Álvaro Saurina e a sua esposa Natalia, família missionária
Álvaro Saurina e Natalia quando eram namorados e davam os primeiros passos na fé |
Actualizado 4 de Fevereiro de 2014
ReL
Álvaro Saurina nasceu numa família espanhola "desestruturada". Disse que se criou "num ambiente existencialista", essa filosofia que considera que "o homem é uma paixão inútil" (em palavras de Sartre).
Na sua juventude desprezava a ideia de Deus e tudo o relacionado com a Igreja, e considerava-se "existencialista, darwinista e evolucionista".
Sem dúvida, aos 24 anos esta filosofia parecia-lhe já árida. Num debate, falando sobre Deus e a Igreja, tinha visto que ficava sem argumentos. E notava um vazio interior. "Tinha como um vazio, e algo se me começou a abrir por dentro. Tinha a sensação de que Deus queria aparecer na minha vida e eu não sabia como facilitar-lhe as coisas", recorda.
Como dezenas de milhares de espanhóis e europeus em busca espiritual, pensou em realizar o Caminho de Santiago. Para isso foi a uma paróquia a pedir o certificado que se sela em cada paragem para demonstrar que se está caminhando pela rota.
E nesse momento o pároco convidou-o a umas catequeses do Caminho Neocatecumenal.
- Porque não vens a estas catequeses? Há uns cristãos que fazem como o dos primeiros séculos, que cantam que bailam, fazem as Eucaristias diferentes... – disse-lhe o pároco.
Álvaro pensou-o. E falou-o com a sua namorada, Natalia, que era de família católica mas que levava muito tempo afastada da fé e sem interesse nisso.
- Disse-me o pároco que há umas catequeses, e uma eucaristia e... Porque não vamos?
- Eh? Mas como vamos ir a isso!
- Ei, mas é que... Eu quero ir.
- Bom, se tu vais, eu vou - disse Natalia.
"E eu a ela já a olhei com outros olhos", recorda Álvaro.
Uma experiência transformadora
Nessas catequeses iniciais do Caminho Neocatecumenal, Álvaro viveu uma experiência transformadora enquanto se lia em voz alta um fragmento do Evangelho.
"Eu estava diante do Senhor vendo que ele não se defendia. De repente, se me abriu o Céu. Eu não sabia que se podia amar dessa maneira, nessa dimensão. Apresentou-se-me um Jesus diante. Eu estava-o vendo. Eles estavam lendo o Evangelho, mas eu estava vendo ali Jesus, tão íntegro, tão maduro, tão adulto, com esse amor. Olhei-me a mim mesmo. Tinha 24 anos, levava oito anos saindo com Natalia. Não nos levávamos bem, não havia maneira de que nos entendêssemos. E a culpa sempre a tinha o outro. E eu, diante de Jesus, olhei-me como um menino pequeno, vi-me como se estivesse na primeira comunhão, como aos 8 anos. Vi que eu não tinha essa capacidade adulta de amar. Que devia amadurecer".
O poder do perdão e a orientação de Deus
Foi o início de uma conversão de vida. Reconciliou-se com o seu pai. Os seus pais tinham-se separado e isso tinha ferido Álvaro. Mas Álvaro sentiu que era ele quem devia dar um primeiro passo e pedir perdão. Com o tempo, não só se curou a relação com o seu pai, mas sim que também ele se converteu.
E Álvaro agora tinha consciência de ser "muito pouca coisa" para Natalia. Ela, não merecia alguém melhor? O velho Álvaro não a tinha dignificado, não tirava o melhor dela... Esse Álvaro se sentia indigno... E sem dúvida Deus parecia insistir em apresentar-lhe a Natalia como esposa!
"O Senhor falou-me, senti no meu coração que me dizia que essa era a minha mulher", recorda. Esposa, mãe... Conceitos tão alheios ao que tinham estado vivendo, que implicavam uma mudança, sair de si mesmos...
Mas tudo isso se foi dando: casaram-se, e descobriu que no matrimónio não só há uma comunhão, "carne da minha carne, ossos dos meus ossos", mas sim também "uma cruz". Mas tudo com o amor entre esposos e com o amor de Deus.
Filhos vivos, filhos perdidos
A vida familiar e matrimonial de Álvaro e Natalia não foi fácil. Viveram 21 gravidezes, mas a maioria dos seus filhos não chegaram a nascer. Hoje tem 7 filhos vivos.
"Chorei muito os filhos que perdemos, que não chegaram a nascer. Mas tem muito que ver com a conversão da minha mulher. Depois do terceiro que perdemos tivemos três seguidos, sãos, ali estão, altíssimos, bons. E logo três que não. Aí Natalia já ficou vencida totalmente pelo Senhor, oferecida totalmente ao Senhor. Foi uma mudança: já pudemos oferecer-nos totalmente a evangelizar, com família e tudo".
Missionários na Rússia
No ano 2004 ofereceram-se como família missionária e foram numa das missões do Caminho Neocatecumenal a Moscovo, com 5 filhos.
A Rússia parecia-lhes outro planeta. "Eu creio que aterras no planeta Marte, e é mais fácil que se pareça a Espanha que Moscovo, porque até as letras são diferentes. Tudo é diferente. Vivíamos num apartamento de quarenta metros quadrados, sete personas, dois quartos. Eu trabalhava, a trinta graus abaixo de zero, com precariedade. Mas não o trocaremos por nenhum outro momento da nossa vida".
Deixou marca também nos meninos. "O mais velho tinha oito anos quando foi e dez anos quando voltou. Eram pequenitos, mas eu creio que lhes deixou marca porque eles estão desejando ser missionários também. E missionários do evangelho, porque nos acontece às vezes que quando vamos a evangelizar, as pessoas o relacionam com as obras de caridade".
Hoje procuram continuar sendo evangelizadores e missionários em Espanha. "Espanha hoje também é terra de missão", assegura Álvaro.
ReL
Álvaro Saurina nasceu numa família espanhola "desestruturada". Disse que se criou "num ambiente existencialista", essa filosofia que considera que "o homem é uma paixão inútil" (em palavras de Sartre).
Na sua juventude desprezava a ideia de Deus e tudo o relacionado com a Igreja, e considerava-se "existencialista, darwinista e evolucionista".
Sem dúvida, aos 24 anos esta filosofia parecia-lhe já árida. Num debate, falando sobre Deus e a Igreja, tinha visto que ficava sem argumentos. E notava um vazio interior. "Tinha como um vazio, e algo se me começou a abrir por dentro. Tinha a sensação de que Deus queria aparecer na minha vida e eu não sabia como facilitar-lhe as coisas", recorda.
Como dezenas de milhares de espanhóis e europeus em busca espiritual, pensou em realizar o Caminho de Santiago. Para isso foi a uma paróquia a pedir o certificado que se sela em cada paragem para demonstrar que se está caminhando pela rota.
E nesse momento o pároco convidou-o a umas catequeses do Caminho Neocatecumenal.
- Porque não vens a estas catequeses? Há uns cristãos que fazem como o dos primeiros séculos, que cantam que bailam, fazem as Eucaristias diferentes... – disse-lhe o pároco.
Álvaro pensou-o. E falou-o com a sua namorada, Natalia, que era de família católica mas que levava muito tempo afastada da fé e sem interesse nisso.
- Disse-me o pároco que há umas catequeses, e uma eucaristia e... Porque não vamos?
- Eh? Mas como vamos ir a isso!
- Ei, mas é que... Eu quero ir.
- Bom, se tu vais, eu vou - disse Natalia.
"E eu a ela já a olhei com outros olhos", recorda Álvaro.
Uma experiência transformadora
Nessas catequeses iniciais do Caminho Neocatecumenal, Álvaro viveu uma experiência transformadora enquanto se lia em voz alta um fragmento do Evangelho.
"Eu estava diante do Senhor vendo que ele não se defendia. De repente, se me abriu o Céu. Eu não sabia que se podia amar dessa maneira, nessa dimensão. Apresentou-se-me um Jesus diante. Eu estava-o vendo. Eles estavam lendo o Evangelho, mas eu estava vendo ali Jesus, tão íntegro, tão maduro, tão adulto, com esse amor. Olhei-me a mim mesmo. Tinha 24 anos, levava oito anos saindo com Natalia. Não nos levávamos bem, não havia maneira de que nos entendêssemos. E a culpa sempre a tinha o outro. E eu, diante de Jesus, olhei-me como um menino pequeno, vi-me como se estivesse na primeira comunhão, como aos 8 anos. Vi que eu não tinha essa capacidade adulta de amar. Que devia amadurecer".
O poder do perdão e a orientação de Deus
Foi o início de uma conversão de vida. Reconciliou-se com o seu pai. Os seus pais tinham-se separado e isso tinha ferido Álvaro. Mas Álvaro sentiu que era ele quem devia dar um primeiro passo e pedir perdão. Com o tempo, não só se curou a relação com o seu pai, mas sim que também ele se converteu.
E Álvaro agora tinha consciência de ser "muito pouca coisa" para Natalia. Ela, não merecia alguém melhor? O velho Álvaro não a tinha dignificado, não tirava o melhor dela... Esse Álvaro se sentia indigno... E sem dúvida Deus parecia insistir em apresentar-lhe a Natalia como esposa!
"O Senhor falou-me, senti no meu coração que me dizia que essa era a minha mulher", recorda. Esposa, mãe... Conceitos tão alheios ao que tinham estado vivendo, que implicavam uma mudança, sair de si mesmos...
Mas tudo isso se foi dando: casaram-se, e descobriu que no matrimónio não só há uma comunhão, "carne da minha carne, ossos dos meus ossos", mas sim também "uma cruz". Mas tudo com o amor entre esposos e com o amor de Deus.
Filhos vivos, filhos perdidos
A vida familiar e matrimonial de Álvaro e Natalia não foi fácil. Viveram 21 gravidezes, mas a maioria dos seus filhos não chegaram a nascer. Hoje tem 7 filhos vivos.
"Chorei muito os filhos que perdemos, que não chegaram a nascer. Mas tem muito que ver com a conversão da minha mulher. Depois do terceiro que perdemos tivemos três seguidos, sãos, ali estão, altíssimos, bons. E logo três que não. Aí Natalia já ficou vencida totalmente pelo Senhor, oferecida totalmente ao Senhor. Foi uma mudança: já pudemos oferecer-nos totalmente a evangelizar, com família e tudo".
Missionários na Rússia
No ano 2004 ofereceram-se como família missionária e foram numa das missões do Caminho Neocatecumenal a Moscovo, com 5 filhos.
A Rússia parecia-lhes outro planeta. "Eu creio que aterras no planeta Marte, e é mais fácil que se pareça a Espanha que Moscovo, porque até as letras são diferentes. Tudo é diferente. Vivíamos num apartamento de quarenta metros quadrados, sete personas, dois quartos. Eu trabalhava, a trinta graus abaixo de zero, com precariedade. Mas não o trocaremos por nenhum outro momento da nossa vida".
Deixou marca também nos meninos. "O mais velho tinha oito anos quando foi e dez anos quando voltou. Eram pequenitos, mas eu creio que lhes deixou marca porque eles estão desejando ser missionários também. E missionários do evangelho, porque nos acontece às vezes que quando vamos a evangelizar, as pessoas o relacionam com as obras de caridade".
Hoje procuram continuar sendo evangelizadores e missionários em Espanha. "Espanha hoje também é terra de missão", assegura Álvaro.
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