Referendo deste domingo pergunta se a constituição deve passar a definir o casamento como "união entre homem e mulher". 68% dos eleitores são a favor
Roma, 28 de Novembro de 2013
As pesquisas apontam vitória esmagadora dos eleitores que
querem introduzir na constituição da Croácia a definição do casamento
como "união de vida entre um homem e uma mulher". O referendo acontece
domingo, 1º de dezembro, e tem o objectivo de neutralizar qualquer
tentativa de legalizar no país formas de casamento que não sejam o
casamento natural.
A mobilização dos cidadãos da Croácia começou na primavera passada, quando associações católicas se uniram no movimento U Ime Obitelji (Em Nome da Família) e lançaram um abaixo-assinado pedindo a realização do referendo.
O resultado foi impressionante. As 375 mil assinaturas (10% do
eleitorado) exigidas por lei para validar a iniciativa popular foram
conseguidas em uma semana. Em total, o abaixo-assinado levantou 710 mil
assinaturas, equivalentes a mais de 16% da população croata, formada por
4,2 milhões de pessoas.
O mérito do enorme sucesso pode ser atribuído aos muitos voluntários
que, num curto espaço de tempo, organizaram mais de 2.000 pontos de colecta de assinaturas em todo o país. Os cidadãos puderam assinar não só
nas igrejas, capelas e conventos, mas em muitos locais públicos como
universidades, praças e mercados.
A iniciativa contou com o apoio explícito da Conferência Episcopal da
Croácia. Mas não apenas. Em defesa da lei natural, formou-se um
verdadeiro fronte interconfessional, com representantes da Igreja
Ortodoxa, da comunidade muçulmana e de outras denominações cristãs que
apoiam os objectivos do referendo.
Minoritária, mas às vezes muito feroz, foi a oposição. Os voluntários
relatam ter sofrido várias agressões por parte de membros das
comunidades homossexuais. O governo e os partidos políticos da maioria
(de centro-esquerda) não pronunciaram uma única palavra para condenar
esses gestos de violência.
Aliás, a crítica mais pesada contra o governo croata é justamente a
de tentar obstruir o sucesso da iniciativa. O mínimo de assinaturas
exigidas por lei foi subitamente elevado para 450 mil já nos primeiros
dias da mobilização. Quando os organizadores anunciaram ter conseguido
meio milhão de assinaturas, o governo ainda impôs que o parlamento
discutisse a possibilidade do referendo, o que contrariava o parecer do
Tribunal Constitucional. Contando com a maioria no parlamento croata,
ficava evidente que os esforços do governo estavam direccionados a
impedir o sucesso da iniciativa popular.
Independentemente das decisões que vierem a ser tomadas, a livre
expressão dos cidadãos sobre a questão da família não poderá ser
impedida. O site do U Ime Obitelji afirma: "Os cidadãos croatas
estão absolutamente convencidos da importância do seu voto neste
domingo, 1º de dezembro, para confirmar a visão do casamento como a
união de um homem e de uma mulher durante toda a vida; para confirmar
que querem defender esta comunidade e os seus direitos, e com eles a
constituição croata; para confirmar que estão cansados, cansados de
ouvir a mesma mentira, cansados deste terror de uma minoria contra a
maioria".
Uma pesquisa publicada nesta semana confirma os prognósticos da
associação organizadora da iniciativa: 68 % dos entrevistados afirma que
votará a favor da introdução da definição de casamento como a união
entre homem e mulher. 27% deverão votar contra e 5% se dizem indecisos.
Será o terceiro referendo na história desta jovem nação europeia. O
primeiro abordou justamente a sua independência, em 1991. No ano
passado, o eleitorado foi chamado a se manifestar sobre a entrada do
país na União Europeia. Desta vez não há quórum nem previsão de aplauso
da maioria daqueles que, no resto da Europa, comemoraram os resultados
dos dois referendos anteriores.
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