Delegado da Cáritas explica a situação em Serra Leoa e na Libéria
Roma, 24 de Dezembro de 2014 (Zenit.org)
O presidente do Pontifício Conselho Justiça e Paz visitou
nos últimos dias os dois países mais atingidos pela epidemia de ebola,
Serra Leoa e Libéria. Esteve com ele mons. Robert Vitillo, delegado da
Cáritas Internacional junto à ONU em Genebra, que acaba de chegar à
Itália.
Entrevistado pela Rádio Vaticano, mons. Vitillo declarou que “a
situação em Serra Leoa é muito grave. Há medo e até pânico na população.
As escolas estão fechadas tanto em Serra Leoa quanto na Libéria”. O
delegado da Cáritas recordou que, muitas vezes, enquanto os pais
trabalham, as crianças ficam sozinhas, o que é outro dos problemas,
porque o número de adolescentes grávidas em Serra Leoa está aumentando.
O sacerdote explicou que Serra Leoa tem entre 2.500 e 5.000 órfãos
que, em muitos casos, as famílias não querem adoptar porque temem que
eles possam transmitir a doença, mesmo que não a tenham ou que já
estejam curados do vírus. “Muitos ficam pelas ruas. Há programas da
Igreja para acolhê-los e esclarecer as coisas para incentivar os
parentes a adoptá-los”.
As consequências vão além do ebola: “Muita gente não trabalha, porque
as escolas e os escritórios públicos estão fechados”. Além disso,
muitos não têm salário e não sabem como dar de comer à própria família.
Assim, “ocorre o aumento da violência”, observa o padre, que
complementa: “Isso vai durar depois do ebola, porque o impacto nessas
populações que já tinham uma economia frágil é muito profundo”.
“É muito importante continuar aumentando a nossa resposta, não só com
o envio de médicos e enfermeiros, mas também de dinheiro para
estabilizar a situação económica e reforçar as infraestruturas de saúde e
de políticas sociais”.
“Algumas regiões desses países só contam com as estruturas de saúde
da Igreja, que são as únicas que funcionam”. A Igreja, a Cáritas e as
congregações religiosas estão fazendo muito, mas “é necessário enviar
mais ajuda”.
Mons. Vitillo encerrou a entrevista lembrando que o Natal é um
momento especial de solidariedade para com tanta gente em situação de
necessidade e de sofrimento e que, apesar de tudo, ainda não desistiu de
acreditar. Em Serra Leoa, onde o sacerdote trabalhou, há muita gente
que perdeu vários familiares, mas, mesmo assim, “as igrejas estão
cheias, porque é uma população que tem fé”.
(24 de Dezembro de 2014) © Innovative Media Inc.
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