redemptor
Hominis" da mesma universidade no ano lectivo de 2001-2002 e no ano
lectivo de 2007-2008; em 02 de Março de 2011, foi nomeada professora na
Faculdade de Teologia; é presidente da Sociedade Italiana de Pesquisa
Teológica (SIRT). Em 16 de Julho de 2014 foi nomeada pelo Papa Francisco
consultora da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e
Sociedades de Vida Apostólica; em Outubro de 2014, foi eleita reitora da
Pontifícia Universidade Antonianum.
ZENIT: O que a senhora sente, sendo a primeira mulher nomeada reitora de uma Universidade Pontifícia?
A minha reacção emocional foi de grande surpresa: como todos, eu não
achava possível essa nomeação. Não porque sou mulher, mas porque a
Universidade é uma expressão da Ordem dos Frades Menores, e para mim era
normal que a Ordem quisesse administrar directamente uma instituição tão
importante. Em vez disso, a Ordem demonstrou uma grande abertura a toda
a família franciscana, também às mulheres, bem como uma grande
seriedade e coerência no cumprimento dos critérios académicos através
dos quais é votado o reitor da comunidade académica da universidade.
Esta abertura foi compartilhada com a Congregação para a Educação
Católica da Santa Sé, que é responsável pela nomeação final.
ZENIT: Quais são os prováveis desafios a serem enfrentados como reitora e como mulher?
Eu acho que o papel de reitor requer habilidades fundamentalmente académicas que vão além de ser homem ou mulher. Desafios que dizem
respeito à capacidade de uma universidade se abrir para o nosso tempo,
mantendo-se ancorada à própria tradição. No entanto, é verdade que ser
mulher traz algumas especificidades, especialmente na maneira de aceitar
e enfrentar esses desafios; acho que a sensibilidade feminina dá muita
importância às relações, ao escutar e ao acolher, que devem ter.
ZENIT: Existe um grande debate sobre o papel das mulheres dentro da Igreja Católica. O que a senhora pensa?
Certamente o papel das mulheres na Igreja está mudando, e se abrem
mais oportunidades para funções de responsabilidade. Este é um dos
objectivos reafirmado pelo Papa Francisco, que continua a exortar sobre a
inclusão das mulheres na Igreja em todos os níveis, reconhecendo a sua
contribuição insubstituível. Os Papas anteriores já tinham começado a
confiar funções de "governança" a algumas mulheres. Por exemplo,
gostaria de referir a nomeação da Irmã Enrica Rosanna, fma, como
subsecretária da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e
Sociedades de Vida Apostólica (CIVCSVA).
ZENIT: Nos meios de comunicação e no pensamento comum o papel da
mulher na Igreja é alvo de muita incompreensão e preconceito. O que a
senhora poderia dizer sobre isso?
Devemos reconhecer mais a grande capacidade de reflexão e de gestão
que as mulheres têm e que pode ser colocado a serviço das diversas
comunidades eclesiais. Permitam-me uma referência pessoal: Eu sou
religiosa e sei muito bem o quão grande e significativo são as obras que
as religiosas criam e administram no mundo. Algumas obras simples e
outras grandiosas, muitas estão na vanguarda e muitas são levadas
adiante com muito sacrifício, e muitas destas infraestruturas garantem a
formação cultural e intelectual dos jovens.
ZENIT: Alguns, até mesmo entre os católicos, argumentam que as mulheres devem ter mais poder...
Eu não acho que as mulheres devem alimentar uma "mentalidade" de
conquista na Igreja e nas funções de governo. Essa não deve ser a nossa
postura: nós mulheres sempre ajudamos a construir a Igreja de modo
único, precioso e insubstituível, embora muitas vezes incompreendido.
Minha esperança é, portanto, muito simples: investir mais e mais em
nossa formação e preparação, para continuar a cooperar activamente na
construção da Igreja. Desta forma, garantiremos o espaço que merecemos!
(22 de Janeiro de 2015) © Innovative Media Inc.
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