O irmão do papa emérito se pronuncia no aniversário da histórica renúncia
Roma, 11 de Fevereiro de 2014 (Zenit.org)
Georg Ratzinger, hoje com noventa anos, se lembra com
preocupação do dia em que o seu irmão menor, Joseph, foi eleito Sumo
Pontífice. "Devo dizer, com toda a sinceridade, que, naquele momento, eu
me senti bastante derrotado". O que o entristecia era pensar que o
irmão não teria mais tempo para ele a partir de então. No dia 19 de Abril de 2005, não conseguiu telefonar para Joseph Ratzinger.
Passaram-se dias depois da eleição do Sucessor de Pedro até que mons.
Georg conseguisse falar com o irmão. "Agora eu tenho, graças a Deus, um
segundo telefone, com um número que só ele conhece. Quanto toca esse
telefone, eu sei que o meu irmão, o papa, está me ligando".
É conhecida a relação estreita entre os irmãos Ratzinger. Detalhes
inéditos da vocação de Joseph Ratzinger foram revelados no livro “Meu
irmão, o papa” (Mein Bruder, der Papst), entrevista concedida por mons.
Georg Ratzinger ao jornalista e escritor alemão Michael Hesemann. Mons.
Georg começa pelos anos da infância e, entre outras coisas, conta como
nasceu e amadureceu no seio da família a decisão do jovem Joseph de
servir à Igreja no sacerdócio, até chegar aos anos do pontificado.
Ambos os irmãos continuaram se encontrando. Georg visitava o irmão
várias vezes por ano em Roma. As festas natalícias, a Páscoa e o mês de Agosto em Castel Gandolfo eram as ocasiões em que ambos podiam passar
algum tempo juntos. Mons. Ratzinger ficava no Vaticano de 28 de Dezembro
até 10 de Janeiro. Neste ano, porém, ele prolongou a estada para
festejar o seu 90º aniversário em companhia do papa emérito, no dia 15
de Janeiro.
Mons. Georg Ratzinger passa o resto do ano em casa, em Ratisbona,
cidade em que se localiza o Instituto Papa Bento XVI, encarregado de
publicar as obras completas do emérito bispo de Roma. Foi para esse
lugar que se dirigiu um jornalista do periódico espanhol La Razón, a fim
de conversar com Georg Ratzinger. Tanto no Instituto quanto na diocese,
ele recebeu a informação de que, por causa da idade avançada, o irmão
de Bento XVI "não está mais em condições de conceder entrevistas".
Mesmo assim, o jornalista Michael Hesseman sugere uma conversa por telefone. Mons. Georg aceita.
"Meu irmão está em bom estado de saúde. Ele tenta manter a
serenidade, mesmo sem ter todo o tempo que gostaria para tocar o piano
ou conversar por telefone, já que ainda recebe muitas visitas e mantém
audiências". O irmão de Bento XVI diz que o papa emérito continua
estudando teologia, mas não confirma a possibilidade de que ele esteja
escrevendo as suas memórias: "Não posso confirmar. Além disso, já
existem livros que relatam amplamente a vida do meu irmão, que já contêm
a essência do seu trabalho".
Perguntado sobre o primeiro aniversário da renúncia e sobre as
reflexões feitas durante esses meses, Georg Ratzinger afirma: "Meu irmão
não se arrepende da decisão que tomou há um ano. Para ele, estão bem
claras as tarefas e funções que ele quer realizar. A renúncia foi uma
decisão clara que continua sendo válida hoje".
Mons. Georg Ratzinger nasceu em Pleiskirchen, na Alemanha, em 15 de Janeiro de 1924. É conhecido pela actividade como músico e como director
de coral: com apenas onze anos, o pequeno Georg já tocava o órgão da
igreja. Em 1935, ele entrou no Kleine Seminar, um internato para meninos
que querem ser sacerdotes, na cidade de Traunstein. Ratzinger recebeu
ali as primeiras aulas de música, que continuaria no Seminário de
Munique e de Freising, onde entrou junto com o irmão Joseph em Janeiro
de 1946. Cinco anos depois, em 1951, ambos foram ordenados, também
juntos, pelo cardeal Michael von Faulhaber.
(11 de Fevereiro de 2014) © Innovative Media Inc.
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