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sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Irmã Mary Melone, primeira mulher a chefiar uma Universidade Pontifícia

Reitora da Antonianum explica a presença das mulheres na Igreja Católica


Roma, 22 de Janeiro de 2015 (Zenit.org) Deborah Castellano Lubov

A nomeação de Irmã Mary Melone, S.F.A. como reitora da Pontifícia Universidade Antonianum é um marco histórico. É a primeira vez na história da Igreja que uma mulher assume o cargo de reitora em uma Universidade Pontifícia. Nascida em La Spezia, dia 16 de Agosto de 1964, a professora pertence ao Instituto Religioso das Irmãs Franciscanas Angeline.

Formada em pedagogia na Universidade Livre de Maria Assunta, tem doutorado em Teologia Dogmática pela Pontifícia Universidade Antonianum; presidiu o Instituto Superior de Ciências Religiosas "Redemptor Hominis" da mesma universidade no ano lectivo de 2001-2002 e no ano lectivo de 2007-2008; em 02 de Março de 2011, foi nomeada professora na Faculdade de Teologia; é presidente da Sociedade Italiana de Pesquisa Teológica (SIRT). Em 16 de Julho de 2014 foi nomeada pelo Papa Francisco consultora da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e Sociedades de Vida Apostólica; em Outubro de 2014, foi eleita reitora da Pontifícia Universidade Antonianum.

ZENIT: O que a senhora sente, sendo a primeira mulher nomeada reitora de uma Universidade Pontifícia?
A minha reacção emocional foi de grande surpresa: como todos, eu não achava possível essa nomeação. Não porque sou mulher, mas porque a Universidade é uma expressão da Ordem dos Frades Menores, e para mim era normal que a Ordem quisesse administrar directamente uma instituição tão importante. Em vez disso, a Ordem demonstrou uma grande abertura a toda a família franciscana, também às mulheres, bem como uma grande seriedade e coerência no cumprimento dos critérios académicos através dos quais é votado o reitor da comunidade académica da universidade. Esta abertura foi compartilhada com a Congregação para a Educação Católica da Santa Sé, que é responsável pela nomeação final.

ZENIT: Quais são os prováveis desafios a serem enfrentados como reitora e como mulher?
Eu acho que o papel de reitor requer habilidades fundamentalmente académicas que vão além de ser homem ou mulher. Desafios que dizem respeito à capacidade de uma universidade se abrir para o nosso tempo, mantendo-se ancorada à própria tradição. No entanto, é verdade que ser mulher traz algumas especificidades, especialmente na maneira de aceitar e enfrentar esses desafios; acho que a sensibilidade feminina dá muita importância às relações, ao escutar e ao acolher, que devem ter.

ZENIT: Existe um grande debate sobre o papel das mulheres dentro da Igreja Católica. O que a senhora pensa?
Certamente o papel das mulheres na Igreja está mudando, e se abrem mais oportunidades para funções de responsabilidade. Este é um dos objectivos reafirmado pelo Papa Francisco, que continua a exortar sobre a inclusão das mulheres na Igreja em todos os níveis, reconhecendo a sua contribuição insubstituível.  Os Papas anteriores já tinham começado a confiar funções de "governança" a algumas mulheres. Por exemplo, gostaria de referir a nomeação da Irmã Enrica Rosanna, fma, como subsecretária da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e Sociedades de Vida Apostólica (CIVCSVA).

ZENIT: Nos meios de comunicação e no pensamento comum o papel da mulher na Igreja é alvo de muita incompreensão e preconceito. O que a senhora poderia dizer sobre isso?
Devemos reconhecer mais a grande capacidade de reflexão e de gestão que as mulheres têm e que pode ser colocado a serviço das diversas comunidades eclesiais. Permitam-me uma referência pessoal: Eu sou religiosa e sei muito bem o quão grande e significativo são as obras que as religiosas criam e administram no mundo. Algumas obras simples e outras grandiosas, muitas estão na vanguarda e muitas são levadas adiante com muito sacrifício, e muitas destas infraestruturas garantem a formação cultural e intelectual dos jovens.

ZENIT: Alguns, até mesmo entre os católicos, argumentam que as mulheres devem ter mais poder...
Eu não acho que as mulheres devem alimentar uma "mentalidade" de conquista na Igreja e nas funções de governo. Essa não deve ser a nossa postura: nós mulheres sempre ajudamos a construir a Igreja de modo único, precioso e insubstituível, embora muitas vezes incompreendido. Minha esperança é, portanto, muito simples: investir mais e mais em nossa formação e preparação, para continuar a cooperar activamente na construção da Igreja. Desta forma, garantiremos o espaço que merecemos!

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