D. António Vitalino pede diálogo para evitar que incidentes como o de quinta-feira, frente à Assembleia da República, voltem a repetir-se
Lisboa, 23 Nov 2013 (Ecclesia) – O bispo de Beja, D. António Vitalino, pediu hoje espaços para o diálogo e encontro entre os diferentes poderes que gerem a sociedade, para que as manifestações, “que são um direito”, não esqueçam a procura “do bem comum”.
“Talvez tenhamos de descobrir novas instâncias que ajudem os grupos,
não apenas os que pertencem ao espaço da concertação social, a
encontrar-se e a dialogar em ordem a fomentar a democracia”, afirmou o
bispo de Beja à Agência ECCLESIA, à margem da conferência sobre «Diálogo
e Democracia», organizada pela Comissão Nacional Justiça e Paz, que
hoje decorre na Universidade Católica Portuguesa.
Na noite de quinta-feira, as forças policiais e de segurança, numa
manifestação frente à Assembleia da República, romperam o cordão de
segurança e subiram a escadaria, num ato sem precedentes e que levou à
demissão do director nacional da Polícia de Segurança Pública, Paulo
Valente Gomes.
Para D. António Vitalino as manifestações são um direito e, “como diz o povo «quem não sente, não é filho de boa gente»”.
“Às vezes podemos exagerar na defesa dos nossos interesses mas, por
outro lado, temos de perguntar se as instâncias que superintendem têm
dado espaço ao diálogo e à explicação, em ordem à conjugação de esforços
para ultrapassarmos os problemas”, observou.
O prelado entende que falta “coordenação” no “diálogo entre os vários grupos, no sentido de alcançar o bem comum e a paz”.
D. António Vitalino não teme um aumento da violência e afirma que em
outros momentos da História, os portugueses souberam ultrapassar
“problemas mais graves”, sem recorrer ao abuso de força.
O membro da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana
apela ao diálogo e pede que a “razão e o interesse pelo bem comum
tenham a primazia”.
D. Manuel Clemente, patriarca de Lisboa, também se pronunciou sobre o
tema, na noite de sexta-feira, alertando que as instituições
democráticas não podem ser postas em causa, apesar da legitimidade das
manifestações.
“Creio que a generalidade dos portugueses sabe disso: manifestamo-nos
– é um direito que está consagrado -, expressamos as nossas opiniões,
temos os nossos contrastes mas que tudo isso se faça sem pôr em causa o
bom passado”, disse, à margem do «Meeting Lisboa», no Campo Pequeno, em
Lisboa.
"As pessoas têm as suas razões e é isso mesmo que a Democracia
permite: que as pessoas se manifestem, quer pessoalmente quer colectivamente”, acrescentou o patriarca, citado pela Renascença.
LS/OC
in
Sem comentários:
Enviar um comentário