Orlando Márquez: O tempo neste processo de reformas é importante
Roma, 28 de Novembro de 2013
A revista online da arquidiocese de Havana, Palabra Nueva,
em artigo do director Orlando Márquez, aponta dez razões pelas quais é
necessário acelerar as reformas em Cuba, oferecendo alternativas diante
das decisões oficialistas.
As autoridades cubanas argumentam que é necessário aplicar as
reformas de maneira paulatina para se chegar a um “socialismo próspero e
sustentável”, temendo cometer erros e precisar voltar atrás.
Para o editor da revista, o processo de actualização do modelo económico, empreendido pelo presidente Raúl Castro com o aval do Partido
Comunista, deveria ser feito “com pressa para avançar de forma expedita
e sem titubeios e com as pausas estritamente necessárias para redireccionar o andamento ou afastar os obstáculos estruturais ou humanos
que impedem o avanço”.
No artigo de opinião, o director da Palabra Nueva apresenta
“dez pontos para a mudança”. O também porta-voz da arquidiocese
considera que “a questão do tempo, neste processo de reformas, é
importante por várias razões”.
A primeira razão é que a espera provoca desânimo e “o desânimo do
cidadão não é bom aliado de ninguém nem de nada”. A segunda razão é que
“os indicadores económicos e a cesta básica familiar continuam
esquálidos”. A terceira é que, para se ter um país próspero, são
necessários cidadãos prósperos.
O quarto ponto abordado por Márquez considera que “em 2030 seremos um
país com 30% da população acima dos 60 anos, como em alguns países
desenvolvidos, mas com uma peculiar diferença: esse terço não produtivo
da população adulta comporia um segmento populacional pobre em um país
subdesenvolvido e pobre”.
Quinto: é preciso “criar condições” para estimular a natalidade,
“desestimular a emigração e incentivar a imigração de gente jovem,
disposta a trabalhar e investir capital e conhecimentos em Cuba,
incluindo cubanos emigrados dispostos a retornar”.
Sexto: “é perda de tempo insistir na ineficácia comprovada da propriedade estatal em todos os ramos da produção e dos serviços”.
Sétimo: “a desvantagem económica e tecnológica (…) nos coloca em
posição vulnerável diante da necessidade de nos inserir numa economia
globalizada, assim como diante do possível fim do embargo dos Estados
Unidos”.
Oitavo: “a estabilidade económica e a prosperidade pessoal e familiar
podem ser um meio eficaz – não o único – para esse nobre objectivo de
recuperar determinados valores ausentes hoje na sociedade”, em
contraposição à corrupção, aos favorecimentos, aos baixos salários, à
falta de moradia e à deterioração urbana.
Nono: “acelerar a reforma e gerar a riqueza” é necessário para “a saúde e educação”.
O décimo ponto destaca que, “quanto mais avançado estiver o processo
de reformas, mais propício será o cenário para quem exercer a
responsabilidade política de conduzir o país no futuro imediato”.
Márquez conclui: “A liberdade e a dignidade devem prevalecer no tempo
que vivemos neste mundo. A vida não é um ensaio. Só temos uma
oportunidade de vivê-la e esse tempo é sagrado”.
in
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