Pelo sexto ano consecutivo, o número mais alto de mortes foi registado na América
Roma, 30 de Dezembro de 2014 (Zenit.org)
Em 2014, foram assassinados 26 agentes pastorais no mundo,
três a mais que no ano anterior. Morreram de forma violenta 17
sacerdotes, um religioso, seis religiosas, um seminarista e um leigo.
Pela sexta vez consecutiva, o número mais alto de assassinatos foi
registado na América. Nos últimos dez anos (2004-2013), foram mortos no
mundo todo 230 agentes pastorais, dos quais três eram bispos. Os dados
foram divulgados pela agência Fides.
Por continente, foram assassinados durante este ano 14 agentes
pastorais na América, sendo 12 sacerdotes, um religioso e um
seminarista; na África, 7 agentes pastorais (dois sacerdotes e cinco
religiosas); na Ásia, dois agentes pastorais (um sacerdote e uma
religiosa); na Oceania, dois agentes pastorais (um sacerdote e um
leigo); e na Europa, um sacerdote.
O relatório, publicado nesta terça-feira, menciona também as vítimas
do vírus do ebola, que provocou milhares de mortes na África ocidental,
região em que as estruturas católicas se mobilizaram desde o começo da
epidemia. A família religiosa dos Irmãos Hospitaleiros de São João de
Deus perdeu na Libéria e em Serra Leoa quatro irmãos, uma irmã e treze
empregados de hospitais em Monróvia e Lunsar. Eles contraíram o vírus em
seu generoso compromisso de cuidar dos doentes. “Nossos irmãos deram a
vida pelos outros, como Cristo, a ponto de morrer infectados por esta
epidemia”, escreveu o prior geral, frei Jesus Etayo. Sorte similar
correram as seis religiosas missionárias italianas das Irmãs Pobrezinhas
de Bergamo, falecidas no Congo em 1995 por terem contraído o vírus do
ebola depois de decidirem não abandonar a população carente de
atendimento de saúde. Seu processo de beatificação foi aberto em 2013.
Como acontece já faz algum tempo, a lista não inclui só os
missionários ad gentes em sentido estrito, mas todos os agentes
pastorais assassinados de forma violenta. "Não usamos o termo ‘mártires’
a não ser no sentido etimológico de ‘testemunhas’, para não entrar no
parecer que a Igreja poderá dar sobre alguns deles e também por causa
das poucas notícias que podem ser obtidas sobre a sua vida e sobre as
circunstâncias da sua morte", explica a Fides.
"Mais uma vez, a maior parte dos agentes pastorais assassinados em
2014 encontrou a morte como resultado de tentativas de roubo ou furto,
agredidos, em alguns casos, com uma ferocidade sintomática do ambiente
de decadência moral e de pobreza económica e cultural que gera violência
e desprezo pela vida humana", prossegue o texto.
"Nenhum deles realizou gestos incríveis, mas eles viveram com
perseverança e humildade o seu compromisso diário de dar testemunho de
Cristo e do seu Evangelho. Alguns foram assassinados pelas mesmas
pessoas a quem ajudavam. Outros abriram a porta para quem pedia ajuda e
foram atacados. Outros foram assassinados durante um roubo. Para outros,
o motivo dos assaltos e sequestros que terminaram tragicamente não é
claro; talvez nunca se saibam as verdadeiras causas".
Por outro lado, em 2014 foram condenados os mandantes do homicídio do
bispo de La Rioja, na Argentina, dom Enrique Angelelli, 38 anos depois
do assassinato do prelado. Os criminosos tentaram simular um acidente de
carro. Também foram condenados os mandantes e os executores do
assassinato de dom Luigi Locati, vigário apostólico de Isiolo, no Quénia, assassinado em 2005. Foram presos, além disso, os responsáveis
pela morte do reitor do seminário de Bangalore, na Índia, padre Thomas,
assassinado em 2013.
Continua sendo motivo de grande preocupação o destino de outros
agentes pastorais sequestrados ou desaparecidos, como é o caso dos três
sacerdotes congoleses da ordem dos agostinianos da Assunção. Eles foram
sequestrados em Kivu do Norte, na República Democrática do Congo, em Outubro de 2012. Igualmente desaparecidos estão o jesuíta italiano Paolo
Dall'Oglio, sequestrado na Síria em 2013, e o padre Alexis Prem Kumar,
sequestrado em 2 de Junho deste ano em Herat, no Afeganistão.
No dia 24 de Maio, foram beatificados o missionário padre Mario
Vergara, do Pontifício Instituto de Missões Estrangeiras (PIME), e o
catequista leigo Isidoro Ngei Ko Lat, assassinados na Birmânia (atual
Myanmar) em 1950 por causa do ódio contra a fé. “Que a sua heróica
fidelidade a Cristo possa ser estímulo e exemplo para os missionários e
especialmente para os catequistas que, nas terras de missão, desempenham
um trabalho apostólico valioso e insubstituível”, disse o papa
Francisco.
À lista provisória elaborada anualmente pela agência Fides "é preciso
acrescentar sempre o longo elenco de muitos cujo nome não se sabe e dos
quais talvez nunca se venha a ter notícia, e que, em todos os rincões
do planeta, sofrem e pagam com a vida pela fé em Jesus Cristo", encerra o
informe.
(30 de Dezembro de 2014) © Innovative Media Inc.
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