A famosa soprano catalã recebe o Prémio Bravo de Música
Montserrat Caballé é querida no mundo inteiro pela sua simpatia e a sua firme proposta a favor da vida e da beleza |
Actualizado 5 de Fevereiro de 2014
José Antonio Méndez /Alfa y Omega
Montserrat Caballé é uma das artistas espanholas mais respeitadas e admiradas dentro e fora de Espanha, e é considerada pela crítica musical como uma das melhores sopranos do mundo. Aos seus 80 anos, actuou nos mais afamados teatros e auditórios dos cinco continentes, perante milhões de pessoas e inclusive perante os Papas João Paulo II e Bento XVI.
Sem dúvida, e ainda que bem poderia ter caído na altivez e na soberba que sofreram outras ilustres divas do belo canto, a soprano catalã caracterizou-se sempre pela sua naturalidade e a sua simplicidade, nada imposta. Talvez porque nasceu no seio de uma família humilde; ou porque os seus pais lhe inculcaram a fé em Deus que ela vive intimamente e que quis transmitir aos seus dois filhos; ou porque através da música se aproximou muitíssimas vezes do Criador, e perante Ele, «não há sítio para adulações».
Agora, a Conferência Episcopal Espanhola concedeu-lhe o Prémio Bravo de Musica 2013, e ainda que não poderá recolher o galardão em pessoa, por causa de um pequeno percalço doméstico, mostrou o seu agradecimento à organização.
- A Conferência Episcopal Espanhola outorgou-lhe o Prémio Bravo, «pelo seu serviço à dignidade do homem, os direitos humanos e os valores evangélicos». De que forma tentou viver esses valores evangélicos no seu trabalho, na sua família e com as suas amizades?
- Com o amor e a força que me dá a fé em Deus, e, portanto, a fé até todo o ser humano.
- O mundo do espectáculo é, em ocasiões, um ambiente hostil para viver a fé. Resultou-lhe difícil expressar a sua fé, ao longo da sua trajectória?
- A fé leva-se dentro. Assim que, vivendo-a assim, não é difícil mantê-la perante qualquer situação ou adversidade.
- Você foi aclamada, reconhecida e admirada tanto pelo público como pela crítica, e em todo o mundo. Como se luta contra a tentação da vaidade, como se consegue ser humilde, quando o mundo adula e louva (inclusive, e sobretudo, quando esse louvor se faz com boa intenção e com toda a justiça)?
- O saber que cumpriste com a tua missão, o saber que serviste com a verdade ao génio Criador, que neste caso se apresenta através do génio criador do compositor, enche-te o espírito de tanta felicidade que, na realidade, não deixa sítio para louvores nem para adulações.
- Você cantou diante de João Paulo II, em 1982, e diante de Bento XVI, em 2006. Gostaria de cantar diante do Papa Francisco, agora que se fala de uma possível viagem do Santo Padre a Espanha, com motivo do centenário de santa Teresa?
- Naquelas duas ocasiões, diante de João Paulo II e de Bento XVI, senti uma emoção muito grande ao cantar. Assim que, logicamente, se pudesse, também gostaria de poder cantar para o Papa Francisco.
- São a música e a arte um caminho para aproximar-se de Deus?
- Talvez. Mas é que eu creio que o facto de estar ao lado de Deus não necessita caminhos.
- Você sempre defendeu a importância da família. Sem dúvida, o seu trabalho obrigou-a a trabalhar muitas horas e a viajar muito. Como pode cuidar do seu casamento e ocupar-se da educação da sua filha, com essa circunstância tão complicada?
- A influência e o exemplo dos meus pais na minha vida e na minha fé foi total. Por isso, eu também tentei combinar as viagens profissionais com a minha vida familiar, sem descuidá-la.
José Antonio Méndez /Alfa y Omega
Montserrat Caballé é uma das artistas espanholas mais respeitadas e admiradas dentro e fora de Espanha, e é considerada pela crítica musical como uma das melhores sopranos do mundo. Aos seus 80 anos, actuou nos mais afamados teatros e auditórios dos cinco continentes, perante milhões de pessoas e inclusive perante os Papas João Paulo II e Bento XVI.
Sem dúvida, e ainda que bem poderia ter caído na altivez e na soberba que sofreram outras ilustres divas do belo canto, a soprano catalã caracterizou-se sempre pela sua naturalidade e a sua simplicidade, nada imposta. Talvez porque nasceu no seio de uma família humilde; ou porque os seus pais lhe inculcaram a fé em Deus que ela vive intimamente e que quis transmitir aos seus dois filhos; ou porque através da música se aproximou muitíssimas vezes do Criador, e perante Ele, «não há sítio para adulações».
Agora, a Conferência Episcopal Espanhola concedeu-lhe o Prémio Bravo de Musica 2013, e ainda que não poderá recolher o galardão em pessoa, por causa de um pequeno percalço doméstico, mostrou o seu agradecimento à organização.
- A Conferência Episcopal Espanhola outorgou-lhe o Prémio Bravo, «pelo seu serviço à dignidade do homem, os direitos humanos e os valores evangélicos». De que forma tentou viver esses valores evangélicos no seu trabalho, na sua família e com as suas amizades?
- Com o amor e a força que me dá a fé em Deus, e, portanto, a fé até todo o ser humano.
- O mundo do espectáculo é, em ocasiões, um ambiente hostil para viver a fé. Resultou-lhe difícil expressar a sua fé, ao longo da sua trajectória?
- A fé leva-se dentro. Assim que, vivendo-a assim, não é difícil mantê-la perante qualquer situação ou adversidade.
- Você foi aclamada, reconhecida e admirada tanto pelo público como pela crítica, e em todo o mundo. Como se luta contra a tentação da vaidade, como se consegue ser humilde, quando o mundo adula e louva (inclusive, e sobretudo, quando esse louvor se faz com boa intenção e com toda a justiça)?
- O saber que cumpriste com a tua missão, o saber que serviste com a verdade ao génio Criador, que neste caso se apresenta através do génio criador do compositor, enche-te o espírito de tanta felicidade que, na realidade, não deixa sítio para louvores nem para adulações.
- Você cantou diante de João Paulo II, em 1982, e diante de Bento XVI, em 2006. Gostaria de cantar diante do Papa Francisco, agora que se fala de uma possível viagem do Santo Padre a Espanha, com motivo do centenário de santa Teresa?
- Naquelas duas ocasiões, diante de João Paulo II e de Bento XVI, senti uma emoção muito grande ao cantar. Assim que, logicamente, se pudesse, também gostaria de poder cantar para o Papa Francisco.
- São a música e a arte um caminho para aproximar-se de Deus?
- Talvez. Mas é que eu creio que o facto de estar ao lado de Deus não necessita caminhos.
- Você sempre defendeu a importância da família. Sem dúvida, o seu trabalho obrigou-a a trabalhar muitas horas e a viajar muito. Como pode cuidar do seu casamento e ocupar-se da educação da sua filha, com essa circunstância tão complicada?
- A influência e o exemplo dos meus pais na minha vida e na minha fé foi total. Por isso, eu também tentei combinar as viagens profissionais com a minha vida familiar, sem descuidá-la.
- Dizia santo Agostinho que «o que canta, ora duas vezes». Chegou a rezar, a entrar na presença de Deus, a cantar alguma composição, seja durante os ensaios, seja durante uma actuação?
- Sim, sobretudo com o oratório La Vierge, de Jules Massenet. Essa é a peça que mais me emociona e comove, a que mais me ajuda a sentir Deus.
[Veja e ouça Montserrat Caballé cantando esta emocionante peça no vídeo abaixo desta entrevista]
- E além de cantando, como reza Montserrat Caballé?
- A minha relação pessoal com Cristo é muito íntima. Por isso, rezo em silêncio.
- Algumas pessoas criticam a Igreja tachando-a de obscurantista ou opressora. Sem dúvida, poucas contribuições artísticas ao longo da História podem comparar-se à que levou a cabo a Igreja, desde a música sacra a inumeráveis obras de todas as disciplinas artísticas. Como artista, como valoriza o legado cultural do cristianismo?
- Bom, eu considero que o legado cultural mais importante e relevante do cristianismo é, antes da mais, a fé. A arte que nasce da fé é a maior arte que existe, e também é o melhor para que a Igreja continue conduzindo os seus rebanhos ao encontro de Deus.
[Conheça também a experiência mística que teve Montserrrat Caballé rezando numa igreja ortodoxa]
- Sim, sobretudo com o oratório La Vierge, de Jules Massenet. Essa é a peça que mais me emociona e comove, a que mais me ajuda a sentir Deus.
[Veja e ouça Montserrat Caballé cantando esta emocionante peça no vídeo abaixo desta entrevista]
- E além de cantando, como reza Montserrat Caballé?
- A minha relação pessoal com Cristo é muito íntima. Por isso, rezo em silêncio.
- Algumas pessoas criticam a Igreja tachando-a de obscurantista ou opressora. Sem dúvida, poucas contribuições artísticas ao longo da História podem comparar-se à que levou a cabo a Igreja, desde a música sacra a inumeráveis obras de todas as disciplinas artísticas. Como artista, como valoriza o legado cultural do cristianismo?
- Bom, eu considero que o legado cultural mais importante e relevante do cristianismo é, antes da mais, a fé. A arte que nasce da fé é a maior arte que existe, e também é o melhor para que a Igreja continue conduzindo os seus rebanhos ao encontro de Deus.
[Conheça também a experiência mística que teve Montserrrat Caballé rezando numa igreja ortodoxa]
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