Durante a última homilia do ano na casa santa Marta o Papa reflecte sobre o Natal como sinal de fecundidade e de nova criação
Roma, 19 de Dezembro de 2014 (Zenit.org)
Na sua última missa matutina do ano, o Papa disse que a Igreja deve ser mãe e não empresária.
As leituras do dia (Jz 13,2-7.24-25; Lc 1,5-25), destacou o Papa, falam de dois dramas ligados à esterilidade, vencidos com o nascimento de Sansão e de João o Baptista.
“Da esterilidade, o Senhor é capaz de recomeçar uma nova
descendência, uma nova vida. E é esta a mensagem de hoje. Quando a
humanidade acaba, não pode prosseguir, chega a graça e chega o Filho,
trazendo a Salvação. E aquela Criação ‘esgotada’ deixa lugar à nova
criação…”
“Nós esperamos Aquele que é capaz de recriar todas as coisas, de
fazer novas todas as coisas. Aguardamos a novidade de Deus”. Isto é
Natal! “A novidade de Deus que refaz, de modo maravilhoso, todas as
coisas”. Francisco ressaltou que seja a esposa de Manoá, mãe de Sansão,
como Isabel, tiveram filhos graças à acção do Espírito do Senhor.
Qual seria então a mensagem destas leituras? – questionou o Papa.
“Abramo-nos ao Espírito de Deus – respondeu. Nós, sozinhos, não
conseguimos; é ele que pode fazê-lo”:
“Isso me faz pensar também na nossa mãe Igreja; nas muitas
esterilidades que a nossa mãe Igreja tem: quando, pelo peso da esperança
nos Mandamentos, aquele pelagianismo que todos nós trazemos nos ossos,
se torna estéril. Acredita ser capaz de parir… não, não pode! A Igreja é
mãe, e se torna mãe somente quando se abre à novidade de Deus, à força
do Espírito. Quando diz a si mesma: ‘Eu faço tudo, mas acabei, não vou
mais fazer‘, vem o Espírito”.
Esta constatação levou o Papa a uma reflexão sobre as esterilidades na Igreja e a abertura à fecundidade na fé:
“E também hoje é um dia para rezar pela nossa mãe Igreja, por tantas
esterilidades no povo de Deus. Esterilidade de egoísmos, de poder….
Quando a Igreja acredita que pode tudo, que pode tomar conta das
consciências das pessoas, de percorrer o caminho dos fariseus, dos
saduceus, o caminho da hipocrisia, eh, a Igreja é estéril. Rezar. Que
este Natal faça a nossa Igreja aberta ao dom de Deus, que se deixe
surpreender pelo Espírito Santo e seja uma Igreja que faça filhos, uma
Igreja mãe. Mãe. Muitas vezes eu penso que a Igreja em alguns lugares é
mais empresária do que mãe”
“Olhando para esta história de esterilidade do povo de Deus e tantas
histórias na História da Igreja que fazem a Igreja estéril – concluiu o
Papa – peçamos ao Senhor, hoje, olhando para o Presépio”, a graça “da
fecundidade da Igreja. Que antes de tudo, a Igreja seja mãe, como
Maria”.
(19 de Dezembro de 2014) © Innovative Media Inc.
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