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terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Homilia do papa: A missa na Casa Santa Marta não é uma etapa da visita turística a Roma

O Santo Padre nos convidou hoje ao aprofundamento na sacralidade da celebração eucarística


Cidade do Vaticano, 10 de Fevereiro de 2014 (Zenit.org)


O Santo Padre nos convidou, na homilia desta manhã, a "redescobrir o sentido do sagrado, o mistério da presença real de Deus na missa".

A primeira leitura do dia fala de uma teofania nos tempos do rei Salomão. O Senhor desce como uma nuvem sobre o templo, que se enche da glória de Deus. O papa comentou que o Senhor fala ao seu povo de muitas formas: através dos profetas, dos sacerdotes, da Sagrada Escritura. Mas, com as teofanias, Ele fala de outra maneira, "distinta da Palavra: é outra presença, mais próxima, sem mediação. É a presença dele". E isto, explica o papa, "acontece na celebração litúrgica. A celebração litúrgica não é um ato social, um bom ato social; não é uma reunião dos fiéis para rezar juntos. É outra coisa. Na liturgia, Deus está presente", mas é uma presença mais próxima. Na missa, de fato, "a presença do Senhor é real, verdadeiramente real".

Francisco explicou assim: "Quando celebramos a missa, não fazemos uma representação da Última Ceia: não, não é uma representação. É outra coisa: é precisamente a Última Ceia. É precisamente viver outra vez a Paixão e a morte redentora do Senhor. É uma teofania: o Senhor se faz presente no altar para ser oferecido ao Pai pela salvação do mundo. Nós dizemos ou ouvimos as pessoas dizerem: 'Eu tenho que ir à missa, tenho que ouvir missa'. Você não ‘ouve’ missa: você participa da missa; e você participa desta teofania, deste mistério da presença do Senhor entre nós".
Francisco explicou que o presépio e a via-crúcis são representações, por exemplo. Mas a missa "é uma comemoração real, ou seja, uma teofania: Deus se aproxima e está connosco, e nós participamos do mistério da Redenção". Porém, "lamentavelmente, muitas vezes olhamos para o relógio na missa, contamos os minutos: não é a atitude própria que a liturgia nos pede. A liturgia é tempo de Deus e espaço de Deus, e nós temos que entrar ali, no tempo de Deus, no espaço de Deus, e não ficar olhando o relógio".

A seguir, ele continuou recordando que "a liturgia é, precisamente, entrar no mistério de Deus, deixar-se levar ao mistério e estar imerso no mistério. Por exemplo, estou certo de que todos vocês vêm até aqui para entrar no mistério; mas, talvez, alguém diga: 'Ah, eu tenho que ir à missa na Casa Santa Marta porque numa visita turística a Roma você tem que visitar o papa na Casa Santa Marta. Todas as manhãs. É um local turístico, não é?”. No entanto, prosseguiu o papa, “todos vocês vêm aqui, nós nos reunimos para entrar no mistério: esta é a liturgia. É o tempo de Deus, é o espaço de Deus, é a nuvem de Deus que envolve todos nós".

Francisco recordou que, quando criança, durante a preparação para a primeira comunhão, havia um canto que falava de como o altar era guardado pelos anjos para transmitir "o sentido da glória de Deus, do espaço de Deus, do tempo de Deus". E quando as hóstias eram levadas, eles diziam para as crianças: "Olhem, estas não são as hóstias que vocês vão receber: estas não valem nada, porque depois haverá a consagração!". Assim, concluiu o papa, "celebrar a liturgia é ter esta disponibilidade para entrar no mistério de Deus", no seu espaço, no seu tempo e confiar-se "a este mistério".

Para encerrar, o pontífice convidou: "Hoje nos fará bem pedir ao Senhor, para todos nós, a graça deste 'senso do sagrado', este senso que nos faz entender que uma coisa é rezar em casa, rezar na igreja, rezar o terço, rezar tantas orações bonitas, fazer a via-crúcis, tantas coisas bonitas, ler a bíblia... E outra coisa é a celebração eucarística. Na celebração, nós entramos no mistério de Deus: somente Ele é Uno, Ele é a glória, Ele é o poder, Ele é tudo. Peçamos esta graça: que nosso Senhor nos ensine a entrar no mistério de Deus".

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