Em uma nova declaração conjunta pedem para não banalizar o ato de matar. Aprovada em comissão, abre-se o debate no Parlamento
Roma, 29 de Novembro de 2013
Em uma nova declaração conjunta sobre os perigos da extensão
da lei da eutanásia aos menores de idade divulgado hoje, os líderes das
principais confissões religiosas da Bélgica voltaram a rejeitar essa
prática sinistra, que depois de aprovada pela Comissão Conjunta de
Assuntos Sociais e Justiça do Senado, caminha dramaticamente em direcção à
legalização. “Não banalizemos o ato de matar, porque somos feitos para a
vida”, dizem os líderes religiosos". Acabar com a vida é um ato que não
só mata, mas lentamente destrói os laços que existem em nossa
sociedade, em nossas famílias, vítimas de um individualismo crescente ",
denunciam com grande preocupação.
Certamente, os signatários desta declaração compartilham “a
angústia dos pais que têm uma criança que se encaminha para um fim
prematuro da vida, especialmente quando está sofrendo”. “Não temos o
direito de deixar uma criança sofrer, porque o sofrimento pode e deve
ser atenuado", diz o texto, mas este também lembra que “a medicina tem
os meios” para aliviar a dor.
Neste sentido, os representantes das diferentes religiões explicam
que os "cuidados paliativos" e a "sedação" são “uma maneira digna” –
recomendada por médicos e oncologistas – para tratar as crianças em fase
terminal. Isso sim, evitando sempre o “encarniçamento terapêutico”,
acrescentam.
Além do mais, a carta destaca a importância de “amar as famílias e os
cuidadores desses pacientes”, e se a doença os leva, “acompanha-los com
profundo afecto”. E conclui assegurando que “amar até o final exige uma
grande coragem”.
Esta preocupante reforma legislativa prevê que as crianças que
estejam em uma situação de dor física insuportável e impossível de
aliviar e que solicitem que se coloque um ponto final à sua vida,
poderão fazê-lo simplesmente com a concordância de uma equipe médica que
avaliará a situação.
Diante dessa possibilidade, os líderes cristãos, muçulmanos e judeus
da Bélgica já tinham emitido no início de Novembro outro comunicado
conjunto opondo-se à legalização da eutanásia para menores. “A eutanásia
das pessoas mais vulneráveis é desumana e destrói as bases da nossa
sociedade", denunciavam. "É uma negação da dignidade dessas pessoas e as
deixa ao critério, ou seja, à arbitrariedade de quem decide",
acrescentavam.
Na nota, divulgada pela agência Cathobel, os líderes religiosos
destacavam também que são “contra o sofrimento físico e moral, em
particular das crianças", mas explicavam que "propor que os menores
possam escolher a sua própria morte é uma maneira de distorcer a sua
capacidade de julgar e, portanto, a sua liberdade". "Expressamos nossa
profunda preocupação diante do risco de banalização crescente de uma
realidade tão grave”, concluíam.
A legalização da eutanásia para crianças tem sido debatida por quase
dois anos no Senado, que acelerou o processo. Uma vez aprovada
definitivamente, Bélgica vai se tornar um dos primeiros países a
legalizar esta prática. Dessa forma se estenderá a lei da eutanásia em
vigor desde o 2002, que reconhece a eutanásia para maiores de idade ou
menor emancipado ( a partir dos 15 anos), capaz, com diagnóstico de
doença irreversível, que padecesse de um sofrimento físico ou psíquico
constante e insuportável ou uma doença grave incurável.
A reforma, que tem sido promovida pelos socialistas belgas e apoiada
por vários grupos políticos, com excepção do partido flamenco Vlaams
Belang e dos democratas cristãos, torna-se muito importante dado que se converterá na mais permissiva, já que a de outros países como a Holanda
deixa a decisão nas mãos do menor entre 16 e 18 anos e exige o
consentimento paterno para casos entre os 12 e os 16.
A eutanásia na Europa está legalizada em Luxemburgo, Suíça, Bélgica e
Holanda, onde o número de pedidos de eutanásia e suicídio assistido
aumentou um 13% em 2012. No total, a Holanda chegou a ter 4.188
solicitantes esse ano, de acordo com um informe dos comités regionais
encarregados de avaliar estes procedimentos no país.
in
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