Palavras de São João Paulo II e de Bento XVI sobre Cuba a sua abertura ao mundo.
Brasília, 18 de Dezembro de 2014 (Zenit.org) Thácio Siqueira
17 de Dezembro de 2014, um dia, sem dúvida, histórico, no
qual, por intermediação final do Papa Francisco, dois países voltaram a
se encontrar diplomaticamente.
O secretário de Estado do Vaticano, Card. Parolín, disse ontem em
entrevista à Rádio Vaticano, que o que o mundo contemplou é o resultado
de longos anos de diplomacia, de pequenos passos, de muita paciência da
Santa Sé. O prelado chegou a dizer que se remonta à João XXIII os
primeiros passos.
Já nos discursos de São João Paulo II e de Bento XVI - ambos
visitaram a Ilha - encontram-se referências a esses pequenos passos.
Vale a pena repassá-los brevemente:
São João Paulo II visitou Cuba em 1998.
“Que Cuba, com todas as suas magníficas possibilidades, se abra ao mundo e o mundo se abra a Cuba” disse naquele 21 de Janeiro de 1998, no aeroporto da Havana.
Durante sua permanência no país, o pontífice enviou uma mensagem
escrita aos jovens, na qual recordou-lhes também que os embargos económicos são sempre condenáveis, embora não sejam a solução última dos
problemas. Escreveu:
“Não se deve buscar a resposta somente nas estruturas, nos
instrumentos e nas instituições, no sistema político ou nos embargos
económicos, que são sempre condenáveis porque lesam os mais
necessitados. Estas causas são apenas uma parte da resposta, mas não
chegam ao fundo do problema”.
Por fim, ao término daquela visita, o Papa afirmou:
“Nos nossos dias nenhuma Nação pode viver sozinha. Por isso, o
povo cubano não deve ver-se privado dos vínculos com os outros
povos, que são necessários para o progresso económico, social e
cultural, sobretudo quando o isolamento forçado se repercute de maneira
indiscriminada sobre a população, fazendo aumentar as dificuldades dos
mais débeis, em aspectos fundamentais como a alimentação, a saúde e a
educação. Todos podem e devem dar passos concretos para uma mudança
neste sentido. Oxalá as Nações, e principalmente as que partilham o
mesmo património cristão e a mesma língua, trabalhem de modo eficaz para
difundir os benefícios da unidade e da concórdia, para unir os esforços
e superar os obstáculos, a fim de que o povo cubano, protagonista da
sua história, mantenha relações internacionais que favoreçam sempre o
bem comum. Desta maneira, se contribuirá para superar a angústia causada
pela pobreza, material e moral, cujas causas podem ser, entre outras, as
injustas desigualdades, as limitações das liberdades fundamentais, a
despersonalização e o desencorajamento nos indivíduos, e as medidas
económicas restritivas impostas do exterior do País, injustas e
eticamente inaceitáveis”.
Mais próximo de nós, em 2012, Bento XVI, depois de visitar o México,
em seguida, como parte da mesma viagem apostólica, visitou Cuba. Nessa
linha, eis duas de suas afirmações mais significativas:
“Que ninguém se veja impedido de tomar parte nesta tarefa
apaixonante pela limitação das suas liberdades fundamentais, nem eximido
dela por negligência ou carência de recursos materiais; situação esta,
que fica agravada quando medidas económicas restritivas impostas de fora
ao País pesam negativamente sobre a população”.
Nenhum dos pontífices apontava como único problema cubano somente os
embargos, mas afirmaram também a necessidade de se respeitar as
liberdades individuais.
“O respeito e a promoção da liberdade que vive no coração de cada
homem são imprescindíveis para responder adequadamente às exigências
fundamentais da sua dignidade e, assim, construir uma sociedade onde
cada um se sinta protagonista indispensável do futuro da sua vida, da
sua família e da sua pátria”.
Voltando à entrevista que Parolin concedeu à Rádio Vaticano há dois
dias, o prelado dizia que estava convencido de que o degelo entre
Washington e Havana "certamente terá efeitos positivos em toda a região
latino-americana" e poderá ser um "modelo" no campo diplomático, que
"talvez possa inspirar outros líderes a terem a mesma coragem e buscar o
caminho do diálogo e do encontro".
Hoje, diante de vários embaixadores, o Papa Francisco exultou mais
uma vez por este pequeno passo dado por EUA e Cuba. "Hoje estamos todos
felizes porque nós vimos como dois povos, que tinham se distanciado há
anos, ontem deram um passo de aproximação". Um passo. Nada mais que um
passo. "É um trabalho de pequenos passos, de pequenas coisas, mas que
sempre acabam fazendo a paz, aproximando os corações dos povos, semeando
fraternidade entre os povos”, afirmou também Francisco.
(18 de Dezembro de 2014) © Innovative Media Inc.
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