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sábado, 23 de novembro de 2013

Era baptista… E vigilante num museu de arte católico: ali saltou a chispa da sua conversão

Os 3 conselhos para a devoção de um recém-convertido 

Sam Guzman.
Actualizado 19 de Novembro de 2013

Carmelo López-Arias / ReL

Numa das entradas do seu blogue, Catholic Gentleman [Cavalheiro Católico], Sam Guzman oferece alguns bons conselhos para a simplicidade na devoção.

Conta que, quando se converteu ao catolicismo, sentiu-se "inundado" pela quantidade de devoções que praticavam os católicos: as cinco chagas, o escapulário, a coroa da Divina Misericórdia, a Santa Face, o Oficio da Virgem Maria, o rosário, o Sagrado Coração, as sete dores da Virgem...

"Este tesouro de devoções é uma das coisas mais formosas do catolicismo. Como zeloso convertido, comecei a carregar-me a mim mesmo com tantas devoções como fora possível: a mais devoções, mais graças, não? Mas em vez de crescer em santidade, encontrei-me frustrado e queimado", confessa.

Melhor pouco e bom...
Afinal compreendeu que a sobrecarga é contraproducente, porque "a natureza humana se distrai com facilidade e podemos facilmente converter em mecânica a nossa vida de oração. Se fazemos demasiadas coisas, centramo-nos mais no procedimento da prática da devoção que no objecto da devoção, que é a intimidade com Deus e a união com Ele", explica com bom critério: "Sentimo-nos santos porque fazemos coisas, mas fazer coisas não substitui o verdadeiro amor de Deus".

Por isso decidiu praticar menos devoções, mas praticá-las melhor, recordando que, por exemplo, alguns pais do deserto só rezavam um ou dois salmos (como o "Oh, Deus vem livrar-me, / Javé, corre em minha ajuda", Sal 70, 2) ou alguma invocação simples ("Senhor Jesus, tem piedade de mim, porque sou um pecador") em toda a sua vida.

Três bons conselhos
Assim Guzman, ainda que convertido há só ano e meio, dá três bons conselhos que a ele lhe foram bem.

1. Escolhe uma devoção que te funcione. "Experimenta, prova, Nosso Senhor te guiará até à que mais te convença. Pratica a que mais te ajude".

2. Persevera. "A devoção que tenhas escolhido, pratica-a com disciplina militar. Nunca a abandones por nenhuma razão. A perseverança é a única forma de que as devoções rendam fruto na tua vida".

3. Fá-la bem. "Em qualquer devoção que pratiques, tenta rezar sinceramente e desde o coração. Nunca o faças mecanicamente nem te distraias. A todos nos custa lutar com as distracções e com a preguiça, mas não podemos render-nos nessa luta".

"E recorda, todas as devoções são meios até um fim, a devoção e o amor. Se uma devoção te afasta dele em vez de aproximar-te, tenta outra", resume.

Baptista anticatólico
Tão sensatos conselhos, próprios de um mestre na vida espiritual, provêm de um jovem director de comunicação de Provida no Wisconsin (Estados Unidos), casado e pai de dois filhos e - gosta que as fotos o evidenciem - fumador de cachimbo, que apenas leva ano e meio baptizado como católico.

A história da sua conversão não contém elementos extraordinários, mas sim é uma mostra clara da tensão que produz a muitos protestantes o estudo do cristianismo primitivo.

Segundo contou em Julho a The Badger Catholic, era baptista e assistia a uma universidade fundamentalista e virulentamente anticatólica, mas que tinha um museu onde trabalhava como vigilante e onde, apesar dos prejuízos do centro, tinha uma boa colecção de arte católica.

"Comecei a perceber uma forte desconexão entre a fé que conhecia e a fé da Igreja primitiva. Por acaso Santo Agostinho (meu herói então) teria assistido a uma Victory Independent Fundamental Baptist Church para concluir cada serviço com um sermão? Qual era o culto dos primeiros cristãos? O culto baptista não dava a impressão de parecer-se ao pouco que eu sabia de historia da Igreja. Assim que comecei a aprofundar na história do cristianismo e a ler tanto como pude sobre os Pais da Igreja", num processo muito similar ao de outro jovem convertido, Brantly Millegan ou ao do matrimónio formado por Ken e Alliston, ambos recolhidos no seu dia em ReL.

Ao mesmo tempo que estudava, Sam enamorava-se das peças católicas do museu, datadas entre os séculos II e XIX, e aprendendo-se de memória as suas inscrições em latim, entre elas o Ave-maria.

A tentação anglicana
"Apesar de tudo, sentia-me distante dos seus autores, que obviamente tinham uma fé poderosa, mas que, segundo eu acreditava, não eram verdadeiros cristãos. Que acreditavam realmente, e porquê?", recorda Guzman.

As suas investigações levaram-no a compreender "a beleza, profundidade e riqueza do cristianismo histórico", e a dar-se conta de que "o cristianismo protestante que eu conhecia estava perdendo algo essencial, e era estranho à fé dos cristãos através das diferentes épocas".

Na sua procura de uma fé com maior tradição histórica, pensou na tradição anglicana, inclusive para ser pastor: "Uma via média entre o catolicismo (no qual nunca pensei) e o protestantismo".

Mas tropeçou com as divisões que caracterizam a Reforma, às quais o anglicanismo (o episcopalismo, nos Estados Unidos) não era estranho, e que até então não lhe tinham importado. Se agora, mais ainda quando começou a estudá-las, e a comprovar que "com a ruptura com Roma tinha começado o caos".

A Igreja de Cristo é a Igreja católica
Dedicou três anos a esse estudo, tanto de teologia como de história da Igreja, no seu tempo livre, até que se graduou: "Vacilava entre a repulsão e a atracção, entre a fascinação e o sentir-me incómodo".

"Depois de muita luta interna e muita confusão, cheguei à conclusão de que a Igreja católica era a única e verdadeira Igreja que Jesus tinha fundado no ano 33. Ela era o corpo de Cristo, e se eu queria ser fiel a Jesus, tinha que ser católico. Decidi converter-me em meados de 2011, e fui confirmado na Páscoa de 2012", conclui... Ainda que acrescente que "esta é a versão curta" e que talvez reflicta num futuro livro tudo o que reflectiu durante essa época da sua vida.


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