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terça-feira, 23 de dezembro de 2014

Francisco incentiva os trabalhadores do Vaticano a cuidar da vida espiritual

Atenção aos necessitados e melhora da vida interior, aproveitando o tempo de Advento


Cidade do Vaticano, 22 de Dezembro de 2014 (Zenit.org) Sergio Mora


O papa Francisco se dirigiu na manhã desta segunda-feira às pessoas que trabalham na Cidade do Vaticano. Cerca de cinco mil pessoas enchiam a Sala Paulo VI, entre os profissionais e suas famílias. O papa saudou os trabalhadores de todas as nacionalidades, mas dedicou um cumprimento especial aos italianos, "que são a grande maioria", ressaltando que a Itália deu à Igreja muitos santos, papas, missionários e artistas.

Francisco disse que, nesta manhã, falou com os líderes da cúria romana e os exortou a fazer um exame de consciência neste tempo de Advento e a confessar-se. E prosseguiu: “Não quis passar este segundo Natal em Roma sem saudar aqueles que trabalham na cúria e que não são vistos”, os “desconhecidos”, os jardineiros, ascensoristas, porteiros e outros trabalhadores dedicados, que formam, disse o papa, “um mosaico rico de fragmentos”. O papa recordou a frase de São Paulo: “Assim como o nosso corpo, em sua unidade, possui muitos membros e eles não desempenham todos a mesma função, assim também nós, sendo muitos, formamos um só corpo em Cristo, sendo cada um, por sua vez, membros dos outros”.

“Queridos colaboradores, pensando nas palavras de São Paulo e em vocês, e nas pessoas que fazem parte da cúria, eu quis escolher a palavra ‘cuidar’. Ou seja, ‘olhar com atenção para quem precisa de cuidados’. Vem à minha mente a imagem de uma mãe que cuida do filho, sem olhar o relógio, sem se lamentar por tê-lo cuidado durante toda a noite, porque ela quer vê-lo bem, custe o que custar”.

Incentivando-os a transformar este Natal num verdadeiro Natal, Francisco acrescentou: “Convido vocês a cuidar da sua vida espiritual, da sua relação com Deus, porque essa é a nossa coluna vertebral”. Um cristão que não se nutre da palavra de Deus murcha e seca, observou o papa.

“Cuidem da sua vida familiar, dando não só dinheiro, mas também tempo, atenção, amor; cuidem das relações com os outros, transformando as palavras em obras boas; cuidem do seu falar, evitando as palavras vulgares. Usem o bálsamo do coração”.

O papa também encorajou todos os ouvintes a cuidarem do próprio trabalho com energia e competência, a evitar a inveja e o ódio, o rancor que nos leva à vingança, a preguiça que nos leva à “eutanásia fundamental” e a soberba que nos leva ao desespero.

“Sei que, às vezes, para manter o trabalho, alguém pode falar mal de outro para se proteger”, mas, no final, desse jeito, “acabaremos todos destruídos”. É preciso pedir a nosso Senhor a graça de “morder a língua a tempo para não dizer palavras que depois nos amargam a boca”.

O papa os convidou também a cuidar dos mais frágeis, dos enfermos, dos idosos, dos sem teto. Que o Natal “não seja nunca uma festa do consumismo, do descarte e do supérfluo”. Cada um deve “pensar qual é o aspecto em que tem de se empenhar mais”, considerando especialmente a família, porque “a família é um tesouro, os filhos são um tesouro”. Francisco sugeriu uma pergunta para que os pais jovens se façam: “Tenho tempo para brincar com os meus filhos ou estou sempre ocupado?”. E completou: “Isto é semear futuro!”.

“Queridos colaboradores, imaginemos se cada um de nós cuidasse da relação com Deus e com os outros (...) Este é o verdadeiro Natal”, a festa de Deus que se faz escravo, que serve à mesa, que se revela aos pequenos e se esconde dos sábios. É a festa da Paz, trazida pelo Menino Jesus, a paz sobre a terra, a paz que precisa do nosso entusiasmo, da nossa atenção para aquecer os corações frios, para iluminar os rostos apagados com a luz do rosto de Jesus, declarou Francisco.

“Peço perdão pelas minhas faltas e pelas faltas dos meus colaboradores, faltas que causam tanto mal e dão mau exemplo. Perdoem-nos”, pediu ainda o Santo Padre, antes de se despedir desejando um “Feliz Natal” e rogando: “Por favor, rezem por mim”.

Antes de sair da sala, Francisco se aproximou do público em um clima de profunda alegria e entusiasmo, entre saudações e abraços.

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