Para o Glossário de Bioética, o suicídio é o ato de matar a si próprio. Quando o acto de provocar a própria morte é realizado através de um terceiro, com a aprovação do sujeito, tem-se o suicídio assistido.
Roma, 11 de Fevereiro de 2014 (Zenit.org) Carlo Bellieni
O suicídio é o assassinato de si mesmo, um acto cuja relação
com a solidão é geralmente muito estreita, a ponto de lançar dúvidas
sobre a verdadeira liberdade de escolha de quem o comete. O suicídio
assistido é o ato de provocar a própria morte através de um terceiro,
com a aprovação do sujeito.
Realismo
É o acto de dar fim voluntariamente à própria vida. Em caso de não ser
possível fazê-lo activamente e por isso apelar-se para a acção de outro,
temos o suicídio assistido. O suicídio pode ser cometido activamente,
mediante fármacos ou armas ou com intervenções lesivas de vários tipos,
ou passivamente, removendo-se os instrumentos necessários para a
salvação da vida. O suicídio foi condenado pela cultura ao longo dos
séculos. Hoje, uma corrente pós-moderna o considera um ato de livre
escolha e, por isso, digno de respeito. Com frequência, quem recorre ao
suicídio está em situação de abandono ou depressão; mais raramente, em
situação de sofrimento físico ou de doença terminal. O suicídio,
especialmente quando muito alardeado pela media, acaba se tornando
“contagioso” e sugestionando outros a cometê-lo.
A razão
Quem e por que recorre ao suicídio? Um estudo canadiano mostra que,
entre os enfermos que solicitam a morte, é alto o índice de pessoas
deprimidas. Mas a depressão é tratável: assim sendo, a lei sobre a
eutanásia não acabaria deixando de proteger os pacientes cujas escolhas
são influenciadas pela própria depressão? Dos idosos deprimidos, de
acordo com estudos, apenas 10% são encaminhados a especialistas, contra
50% dos jovens deprimidos. Não deve surpreender, portanto, que alguns
deles peçam para morrer.
Como pretender a liberdade de suicidar-se no hospital ao mesmo tempo
em que se lamenta o suicídio de quem se atira de uma ponte? É um
paradoxo que compromete qualquer suposta liberalização: quem aprova o
primeiro suicídio e desaprova o segundo nunca explicou quem está
autorizado a decidir quais são as pessoas dignas do suicídio e quais não
são. Se o suicídio é liberdade, por que preocupar-se com a sua
propagação? Com que base admitir ou excluir uma pessoa do suicídio
autorizado por lei? Tanto faria, afinal, aprovar todos os suicídios,
mesmo o do adolescente que perde a namorada ou o da garota que vai mal
na universidade. Quem é o juiz laico do coração dos outros? A tragédia é
que, em nome da solidão elevada a suprema corte e poeticamente chamada
de "autonomia", ninguém mais estará autorizado a salvar o suicida, pois
qualquer interferência seria ilegal: a decisão do suicida, afinal, é seu
direito. No panorama actual, podemos esperar que aquele que salva um
suicida, em vez de receber um prémio, seja denunciado.
O sentimento
O suicídio é um grito de socorro que exige uma resposta. É urgente
melhorar o atendimento para todos, especialmente para as pessoas com
deficiências mentais, para as pessoas abandonadas e para as vítimas da
angústia. E é urgente parar de dizer que tudo o que decidimos em nossa
solidão é uma decisão correta. É muito fácil para o Estado liberar o
suicídio, livrando-se da sua responsabilidade e da sua obrigação à
solidariedade.
(11 de Fevereiro de 2014) © Innovative Media Inc.
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