Superiora provincial da congregação das Filhas de Jesus na região Índico-Pacífico relata como elas viveram em primeira pessoa os dias do tufão
Roma, 21 de Novembro de 2013
Nas Filipinas, há 15 comunidades da congregação das Filhas
de Jesus, cuja dedicação apostólica é voltada ao contexto e à realidade
concreta de cada uma: colégios, casa de exercícios espirituais, presença
nas áreas rurais e semi-urbanas, etc. Actualmente, a tarefa de todas
elas está focada em uma mesma missão: dar assistência às vítimas do
tufão que assolou vastas regiões do país.
Georgita Hormillosa, superiora provincial da congregação na região
Índico-Pacífico, relatou a ZENIT como elas viveram em primeira pessoa os
dias do tufão e como estão vivendo agora o período de recuperação e os
esforços do país para voltar à normalidade.
As Filhas de Jesus na região de Panay fizeram imediatamente uma
campanha para levantar os primeiros recursos: comida, roupa e água. A
FASFI, fundação solidária das Filhas de Jesus, também respondeu com
agilidade. "Foi uma mobilização de pessoas e de recursos em parceria com
a Igreja local, com os nossos colégios e com outras comunidades
religiosas do país. Até agora estamos nas operações de assistência às
vítimas", conta a religiosa.
“Em todo o país, a associação de superiores e superioras religiosas
das Filipinas, junto com os organismos eclesiais, principalmente a
Cáritas, e vários organismos civis, está participando do programa de
recuperação e de ajuda psicológica às vítimas. Milhares e milhares de
famílias não têm mais casa e nós esperamos que o governo faça o possível
para aliviar um pouco o sofrimento delas".
Da perspectiva da fé, a irmã Georgita afirma: "Eu posso dizer que, em
geral, não falta esperança no povo filipino. A luta interior para
viver, não só para sobreviver, é bem forte. A solidariedade entre as
famílias vítimas do tufão é admirável. As nossas comunidades estão nessa
luta. É uma grande oportunidade para pôr em prática o que a
determinação da nossa última Congregação Geral nos pede: buscar mais o
bem do próximo” .
Conta a irmã que "no dia 6 de Novembro, eu estava na cidade de
Estancia, visitando a comunidade, quando chegou o aviso pela televisão
de que todas as províncias de Panay estavam em alerta 4, e o máximo é o
alerta 5, por causa do supertufão Yolanda [este foi o nome dado no país;
o nome dado internacionalmente ao tufão é Haiyan; ndr], com a instrução
de ficar longe das praias. Como filipinos, nós estamos acostumados com
os tufões [este ano houve 25 no país, ndr], mas ninguém podia pensar na
ferocidade deste. O presidente do país tinha falado na televisão sobre
as possíveis consequência de um supertufão, mas a reacção foi de cuidado,
normalidade, sem ansiedade".
Ela prossegue: "No dia 7, começou uma chuva normal, mas com algumas
mudanças no ambiente. Foi até o dia seguinte: chuvas intermitentes com
rajadas de vento. Estávamos todas na frente da televisão, acompanhando
as notícias, e a tarde ainda passou normal, até que acabou a luz e nós
percebemos que a força do vento e da chuva estava aumentando, durante
toda a noite".
A religiosa conta que as irmãs ouviram pelo rádio a hora exacta da
passagem do tufão por Panay: às duas da tarde do dia 9, com uma
trajetória que açoitaria a parte norte da região: Estancia estava directamente na rota. "Com essa notícia, eu decidi ir para Maasin, que
era a próxima comunidade que eu tinha que visitar, e partimos às 5h30 da
manhã. As irmãs que me levaram até Maasin, a três horas de viagem, não
podiam voltar para Estancia e dormiram em Iloilo".
O tufão passou por Maasin sem o mesmo grau de violência sentido em
Estancia. Houve rajadas de até 120 km/h. "Imaginem o medo quando as
estruturas começaram a cair, voar, se arrebentar... As primeiras reacções
depois do tufão foram de incredulidade, desespero, confusão, medo...
Muita gente entrou em estado de choque, era muito difícil compreender o
que estava acontecendo".
A destruição em Panay, especialmente na parte norte, é vasta. "Não se
sabe quando a situação vai se normalizar, quando a vida normal das
pessoas vai ser retomada. No caso do nosso colégio Santa Cândida, de
Estancia, a reconstrução vai até o fim do ano, esperando que as aulas
retomem o ritmo em Janeiro", explica a provincial.
A congregação das Filhas de Jesus chegou às Filipinas em 1932, na
primeira fundação na ilha de Panay. Panay é formada por quatro
províncias: Iloilo, Capiz, Antique e Aklan.
As primeiras irmãs viveram no povoado de Pototan, província de
Iloilo, e, mais tarde, fundaram o Colégio da Imaculada Conceição.
Priorizando os povoados mais necessitados de escolas, a congregação
fundou depois outros colégios na região de Panay: em Iloilo, Guimaras,
Maasin e Estancia.
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