Na videomensagem enviada aos participantes do terceiro festival de Doutrina Social, papa Francisco convida a reavaliar o cooperativismo católico
Roma, 22 de Novembro de 2013
A esfera e o poliedro: com esta metáfora "geométrica" o Papa
Francisco começou a sua videomensagem enviada ontem a tarde aos
participantes do terceiro Festival de Doutrina Social em Verona (21-24
de Novembro).
Referindo-se ao tema da manifestação Menos desigualdade, mais diferenças, o Santo Padre disse assim:
“A esfera pode representar a homologação, como uma espécie de
globalização: é lisa, sem facetas, igual a si mesma em todos os lados. O
poliedro tem uma forma semelhante à esfera, mas é composto de muitas
faces".
A humanidade é, portanto, concebível "como um poliedro, no qual as
formas múltiplas, expressando -se, constituem os elementos que compõem,
na pluralidade, a única família humana”: em torno a esta realidade é
possível a “verdadeira globalização” como uma alternativa a uma
globalização que é somente “homologação”.
Sempre no reconhecimento das diferenças, o Papa Francisco fez uma
segunda reflexão “aos jovens e aos anciãos”, hoje considerados
“descartáveis porque não respondem às lógicas produtivas em uma visão
funcionalista da sociedade”, nem “a algum critério útil de
investimento”.
Na economia de mercado, jovens e anciãos, observou o Papa, são
considerados “passivos” em quanto que “não são sujeitos de produção”,
quando na verdade essas duas categorias são “o futuro de um povo”.
Enquanto os jovens são "a força para seguir adiante”, os anciãos são
“a memória de um povo” e a “sabedoria”: sem eles “não pode haver
verdadeiro desenvolvimento".
Com a percentagem de jovens desempregados que em alguns países chegam
a 40%, estamos diante de uma "hipoteca de um futuro", que se não for
resolvido logo, corre o risco de tornar-se "um futuro muito fraco ou um
não futuro".
Falando da Doutrina Social da Igreja, o Papa Francisco definiu-a como
uma “orientação fruto de reflexão e de operativa virtuosa”, útil para
“não perder-se”, para “orientar as pessoas” e para “conservá-las
livres”.
"É preciso coragem - continuou ele - um pensamento e o poder da fé
para ficar dentro do mercado, para estar dentro do mercado, guiados por
uma consciência que coloca no centro a dignidade da pessoa, não o ídolo
dinheiro”.
A Doutrina Social, ainda que de não simples e imediata aplicação,
“quando é vivida gera esperança"; ela contém em si “uma mística” que,
aparentemente, parece levar “fora do mercado” mas, ao contrário, “levar
pelo contrário grande lucro, porque é capaz de criar desenvolvimento
justamente em quanto – na sua visão global - exige que se cuide dos
desempregados , das fragilidades, das injustiças sociais e não está
sujeita às distorções de uma visão economicista”.
Para a economia e o mercado a palavra "solidariedade" , é "quase um
palavrão", disse o Papa, ao passo que para a Doutrina Social é uma
"palavra-chave". É precisamente a Doutrina Social, de fato, a rejeitar a
ideia de que “os úteis sejam de quem produz e a questão social seja
deixada para o Estado ou para as ações de assistência e de
voluntariado”.
Outro elemento importante é a "cooperação”, útil para garantir a
pluralidade de presenças entre os empregadores” mas também para
“garantir o trabalho”. Objecto de “incompreensões também a nível
europeu”, a cooperação é também considerada pelo Papa como um factor sem o
qual se chega a um “empobrecimento que deixa lugar às homologações e
não promove as diferenças e a identidade”.
O Santo Padre desejou portanto a “todos aqueles que estão
comprometidos e são actores de reformas cooperativistas, que mantenham
viva a memória das suas origens”.
O cooperativismo católico pode levar a “novas formas de Welfare” e,
na linha da Rerum Novarum, testemunha “a força da fé, que hoje como
então é capaz de inspirar acções concretas para responder às necessidades
da nossa gente”, concluiu o Papa Francisco.
in
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