O Comité dos Direitos da Criança pede além do mais que se reconsidere o aborto e afirma que a Igreja discrimina os homossexuais
Roma, 05 de Fevereiro de 2014 (Zenit.org) Sergio Mora
O Comité para os Direitos da Criança das Nações Unidas
divulgou hoje um relatório mostrando a sua preocupação sobre o Vaticano e
os casos de abusos sexuais de menores. O documento da ONU coincide nas
suas propostas com as linhas de tolerância zero já tomadas pela Santa
Sé, e parece desconhecer o trabalho que nesse sentido foi realizado nos
últimos três anos.
O relatório também critica a posição da Santa Sé sobre a
homossexualidade, afirmando que contribui para a “estigmatização social e
a violência contra os homossexuais, adolescentes bissexuais e
transsexuais lésbicas e as crianças criadas por casais do mesmo sexo”. O Comité também pediu à Santa Sé que condene todas as formas de assédio e
discriminação e o apoio à homossexualidade.
O relatório da ONU não menciona, no entanto, a condenação da Santa Sé
à discriminação e a violência contra as pessoas homossexuais. O
Catecismo da Igreja Católica, afirma que embora “os actos homossexuais
sejam intrinsecamente desordenados” e “fecham o acto sexual ao dom da
vida”, os homens e mulheres homossexuais “devem ser acolhidos com
respeito, compaixão e delicadeza”.
Outra questão é a do aborto, no qual o relatório convida a Santa Sé a
reconsiderar a sua posição, como se fosse uma questão de opinião.
A Santa Sé informou em comunicado hoje que "reitera o seu compromisso
na defesa e protecção dos direitos das crianças, em conformidade com os
princípios promovidos pela Convenção sobre os Direitos da Criança de
acordo com os valores morais e religiosos oferecidos pela doutrina
católica”.
Por sua vez, o porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi, disse nesta
manhã que o Vaticano enfrenta os casos de pederastia na Igreja com uma
“exigência de transparência” e recordou a comissão que se criou para
preveni-los, informou Ivan Vargas de ZENIT, que está no local. As
declarações do padre Lombardi foram hoje na sede da Conferência
Episcopal Espanhola (CEE), onde se encontra para receber o prémio Bravo.
O relatório do comité da ONU indica: “O Comité está gravemente
preocupado porque a Santa Sé não tenha reconhecido a extensão dos crimes
cometidos, não tenha tomado as medidas necessárias para enfrentar os
casos de abuso sexual a crianças e protege-las, e tenha adoptado umas
práticas públicas que conduzem à continuar o abuso e a impunidade dos
agressores”, lê-se no relatório de 16 páginas.
No documento, a ONU pede à Santa Sé que “retire imediatamente” todos
os membros do clero que tenham cometido abusos sexuais a menores, ou se
tenha a suspeita disso, e que os entregue às autoridades civis, em vez
de mudá-los “de paróquia em paróquia”.
"Devido a um código de silêncio imposto a todos os membros do clero
sob pena de excomunhão, os casos de abuso sexual a crianças raramente
foram relatados às autoridades nos países onde ocorreram", diz o
relatório da Comissão.
Da mesma forma exige-se que o Vaticano abra seus arquivos sobre os
abuso sexuais a milhares de crianças para que suspeitos autores e
“aqueles que ocultaram os crimes” possam ser julgados.
O relatório foi tornado público depois de que no passado 16 de
Janeiro uma delegação vaticana apresentou em Genebra um relatório sobre as
medidas tomadas para condenar e prevenir os casos de abusos sexuais e
proteger as crianças ante a Convenção sobre os Direitos da Criança da
ONU.
Este órgão das Nações Unidas é responsável por rever regularmente a
aplicação da Convenção sobre os Direitos da Criança, tratado da ONU de
1989, do qual a Santa Sé foi um dos primeiros países promotores em 1990.
A Santa Sé respondeu à sua acção ante especialistas das Nações Unidas,
assim como os outros países membros.
No comunicado do Vaticano se esclarece: “A Santa Sé toma nota das
Observações Conclusivas sobre os próprios relatórios, os quais serão
submetidos a minuciosos estudos e exames no pleno respeito da Convenção
nos diferentes âmbitos apresentados pelo Comité de acordo com direito e a
prática internacional como também tendo em conta o debato público interactivo como o Comité que acontece no dia 16 de Janeiro”, lê-se no
comunicado enviado hoje pela Oficina de Imprensa da Santa Sé.
"A Santa Sé - continua o comunicado - lamenta no entanto, de ver em
alguns pontos das Observações Conclusivas uma tentativa de interferir no
ensinamento da Igreja Católica sobre a dignidade da pessoa humana e no
exercício da liberdade religiosa”.
Tradução Thácio Siqueira
(05 de Fevereiro de 2014) © Innovative Media Inc.
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