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quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

«Monja, eu? Não pega nem com cola…»… Mas no final ingressou na La Aguilera com as Iesu Communio

Carmen García Camacho, uma história de vocação 

Carmen García Camacho entrou em 2009 nas religiosas de Iesu Communio
Actualizado 11 de Fevereiro de 2014

IntereconomíaTV/ Portaluz

Carmen García Camacho foi uma filha amada desde que se soube da sua vinda à vida e esta experiência do amor quis vivê-la em tudo. Era o seu norte quando decidiu formar.se como educadora ingressando na Universidade Complutense de Madrid.

Como o comum das raparigas da sua idade sonhava com casar-se jovem e ser mãe. Aos 20 anos, disse, “tinha organizado a minha vida: Ter um namorado e depois de três anos, casar-me com uma pessoa cristã, católica praticante. E no mínimo ter 8 filhos”.

Mas além disso nela habitavam grandes ideais… Com o seu trabalho procuraria gerar mudanças profundas na sociedade espanhola. Sem dúvida o matrimónio, a maternidade e as mudanças profundas tomariam nela novos significados.

Que pensas fazer com a tua vida?

O mês de Fevereiro de 2009 jamais seria esquecido por Carmen. Os seus pais, interessados em conhecer as raízes da espiritualidade católica, convidaram-na a que junto visitassem a cidade espanhola de Lerma, lugar donde residia naquele momento uma comunidade religiosa das Clarissas. “Surpreendeu-me a sua alegria, esses rostos radiantes, tão jovens e bonitas, muitas com uma vida profissional consolidada, e que deixaram tudo pelo Senhor”.

Como num jogo de espelhos, Carmen sem saber bem como, ao sair do mosteiro sentia que não podia esquecer aqueles rostos. Mas sendo bastante sagaz por natureza, não tardou em entender que havia algo mais… Talvez por isso manteve vínculos que perduraram por meses regressando esporadicamente para conversar com Desiré que tinha sido a religiosa com quem melhor simpatizou desde o primeiro momento.

Numa destas visitas daria o primeiro passo até um novo matrimónio e maternidade… “Quando foram rezar ficou comigo a irmã Desiré, que além disso é amiga de uma tia minha. Repentinamente perguntou-me «Que pensas fazer com a tua vida?» Sem pensá-lo simplesmente respondi-lhe «eu quero ser psicopedagoga, assim tenho a intenção de acabar dentro de três anos, casar-me, ter filhos», mas a pergunta ficou rondando na minha mente”.

"Regressando de Lerma, quando tomei o trem em Burgos para Madrid, notava uma estranha sensação física, que o meu coração se me partia em dois para ficar em Lerma. Comecei a assustar-me e a dizer: «Eu monja? A ver, que sou Carmen, que não pega nem com cola»”.

Escutando música católica...
Queria escapar mas ao regressar a casa refugiou-se no seu quarto escutando canções católicas. “Fazia para estar em paz”, disse, hoje sabendo que por então já o seu coração tinha sido tocado por Deus. Começava a escutar-se na sua alma a sinfonia perfeita que só Jesus pode interpretar.

Logo escutei uma letra que falava da consagração. Caí para atrás, fui-me arrastando até ao armário e acabei sentada no chão do choque. Foi como um murro no estômago. A sensação era que o coração tirava de mim e queria sair do peito para fazer isso que estava ouvindo. Eu dizia: «Deus meu, isto está-me enchendo, não pode ser, eu não quero».

"Fazia um esforço para não rezar, mas morria se não o fizesse, cada vez estava mais triste. Pouco a pouco dava-me conta que o meu coração era para Jesus, que não podia dar a minha pessoa, o meu corpo a um homem. Tinha este anseio de entregar-me e viver para outros. Tinha-lhe posto o nome de «marido e filhos», mas só Ele era a resposta ao anseio do meu coração”. 

Rendição... Ao convento
Passaram alguns meses e na Páscoa de 2009 encontrava-se no limite. Finalmente rendeu-se perante Deus e junto a outras jovens ingressou no mosteiro das Clarissas de Lerma. O crescimento da comunidade fez que o espaço vital das religiosas resultasse gravemente insuficiente. Transferiram-se então para o convento Franciscano de São Pedro Regalado de La Aguilera, em Burgos.

A chegada ao novo espaço facilitou a fusão desta comunidade com as Clarissas de La Aguilera. Em 2010 surgiam como o Instituto Religioso de Direito Pontifício, Iesu Communio (www.iesucommunio.com).

As bênçãos caíram em abundância e pela graça de Deus, uma Primavera de vocações explodiu.

Com um hábito confeccionado com um tecido azul cowboy e coberta de uma tela de ligeiro celeste na sua cabeça, Carmen mistura as tarefas contemplativas com a confeitaria.

Levanta-se às seis e meia da manhã e dedica seis horas por dia a viver um contacto íntimo com Deus por meio da Liturgia das Horas. Cada palavra e poesia pareciam narrar a travessia de Carmen.

Tem memória de cada momento e não tem mais que palavras de agradecimento para Deus. “Agora que passaram os meses (reflecte) vejo que o Senhor se valeu dessa pergunta concreta (Que pensas fazer com a tua vida?) para descobrir que todos os nomes que eu tinha posto aos anseios do meu coração tinham um só rumo… Jesus”.

Mãe e irmã para o mundo
Despojar-se de tudo, sem dúvida, foi um processo nada simples que a acompanhou por alguns meses. Confessa que ao deitar-se “sentia nostalgia ao não ter o beijo quotidiano da minha mãe”. Inclusive pensava que perderia a sua união com a família. “Mas um dia meti-me na cama e pus-me a pensar nisto. Entreguei-o a Jesus e senti a sua voz: «Carmen, é minha promessa de amor, confia em mim». E confio n’Ele plenamente. Haverá momentos de mais dificuldades, de certeza, mas a chave está em entrega-lo ao Senhor e apoiar-te totalmente na Santíssima Virgem Maria”.

Hoje a sua maternidade espiritual tem por modelo e protectora a Santíssima Virgem Maria. É esposa de Cristo e funde-se com Ele na Eucaristia. “Dessa maneira estás fazendo a vontade de Deus. Se te pedem para fazer uma massa, a farás com todo o amor do mundo, porque no final é o Senhor que te vai avaliar, por assim dizê-lo, porque te medirá com o amor que o fazes. Finalmente descobri que o meu desejo de maternidade era um desejo de maternidade consagrada. O meu desejo de entrega, era a consagração e contemplação”.

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