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quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Monsenhor Ratzinger: Meu irmão não se arrepende de ter renunciado

O irmão do papa emérito se pronuncia no aniversário da histórica renúncia


Roma, 11 de Fevereiro de 2014 (Zenit.org)


Georg Ratzinger, hoje com noventa anos, se lembra com preocupação do dia em que o seu irmão menor, Joseph, foi eleito Sumo Pontífice. "Devo dizer, com toda a sinceridade, que, naquele momento, eu me senti bastante derrotado". O que o entristecia era pensar que o irmão não teria mais tempo para ele a partir de então. No dia 19 de Abril de 2005, não conseguiu telefonar para Joseph Ratzinger. Passaram-se dias depois da eleição do Sucessor de Pedro até que mons. Georg conseguisse falar com o irmão. "Agora eu tenho, graças a Deus, um segundo telefone, com um número que só ele conhece. Quanto toca esse telefone, eu sei que o meu irmão, o papa, está me ligando".

É conhecida a relação estreita entre os irmãos Ratzinger. Detalhes inéditos da vocação de Joseph Ratzinger foram revelados no livro “Meu irmão, o papa” (Mein Bruder, der Papst), entrevista concedida por mons. Georg Ratzinger ao jornalista e escritor alemão Michael Hesemann. Mons. Georg começa pelos anos da infância e, entre outras coisas, conta como nasceu e amadureceu no seio da família a decisão do jovem Joseph de servir à Igreja no sacerdócio, até chegar aos anos do pontificado.

Ambos os irmãos continuaram se encontrando. Georg visitava o irmão várias vezes por ano em Roma. As festas natalícias, a Páscoa e o mês de Agosto em Castel Gandolfo eram as ocasiões em que ambos podiam passar algum tempo juntos. Mons. Ratzinger ficava no Vaticano de 28 de Dezembro até 10 de Janeiro. Neste ano, porém, ele prolongou a estada para festejar o seu 90º aniversário em companhia do papa emérito, no dia 15 de Janeiro.

Mons. Georg Ratzinger passa o resto do ano em casa, em Ratisbona, cidade em que se localiza o Instituto Papa Bento XVI, encarregado de publicar as obras completas do emérito bispo de Roma. Foi para esse lugar que se dirigiu um jornalista do periódico espanhol La Razón, a fim de conversar com Georg Ratzinger. Tanto no Instituto quanto na diocese, ele recebeu a informação de que, por causa da idade avançada, o irmão de Bento XVI "não está mais em condições de conceder entrevistas".

Mesmo assim, o jornalista Michael Hesseman sugere uma conversa por telefone. Mons. Georg aceita.

"Meu irmão está em bom estado de saúde. Ele tenta manter a serenidade, mesmo sem ter todo o tempo que gostaria para tocar o piano ou conversar por telefone, já que ainda recebe muitas visitas e mantém audiências". O irmão de Bento XVI diz que o papa emérito continua estudando teologia, mas não confirma a possibilidade de que ele esteja escrevendo as suas memórias: "Não posso confirmar. Além disso, já existem livros que relatam amplamente a vida do meu irmão, que já contêm a essência do seu trabalho".

Perguntado sobre o primeiro aniversário da renúncia e sobre as reflexões feitas durante esses meses, Georg Ratzinger afirma: "Meu irmão não se arrepende da decisão que tomou há um ano. Para ele, estão bem claras as tarefas e funções que ele quer realizar. A renúncia foi uma decisão clara que continua sendo válida hoje".

Mons. Georg Ratzinger nasceu em Pleiskirchen, na Alemanha, em 15 de Janeiro de 1924. É conhecido pela actividade como músico e como director de coral: com apenas onze anos, o pequeno Georg já tocava o órgão da igreja. Em 1935, ele entrou no Kleine Seminar, um internato para meninos que querem ser sacerdotes, na cidade de Traunstein. Ratzinger recebeu ali as primeiras aulas de música, que continuaria no Seminário de Munique e de Freising, onde entrou junto com o irmão Joseph em Janeiro de 1946. Cinco anos depois, em 1951, ambos foram ordenados, também juntos, pelo cardeal Michael von Faulhaber.

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