Actualizado 22 de Novembro de 2013
P. J. Ginés/ReL
P. J. Ginés/ReL
Lewis e Tolkien foram amigos muitos anos, liam-se e comentavam os seus textos um ao outro |
Um 22 de Novembro, há exactamente 50 anos, morria o britânico C. S. Lewis, provavelmente um dos autores cristãos mais influentes do último século.
A sua saga de contos fantásticos do mundo de Narnia vendeu mais de cem milhões de exemplares, e continuará vendendo-se cada geração: as crianças do século XXI devoram-nos como os dos anos 50, ainda que não entendam algumas peculiares alusões.
Com três filmes de Narnia já estreados e um quarto em marcha (A Cadeira de Prata, talvez a melhor das novelas), Lewis não baixará da sua categoria de clássico.
Além disso, é difícil exagerar a importância dos seus livros de apologética e de divulgação fundamentada da fé cristã, com o seu imprescindível "Mero Cristianismo", à cabeça, um livro que foi a causa de inumeráveis conversões e reforçou a fé razoável de muitas pessoas.
A ligação Tolkien
Mas se Lewis é cristão, e se as suas novelas chegaram a ser filmes, é porque o seu amigo J.R.R. Tolkien o foi antes que ele, e porque as novelas de O Senhor dos Anéis (na realidade, uma única obra dividida em três partes por razões editoriais) triunfaram antes no cinema.
Ainda que no caso dos livros foi ao contrário: Lewis era famoso quando recomendou e difundiu O Senhor dos Anéis de Tolkien. Há que assinalar, pelo contrário, que Tolkien não gostava do ciclo de Narnia por usar demasiado a alegoria ou ser demasiado explicitamente cristão, ou por certos tons infantis que Tolkien desaprovava.
De ateu a cristão... Um longo caminho
Lewis nasceu numa família protestante pouco devota da Irlanda do Norte, criou-se sem mãe e com um pai ausente e afastado; na sua adolescência rejeitou o cristianismo, enamorou-se dos mitos e lendas e declarou-se ateu.
Os anos, as leituras e a vida foram refinando a sua visão espiritual das coisas: aceitou um certo agnosticismo, logo um difuso panteísmo, mais adiante admitiu o deísmo... E depois de uma conversa, um largo passeio com J.R.R. Tolkien, falando sobre o valor dos mitos para expressar verdades, muitas ideias foram assentando-se nele...
A sua saga de contos fantásticos do mundo de Narnia vendeu mais de cem milhões de exemplares, e continuará vendendo-se cada geração: as crianças do século XXI devoram-nos como os dos anos 50, ainda que não entendam algumas peculiares alusões.
Com três filmes de Narnia já estreados e um quarto em marcha (A Cadeira de Prata, talvez a melhor das novelas), Lewis não baixará da sua categoria de clássico.
Além disso, é difícil exagerar a importância dos seus livros de apologética e de divulgação fundamentada da fé cristã, com o seu imprescindível "Mero Cristianismo", à cabeça, um livro que foi a causa de inumeráveis conversões e reforçou a fé razoável de muitas pessoas.
A ligação Tolkien
Mas se Lewis é cristão, e se as suas novelas chegaram a ser filmes, é porque o seu amigo J.R.R. Tolkien o foi antes que ele, e porque as novelas de O Senhor dos Anéis (na realidade, uma única obra dividida em três partes por razões editoriais) triunfaram antes no cinema.
Ainda que no caso dos livros foi ao contrário: Lewis era famoso quando recomendou e difundiu O Senhor dos Anéis de Tolkien. Há que assinalar, pelo contrário, que Tolkien não gostava do ciclo de Narnia por usar demasiado a alegoria ou ser demasiado explicitamente cristão, ou por certos tons infantis que Tolkien desaprovava.
De ateu a cristão... Um longo caminho
Lewis nasceu numa família protestante pouco devota da Irlanda do Norte, criou-se sem mãe e com um pai ausente e afastado; na sua adolescência rejeitou o cristianismo, enamorou-se dos mitos e lendas e declarou-se ateu.
Os anos, as leituras e a vida foram refinando a sua visão espiritual das coisas: aceitou um certo agnosticismo, logo um difuso panteísmo, mais adiante admitiu o deísmo... E depois de uma conversa, um largo passeio com J.R.R. Tolkien, falando sobre o valor dos mitos para expressar verdades, muitas ideias foram assentando-se nele...
Pouco depois, viajando de acompanhante no sidecar de uma moto, deu-se conta de que acreditava e aceitava Jesus Cristo como Senhor e Salvador. Mas não se fez católico como Tolkien: teria sido demasiado para um norte-irlandês de origem protestante!
Foi anglicano toda a sua vida, ainda que o seu secretário, Walter Hooper, que depois da sua morte se faria católico, tenha declarado em várias ocasiões que com mais algum provavelmente se teria feito católico.
Graça e sementes de fé
É quase seguro que para a fé cristã, e para o catolicismo, Tolkien resultou ainda mais influente e decisivo que Lewis, apesar de que não escreveu apologética nem livros de teologia.
Mas a sua literatura fantástica colocou sementes de heroísmo e do conceito "graça" em terrenos muito pedregosos e afastados da fé e a vivência cristã.
Sociologicamente falta demonstrá-lo com estudos e sondagens, mas parece evidente que Tolkien e Lewis trabalham como uma equipa depois de mortos: a obra de um costuma levar à obra de outro, e complementá-la.
Histórias que crescem com a vida do leitor
São livros que não caducam: dizem uma coisa aos 20 anos, outra aos 40, outra aos 60, sempre relevante e sempre viva.
E não passam de moda como outros autores dos anos 40, 50 ou 60, que na sua época eram famosos e hoje ninguém recorda fora de círculos eruditos, círculos que pelo geral despreciaram Lewis, Tolkien e as "suas fantasias".
As coisas mudaram: as crianças que se apaixonaram com Narnia e a Terra Média hoje são professores universitários, académicos, cineastas ou artistas. Tolkien, Lewis e o seu grupo literário de amigos, os Inklings, tem forte presença hoje na universidade.
Um exemplo é o congresso que reúne na Universidade São Paulo CEU de Madrid (www.uspceu.com) especialistas de todo o mundo para reflectir em torno destes autores e a sua influência no fim-de-semana de 24 e 25 de Fevereiro, com o título de Congresso Internacional ‘J.R.R. Tolkien e C.S. Lewis. Literatura fantástica: recreação e realismo’. A iniciativa toma pé nas duas efemérides que se cumprem durante 2013: o 40º aniversário da morte de Tolkien e o 50º da de C.S. Lewis.
Entre os especialistas que intervirão, destaca-se a participação do investigador de St. Benet´s Hall de Oxford University e Ex-presidente da Oxford University C.S. Lewis Society, Jason Lepojärvi; o investigador de Blackfriars Hall de Oxford University, Michael Ward; o Ex-vice-presidente da Sociedade Tolkien Espanhola, Josu Gómez; o professor da Universidade CEU São Paulo, Alejandro Rodríguez de la Peña; o investigador de St. Benet´s Hall de Oxford University, Stratford Caldecott; ou o escritor, jornalista e editor, Colin Duriez.
Foi anglicano toda a sua vida, ainda que o seu secretário, Walter Hooper, que depois da sua morte se faria católico, tenha declarado em várias ocasiões que com mais algum provavelmente se teria feito católico.
Graça e sementes de fé
É quase seguro que para a fé cristã, e para o catolicismo, Tolkien resultou ainda mais influente e decisivo que Lewis, apesar de que não escreveu apologética nem livros de teologia.
Mas a sua literatura fantástica colocou sementes de heroísmo e do conceito "graça" em terrenos muito pedregosos e afastados da fé e a vivência cristã.
Sociologicamente falta demonstrá-lo com estudos e sondagens, mas parece evidente que Tolkien e Lewis trabalham como uma equipa depois de mortos: a obra de um costuma levar à obra de outro, e complementá-la.
Histórias que crescem com a vida do leitor
São livros que não caducam: dizem uma coisa aos 20 anos, outra aos 40, outra aos 60, sempre relevante e sempre viva.
E não passam de moda como outros autores dos anos 40, 50 ou 60, que na sua época eram famosos e hoje ninguém recorda fora de círculos eruditos, círculos que pelo geral despreciaram Lewis, Tolkien e as "suas fantasias".
As coisas mudaram: as crianças que se apaixonaram com Narnia e a Terra Média hoje são professores universitários, académicos, cineastas ou artistas. Tolkien, Lewis e o seu grupo literário de amigos, os Inklings, tem forte presença hoje na universidade.
Um exemplo é o congresso que reúne na Universidade São Paulo CEU de Madrid (www.uspceu.com) especialistas de todo o mundo para reflectir em torno destes autores e a sua influência no fim-de-semana de 24 e 25 de Fevereiro, com o título de Congresso Internacional ‘J.R.R. Tolkien e C.S. Lewis. Literatura fantástica: recreação e realismo’. A iniciativa toma pé nas duas efemérides que se cumprem durante 2013: o 40º aniversário da morte de Tolkien e o 50º da de C.S. Lewis.
Entre os especialistas que intervirão, destaca-se a participação do investigador de St. Benet´s Hall de Oxford University e Ex-presidente da Oxford University C.S. Lewis Society, Jason Lepojärvi; o investigador de Blackfriars Hall de Oxford University, Michael Ward; o Ex-vice-presidente da Sociedade Tolkien Espanhola, Josu Gómez; o professor da Universidade CEU São Paulo, Alejandro Rodríguez de la Peña; o investigador de St. Benet´s Hall de Oxford University, Stratford Caldecott; ou o escritor, jornalista e editor, Colin Duriez.
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